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Viagens e expedições científicas: o projeto luso-brasileiro
Cláudia B. Heynemann
Doutora em História Social - UFRJ
Editora do sítio
O Arquivo Nacional e a História Luso-BrasileiraAnil, pássaros, andiroba e maracujá, plantas vivas, sementes, quadrúpedes, plantas secas em herbários. Produtos naturais ou da história natural foram objeto de naturalistas que de todo o Império ultramarino enviaram ao reino remessas preparadas para gabinetes e jardins. A coleta desses itens se deu por vezes em capitanias específicas, resultado de pequenas incursões nas vizinhanças; mas a viagem filosófica, além dos resultados almejados, era em si mesma um procedimento a se realizar, iniciativa acalentada no século das viagens científicas, do inventário da natureza.
A viagem filosófica – assim denominada porque filosofia e ciência coincidiriam como manifesto da Razão –, idealizada aqui por Domenico Vandelli, se prolonga em desenhos, catálogos, descrições, talvez em artefatos, vestígios das coleções então formadas. O mais notável viajante luso-brasileiro é Alexandre Rodrigues Ferreira `1`, cujo itinerário se espalha por publicações contemporâneas, pranchas originais, manuscritos, catálogos, inventários, em arquivos e coleções diversos.
No Arquivo Nacional, a viagem do naturalista baiano pelas capitanias de Mato Grosso e Rio Negro se faz pela correspondência travada entre as autoridades metropolitanas, um acompanhamento em paralelo às anotações e ao diário (obrigatórios para qualquer naturalista) e que ia reportando providências, descrevendo caixotes embarcados, recursos, pagamentos, identificando membros das missões. Tarefa enumerativa e extensiva que atendia às demandas administrativas, mas que também se realiza a exemplo dos pressupostos da história natural de realizar o catálogo mais abrangente possível. Esse olhar acompanha ao mesmo tempo as incumbências do franciscano José Mariano da Conceição Veloso pelo Rio de Janeiro, além de resultados de expedições empreendidas no interior da colônia.
Como evento fundador da época moderna no setecentos, as viagens ao Novo Mundo partem de outras premissas, produzindo conhecimento em escalas diferentes, o que em si mesmo viria a descrever a trajetória da viagem. Dos membros da expedição aos cientistas em seus gabinetes, coincidam ou não as personagens, seus registros são herbários, animais empalhados, desenhos, memórias, correspondência, diários. Importa pensar assim, diante dos documentos que tratam da movimentação dos naturalistas luso-brasileiros, o sentido da informação que se constitui com a viagem. A distância a ser superada pelo deslocamento é também ultrapassada pela transformação da matéria em forma, sendo essa a primeira operação muito concreta que “leva do mundo à inscrição”, como propõe Bruno Latour para pensar bibliotecas, laboratórios, coleções. A partir das tarefas dos naturalistas-viajantes,"Os papagaios permanecerão na ilha com seu canto; levar-se-á o desenho de sua plumagem, acompanhado de um relato, de um espécime empalhado e de um casal vivo, que se tentará domesticar para o viveiro real. A biblioteca, o gabinete, a coleção, o jardim botânico e o viveiro se enriquecerão com isso sem, no entanto, se entulhar com todos os traços que não teriam pertinência (...). Em função do progresso das ciências, da frequência das viagens, da fidelidade dos desenhistas, da amplitude das taxionomias, do tamanho das coleções, da riqueza dos colecionadores, da potência dos instrumentos poder-se-á retirar mais ou menos matéria e carregar com mais ou menos informações veículos de maior ou menor confiabilidade [2]."
O que se extrai então são animais vivos e sua classificação; desenhos, amostras, coleções, a incorporação à paisagem dos jardins, a integração de espécimes a novos espaços e climas, o próprio ritmo e extensão das viagens que tornam apreensível na escala de conhecimento dos catálogos esse mundo distante do centro. E o que se escreve em livros e nos arquivos das secretarias, ministérios, governos das capitanias, funcionários que vão se transformando em agentes desse empreendimento.
Os arquivos e livros da viagem multiplicam-se, portanto, dos itens transportados às relações que os acompanham e às cartas que informam sobre todos esses procedimentos e hoje formam parte importante da viagem. Um dos mais extraordinários códices a serem mencionados é o que traz a correspondência original dos governadores do Pará com a Corte, em 24 volumes, e traça o itinerário da viagem de Alexandre Rodrigues Ferreira por meio das remessas, listas, providências e ordens, entre o ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos, Martinho de Melo e Castro, e Martinho de Sousa e Albuquerque, governador do Pará, na qual se confirma o envio de caixotes de anil para Lisboa e a chegada do desenhador José Joaquim Freire para compor a expedição do naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira, solicitando, ainda, canoas, índios e mantimentos para a dita expedição [3]. Encontra-se, no mesmo volume, a Relação das plantas vivas e animais, remetidos do Pará para o Real Gabinete de História Natural da Ajuda, pelo capitão Luiz Pereira da Cunha na charrua Águia. A relação é acompanhada de informações como o uso que se faz das plantas pelos habitantes da região [4].
Cartas dão notícia das providências tomadas para a viagem de Alexandre Rodrigues e falam também de componentes importantes da viagem ilustrada. A presença de riscadores, a confecção de listas e o uso diferenciado que se fazia das plantas selecionadas e enviadas para o Gabinete d’Ajuda são recorrentes no campo da história natural em sua interseção com o processo das viagens no setecentos. Por que se viaja no setecentos e, sobretudo, como se viaja, que sentido têm esses grandes deslocamentos físicos e das ideias são perguntas que começam a ser respondidas pela existência de alguns gêneros característicos: um deles é formado pelas instruções aos viajantes. Esses documentos, muito comuns, tinham como objetivo indicar os procedimentos a serem adotados pelos naturalistas. Tratava-se de saber ver e reconhecer naquela paisagem os indivíduos ou espécimes a serem coletados, descritos, classificados, entre outras etapas. Cada tarefa tinha sua relevância, considerando-se, inclusive o diário, para que em caso de desaparecimento do viajante sua empresa não perdesse o sentido e pudesse ser continuada.
Os diversos modos de extrair da viagem os seus indícios ou informações se realizavam em desenhos, herbários de plantas secas, animais conservados em álcool, sementes em verniz, areia, caixinhas e vidros. A técnica de taxidermia seria adotada após a expedição, mas animais e plantas também eram transportados vivos por mar. Aves e mamíferos, alguns de grande porte, formaram o tesouro das viagens, e deram origem a uma metodologia para a longa permanência em gaiolas, como as duas cobras, uma delas viva, que foram mandadas da vila de Barcelos por Alexandre Rodrigues, conforme a correspondência do governador do Pará, Martinho de Sousa e Albuquerque, ao ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos, Martinho de Melo e Castro, de janeiro de 1787 [5].
A correspondência que cerca as viagens filosóficas, as expedições pelo território para coleta e as missões de demarcação é parte da empresa como um todo, de uma escrita, um dos capítulos da literatura e da cartografia desse movimento que se faz em tantas direções: para o gabinete, a lista, o diário, herbário, jardim, livros, arquivos. Assim, em Barcelos, de onde se remetem as inúmeras encomendas e observações, o naturalista trava contato com obras que ainda desconhecia, entre aquelas que formam sua biblioteca de viagem, confronto entre indício e experiência, entre a viagem de que se ouve falar e aquela que se vê. E é somente na vila de Barcelos que ele tem contato com o livro de Charles La Condamine e o diário do padre Samuel Fritz, citado pelo naturalista francês, como destaca Ronald Raminelli: Além dos indispensáveis instrumentos de trabalho, Ferreira contava com uma biblioteca para se lançar sobre os sertões do Brasil. Trouxe consigo obras sobre plantas e animais escritas por Jean Baptiste Aublet, Margrave e Piso, Carl Lineu, Valerio, Antoine Baumé e Giovanni Antonio Scopoli, estudos nem sempre adequados à realidade amazônica [6].O diário de Ferreira, que conhecemos como Viagem filosófica pelas capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá, foi redigido para envio à Secretaria de Estado da Marinha e Negócios Ultramarinos por intermédio do governador da província do Rio Negro, João Pereira Caldas [7]. Memórias ou participações produzidas em sua longa expedição formaram edições sobre a viagem, divididas em memórias de zoologia e botânica ou de antropologia.
O outro diário que segue o naturalista, está em cartas como a de janeiro de 1787, que o governador do Pará, Martinho de Sousa e Albuquerque escreve a Martinho de Melo e Castro, comunicando o envio de cartas da capitania do Rio Negro encaminhadas pelo capitão João Pereira Caldas através do navio Maranhão, assim como caixotes de anil, produtos naturais e mais cartas enviadas pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira pela charrua Águia e Coração de Jesus. No dia 31 do mesmo mês, outra correspondência do governador do Pará avisa sobre a remessa de anil do Rio Negro, além de dois sacos com cartas enviadas por Caldas ao ministro Melo e Castro [8].
A viagem que a correspondência engendra é indicativa dos materiais e métodos empregados na conservação e acondicionamento dos espécimes enviados à metrópole, à variedade de produtos requeridos para museus e gabinetes de história natural e jardins. Remetidos do Pará para o Real Gabinete de História Natural da Ajuda pelo capitão Luis Pereira da Cunha, iam raízes, conchas, animais conservados em aguardente e enfeites de penas usados pelos gentios como ornamentação para guerra [9]. Estamos, assim, diante de um processo identificado por Ângela Domingues cuja conclusão é que, Consequentemente, não foram só os naturalistas ou os engenheiros cartógrafos e os matemáticos a fazer essas remessas. O material que, na segunda metade do Setecentos, veio enriquecer as coleções do Real Gabinete e Jardim Botânico da Ajuda, do museu particular da rainha ou da Academia das Ciências não foi apenas o recolhido durante as viagens científicas ao reino ou às colônias ou, ainda, as aquarelas da Amazônia dos desenhistas Joaquim José Codina e José Joaquim Freire, que acompanharam Rodrigues Ferreira na sua viagem, ou os herbários do jardineiro-botânico Agostinho Joaquim do Cabo, igualmente participante na mesma expedição.
Foram, também, as remessas enviadas pelo vice-rei do Brasil, d. Luís de Vasconcelos e Sousa, e pelos governadores e capitães-generais de Minas Gerais, Cuiabá, Piauí, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Goiás, Pará, Rio Negro ou, ainda, por Francisco da Cunha de Meneses, governador da Índia, e d. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho, durante o período em que administrou Angola, e por tantos outros que se interessaram pelas produções naturais e curiosidades científicas nos diferentes pontos do Império [10].A correspondência apresenta além dos rumos da viagem e da sua realização em diversas instâncias, reunindo inscrições, como definiu Bruno Latour, personagens e formações reveladoras das gerações de ilustrados que passam por Coimbra ou Montpellier, frequentam as academias científicas, alimentam a produção memorialística e ocupam altos postos na burocracia colonial ou são por ela distinguidos, como o frei José Mariano da Conceição Veloso (1742-1811). O franciscano, professor de retórica e naturalista, empreendeu a exploração dos matos da capitania do Rio de Janeiro, formou coleções de história natural, além de ser autor da Flora fluminensis, diretor da Tipografia do Arco do Cego em Lisboa. Tal como Rodrigues Ferreira, o religioso foi um dos “alunos de Vandelli”, referência ao químico e naturalista de Pádua que em Portugal dirigiu o museu e gabinete da Ajuda. Habilidoso, acompanhado de riscadores, Veloso destacou-se durante o governo do vice-rei Luís de Vasconcellos e obteve o reconhecimento do ministro ilustrado d. Rodrigo de Sousa Coutinho, da Marinha e Domínios Ultramarinos.
É copiosa a documentação acerca das atividades de Veloso no acervo do Arquivo Nacional. Um diário de sua movimentação pela capitania do Rio de Janeiro é uma narrativa da prática colecionista da história natural e ainda do modo como se interveio na paisagem colonial, seja pelos desenhos que a representaram ou pela caça a mamíferos, pássaros, répteis, entre outros. Em portaria de fevereiro de 1788, o desembargador provedor da Real Fazenda é encarregado de entregar a um tenente do regimento de artilharia um barril de pólvora fina e 128 latas de chumbo para se repartir entre os diferentes homens encarregados de matar pássaros para a história natural [11]. O permanente interesse pelos pássaros, dos “antigos” que os chamavam voláteis aos da época moderna, foi atestado em coleções, viveiros e tratados de ornitologia como os de Buffon e do próprio frei Veloso `12`, sendo ainda objeto de adorno conforme sua raridade, canto, cor e atributos cada vez mais especiais, à medida que avançam as remessas das colônias à metrópole.
Enquanto o frei segue pelos limites da capitania do Rio de Janeiro, como a vila de Parati, a administração paga por panos, lápis, sebo, latas de cera, utensílios variados que fazem parte do arsenal da viagem, necessários à preparação de coleções e ao trabalho dos riscadores. Um trabalho artesanal, empírico, vocacionado para uma prática que os amadores também poderiam acumular, um dos poucos casos que enciclopedistas como Diderot admitiam ter lugar junto à história natural, por se tratar de ver de perto, repetidamente, em detalhes [13]. Desenhos e aquarelas somam-se às peças da narrativa de viagem, com o pressuposto de imitação da natureza, desde as grandes composições, como aquelas dedicadas às florestas, à mata densa em que plantas e animais se relacionam entre si e com o ambiente, até as partes secionadas de flores, sementes, plantas.
Outros personagens, entre naturalistas, engenheiros e militares, se destacam no tema das viagens setecentistas e expedições científicas. A década de 1780 de certa forma condensa esses acontecimentos, quer pela proximidade com a reforma da Universidade de Coimbra, pela fundação da Academia de Ciências de Lisboa ou pela assinatura do Tratado de Santo Ildefonso, em 1777, que leva às viagens de exploração com objetivo de demarcar o território após o acordo. Isto foi observado em um clássico estudo de William Joel Simon, especialmente sobre os anos 1779-1780, considerados particularmente profícuos para a reforma do ensino em Portugal. Mas ele assinala que em 1777 apenas dois dos estudantes brasileiros de ciências em Coimbra haviam completado seus estudos; no ano seguinte, Alexandre Rodrigues Ferreira e João da Silva Feijó concluem seus estudos em um período de agitação política, devendo-se lembrar que em 1777 morre d. José I.
Durante esse processo, o químico e naturalista paduano, diretor dos jardins da Ajuda e estabelecimentos científicos anexos, foi o principal gestor da viagem filosófica, mantendo correspondência com o ministro da Marinha e Domínios Ultramarinos, Martinho de Melo e Castro, intermediando, diz Simon, os trâmites entre a Coroa, a universidade e os próprios naturalistas, sem esquecermos o papel desempenhado pela Academia de Ciências [14]. Mas em março de 1783 a chegada dos suprimentos do arsenal real e outras providências cercando Joaquim José da Silva e Manuel Galvão da Silva (assistentes de Alexandre Rodrigues) deram a medida da viagem: não haveria a grande expedição planejada por Vandelli, provavelmente por decisão do ministro Melo e Castro [15].
Nesse sentido, parte da viagem de Alexandre Rodrigues ocorre em paralelo às expedições conduzidas por homens como o astrônomo José de Saldanha e o engenheiro Alexandre Eloy Portelli, que redigem o Diário geral geográfico e topográfico da 1ª subdivisão da demarcação de limites da América Meridional sobre as expedições feitas sobre a margem meridional do rio Piratini e expedição demarcadora das vertentes do Rio Negro, cujo registro se encontra na correspondência entre o vice-reinado e o governador do Rio Grande do Sul em 1787 [16]. Desde o início daquela década as providências necessárias para as medições são registradas nos dois extremos da América portuguesa, na correspondência dos vice-reis com a Corte e com autoridades coloniais, como o documento que traz as conclusões do comissário Francisco João Roscio sobre o plano do governador de Buenos Aires, João Tossem Vertiz, para demarcação de limites entre os domínios portugueses e espanhóis, na região correspondente ao Rio Grande de São Pedro até a capitania de São Paulo [17].
O conjunto das expedições científicas ilustradas situa-se no intervalo 1783-1808, entre as viagens filosóficas – lembramos as de Moçambique (1783-93), chefiada por Manoel Galvão da Silva, e de Angola (1783-1808), liderada por José da Silva –, e inclui as missões de demarcação que se seguiram a Santo Ildefonso (após o Tratado de Madri também tiveram lugar medições das fronteiras). Seguindo o impulso reformista e os pressupostos da ilustração luso-brasileira, o projeto de renovação do pacto colonial impunha de todo modo o conhecimento e o controle do império luso em meio à crise que atravessa o reino:Aliado a esse interesse, não se deve perder de vista que os recentes tratados de limites assinados pelas duas coroas ibéricas exigiam de Portugal a necessária ocupação dos territórios fronteiriços conquistados de Espanha, requisito essencial para a efetiva incorporação destes à América Portuguesa, atendendo ao princípio de uti possidetis, que rezava nos tratados de Madri e de Santo Ildefonso. Este é o caso específico de parte do território amazônico e de toda a aurífica e diamantífera capitania de Mato Grosso e Cuiabá, o território alvo, no qual a expedição filosófica enviada ao interior do Brasil deveria desenvolver seus trabalhos [18].Tal como em meados do século XVIII as comissões formadas por astrônomos, engenheiros e militares foram expedidas para ao norte e ao sul darem prosseguimento aos acordos enquanto a viagem filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira seguia seu curso. Sob esse aspecto, avalia Fabiano Vilaça, “assim como em 1750, comissões foram organizadas no Norte e no Sul para delimitar os marcos de fronteiras. Entretanto, os trabalhos de demarcação se arrastaram pelas últimas décadas do século XVIII, sem chegar a termo” [19].
Travada por cerca de três décadas o que de mais efetivo a correspondência evidencia é a tarefa de recolhimento das inscrições da viagem, esse encurtamento de distâncias e alargamento do mundo, de certa supressão da memória em troca do registro, do exemplar, do diário, do desenho. O acervo do Arquivo Nacional participa aqui de um dos capítulos mais decisivos da história luso-brasileira, quando a partir de uma leitura peculiar da Ilustração e de uma visada totalizante sobre o Brasil enraíza-se a dupla tradição que se afirmaria no oitocentos.
Notas
[1] A viagem filosófica comandada por Alexandre Rodrigues Ferreira percorreu as capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá entre 1783 e 1792.
[2] Bruno Latour, Redes que a razão desconhece: laboratórios, bibliotecas, coleções, in: Christian Jacob, Marc Baratin (dir.), O poder das bibliotecas: a memória dos livros no Ocidente, Rio de Janeiro, Ed. UFRJ, 2000, p. 23-24.
[3] Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte. Belém, Pará, 18 de março de 1788. Arquivo Nacional, Negócios de Portugal, códice 99, volume 9, fls. 25, 25v e 26.
[4] Ibidem, fls. 33, 33v e 34, 22 de março de 1788.
[5] Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte. Belém, Pará, 31 de janeiro de 1787. Arquivo Nacional, Negócios de Portugal, códice 99, volume 8, fls. 40-40v.
[6] Ronald Raminelli, Ciência e colonização: viagem filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira, Tempo, Niterói, RJ, v. 3, n. 6, p. 160, dez. 1998. Disponível em: www.historia.uff.br/tempo/artigos_livres/artg6-10.pdf . Acesso em: 20 out. 2010.
[7] Idem.
[8] Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte. Belém, 20 de janeiro de 1787. Arquivo Nacional, Negócios de Portugal, códice 99, volume 8, 31 de janeiro de 1787, fls. 43-43v.
[9] Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte. Belém, 5 de agosto de 1789. Arquivo Nacional, Negócios de Portugal, códice 99, volume 10, fls. 164-164v.
[10] Ângela Domingues, Para um melhor conhecimento dos domínios coloniais: a constituição de redes de informação no Império português em finais do setecentos, História, Ciências, Saúde, Rio de Janeiro, v. 8, p. 826, 2001, Suplemento.
[11] Vice-reinado. Portarias. Secretaria de Estado do Brasil. Códice 73, volume 17. Rio de Janeiro, 13 de fevereiro de 1788, fl. 159.
[12] José Mariano da Conceição Veloso, frei, Aviário brasílico ou Galeria ornitológica das aves indígenas do Brasil, disposto e descrito segundo o sistema de Carlos Lineu, copiado do natural, e dos melhores autores, precedido de diversas dissertações análogas ao seu melhor conhecimento, acompanhado de outras estranhas ao mesmo continente... Lisboa, Na Oficina da Casa Literária do Arco do Cego, 1800.
[13] Denis Diderot, Da interpretação da natureza, São Paulo, Iluminuras, 1989, p. 46.
[14] W. J. Simon, Scientific expeditions in the Portuguese overseas territories (1783-1808), Lisboa, Instituto de Investigação Tropical, 1983, p. 13.
[15] Ibidem, p. 19.
[16] Vice-reinado. Correspondência com o governador e mais pessoas do Rio Grande do Sul sobre demarcação de limites, etc. Secretaria de Estado do Brasil. Códice 104, volume 10, fls. 52-109. Rio Grande do Sul, 10 de novembro de 1787.
[17] Correspondência da Corte com o vice-reinado. Secretaria de Estado do Brasil. Códice 67, volume 10. Lisboa, 29 de agosto de 1870.
[18] Maria de Fátima Costa, Alexandre Rodrigues Ferreira e a capitania de Mato Grosso: imagens do interior. História, Ciências, Saúde, Rio de Janeiro, v. 8, p. 996, 2001, Suplemento, disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702001000500011&lng=en&nrm=iso>. access on 29 Nov. 2011.
[19] Fabiano Vilaça dos Santos, Limites e fronteiras: o Arquivo Nacional e a história luso-brasileira, disponível em http://anweb/historiacolonial/index.php?option=com_content&view=article&id=3741&Itemid=339. -
Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte.
Notação: códice 99, vol. 05
Datas-limite: 1784-1784
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Viagens científicas e filosóficas
Ementa: Ofício de Martinho de Sousa Albuquerque, governador do Pará, comunicando a Martinho de Mello e Castro, ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos, a partida do coronel Manoel da Gama Lobo e do desenhador Antônio José Landi da cidade do Pará para a vila de Barcelos, em janeiro de 1784
Data do documento: 10 de fevereiro de 1784
Local: Belém do Pará
Folha: 2Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte.
Notação: códice 99, vol. 05
Datas-limite: 1784-1784
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Viagens científicas e filosóficas
Ementa: Ofício enviado por Martinho de Souza e Albuquerque, governador do Pará, informando ao secretário dos Negócios Ultramarinos, Martinho de Mello e Castro, as razões da demora do naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira e seus desenhistas na província do Pará, entre elas as dificuldades enfrentadas na produção do linho-cânhamo, devido a grande quantidade de formigas, assim como o atraso na preparação da canoa que levaria o naturalista ao seu próximo destino.
Data do documento: 23 de março de 1784
Local: Belém do Pará
Folha: 99Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte. Notação: códice 99, vol. 08
Datas-limite: 1787-1787
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Ferreira, Alexandre Rodrigues - naturalista
Ementa: Correspondência do governador do Pará, Martinho de Souza e Albuquerque, endereçada ao secretário de Negócios Ultramarinos, Martinho de Mello e Castro, comunicando o envio de cartas da capitania do Rio Negro encaminhadas pelo capitão João Pereira Caldas através do navio Maranhão, assim como caixotes de anil, produtos naturais e mais cartas enviadas pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira através da charrua Águia e Coração de Jesus.
Data do documento: 20 de janeiro de 1787
Local: Belém do Pará
Folha: 25-25vConjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte.
Notação: códice 99, vol. 08
Datas-limite: 1787-1787
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Ferreira, Alexandre Rodrigues - naturalista
Ementa: Correspondência do governador do Pará, Martinho de Sousa Albuquerque, informando o envio de onze caixões contendo vinte e duas arrobas, oito libras, três quartas, e sete oitavas de anil remetidos do Rio Negro, além de dois sacos com cartas enviadas pelo capitão João Pereira Caldas ao ministro da Marinha e Negócios Ultramarinos, Martinho de Mello e Castro.
Data do documento: 31 de janeiro de 1787
Local: Belém do Pará
Folha:43-43 vConjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte.
Notação: códice 99, vol. 08
Datas-limite: 1787-1787
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Ferreira, Alexandre Rodrigues - naturalista
Ementa: Correspondência do governador do Pará, Martinho de Souza e Albuquerque, informando ao ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos, Martinho de Melo e Castro, o envio de oito caixões, dois barris, e uma frasqueira com produtos naturais, além de uma gaiola com duas cobras, uma delas viva, remetidos da vila de Barcelos pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira. Ressalta ainda que seguiu recomendações do naturalista no acondicionamento dos caixotes que seriam encaminhados ao ministro.
Data do documento: 31 de janeiro de 1787
Local: Belém do Pará
Folha: 40-40vConjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte.
Notação: códice 99, vol. 08
Datas-limite: 1787-1787
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Ferreira, Alexandre Rodrigues - naturalista
Ementa: Correspondência do capitão Luiz Pereira da Cunha endereçada ao secretário dos Negócios Ultramarinos, Martinho de Mello e Castro, informando o envio de três volumes e dois caixões contendo quinze plantas vivas, ao Real Gabinete de História Natural da Ajuda, através da galera Minerva S. Macário.
Data do documento: 4 de abril de 1787.
Local: Belém do Pará
Folha: 73Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte.
Notação: códice 99, vol. 08
Datas-limite: 1787-1787
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Ferreira, Alexandre Rodrigues - naturalista
Ementa: Correspondência do governador do Pará, Martinho de Sousa e Albuquerque, informando a Martinho de Mello e Castro, secretário dos Negócios Ultramarinos, o envio de treze caixotes com anil e pássaros remetidos da capitania do Rio Negro pelo capitão João Pereira Caldas, além de dezesseis caixotes, três frasqueiras, e dois barris com produtos naturais remetidos, também do Rio Negro, pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira, juntamente com uma carta de sua autoria. Comunica, ainda, que aguarda uma segunda remessa da vila de Barcellos com mais dezoito caixões de anil, três caixotes com amostras de madeiras e treze volumes com produtos naturais que serão remetidos no navio Amazona, em razão da lotação da galera Santa Isabel encarregada do transporte da primeira remessa de produtos.
Data do documento: 16 de junho de 1787
Local: Belém do Pará
Folha: 93-93v e 94Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte.
Notação: códice 99, vol. 08
Datas-limite: 1787-1787
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Ferreira, Alexandre Rodrigues - naturalista
Ementa: Relação de plantas, entre estas cacau, café, andiroba e maracujá, além de sementes e frutas, enviadas do Pará para o Real Gabinete de História Natural da Ajuda por Luis Pereira da Cunha, informando a quantidade e características das mesmas, endereçada a Martinho de Mello e Castro, secretário de Estado dos Negócios Ultramarinos.
Data do documento: 13 de agosto de 1787.
Local: Belém do Pará
Folha:144-144v e 145Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte.
Notação: códice 99, vol. 08
Datas-limite: 1787-1787
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Ferreira, Alexandre Rodrigues - naturalista
Ementa: Carta de Martinho de Sousa Albuquerque, governador do Pará, a Martinho de Mello e Castro, ministro da Marinha e Negócios Ultramarinos, informando o envio de plantas remetidas pelo capitão Luiz Pereira da Cunha para o Real Gabinete. Comunica que o transporte será feito em três navios, dividindo a responsabilidade entre três capitães distintos, como forma de garantir o cuidado com as plantas durante a viagem.
Data do documento: 15 de agosto de 1787
Local: Belém do Pará
Folha:143-143vConjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte.
Notação: códice 99, vol. 08
Datas-limite: 1787-1787
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Ferreira, Alexandre Rodrigues - naturalista
Ementa: O governador do Estado do Pará, Martinho de Sousa e Albuquerque, informa ao secretário dos Negócios Ultramarinos, Martinho de Mello e Castro, o transporte de sacas de arroz, assim como o das duas relações de animais e plantas remetidos para o Real Gabinete de História Natural da Ajuda por Luiz Pereira da Cunha.
Data do documento: 29 de outubro de 1787.
Local: Belém do Pará
Folha: 192Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte.
Notação: códice 99, vol. 08
Datas-limite: 1787-1787
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Ferreira, Alexandre Rodrigues - naturalista
Ementa: Relação de pássaros e animais, mencionando três macacos, um quatá, uma onça, um anacan, quatro periquitos e uma arara a serem enviados a Lisboa por ordem do governador Martinho de Souza e Albuquerque no navio Nossa Senhora da Luz aos cuidados do ministro da Marinha e Negócios Ultramarinos, Martinho de Mello e Castro.
Data do documento: 29 de outubro de 1787
Local: Belém do Pará
Folha:193Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte.
Notação: códice 99, vol. 08
Datas-limite: 1787-1787
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Ferreira, Alexandre Rodrigues - naturalista
Ementa: Relação de plantas e sementes remetidas do Pará para o Real Gabinete de História Natural da Ajuda pelo capitão Luis Pereira da Cunha, na galera Nossa Senhora da Conceição Rei David; entre elas a planta do `caraná`, árvore silvestre, cujo fruto seria utilizado pelos "nacionais do país" na produção de uma bebida.
Data do documento: 26 de dezembro de 1787
Local: Belém do Pará
Folha: 244Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte. Notação: códice 99, volume 09
Datas-limite: 1788 - 1788
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Ferreira, Alexandre Rodrigues - naturalista
Ementa: Carta dirigida ao ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos, Martinho de Melo e Castro por Martinho de Souza e Albuquerque, governador do Pará, informando o envio de caixotes de anil para Lisboa. Menciona, ainda, uma carta do capitão João Pereira Caldas a qual remete uma cópia. Nesta, Caldas informa a posse de Manoel da Gama Lobo no governo do Rio Negro e a chegada do desenhador José Joaquim Freire para compor a expedição do naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira. Solicita ainda canoas, índios e mantimentos para a dita expedição.
Data do documento: 18 de março de 1788
Local: Belém do Pará
Folhas: 25, 25v e 26Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte. Notação: códice 99, volume 09.
Datas-limite: 1788 - 1788
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Ferreira, Alexandre Rodrigues - naturalista
Ementa: Relação das plantas vivas e animais, remetidos do Pará para o Real Gabinete de História Natural da Ajuda, pelo capitão Luiz Pereira da Cunha na charrua Águia. Consta na relação observações sobre as plantas, como o uso que é feito delas pelos habitantes da região. Endereçada ao ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos, Martinho de Melo e Castro, em 22 de março de 1788.
Data do documento: 22 de março de 1788
Local: Belém do Pará
Folhas: 33, 33v e 34Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte.
Notação: códice 99, vol. 10
Datas-limite: 1789
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Ferreira, Alexandre Rodrigues - naturalista
Ementa: Ofício de Martinho de Souza e Albuquerque, governador do Pará, ao secretário dos Negócios Ultramarinos, Martinho de Mello e Castro, informando o envio de vinte três caixões com anil do Rio Negro pelo capitão João Pereira Caldas, além de trinta e três volumes com produtos recolhidos do Rio Madeira pela expedição filosófica a cargo do naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira, acompanhados de um saco de cartas do mesmo.
Data do documento: 27 de março de 1789
Local: Belém do Pará
Folha:31-31vConjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte.
Notação: códice 99, vol. 10
Datas-limite: 1789
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Ferreira, Alexandre Rodrigues - naturalista
Ementa: Documento em que o capitão da embarcação Rey David, Antônio de Souza e Aguiar, se compromete a transportar com segurança ao porto de Lisboa diversos produtos naturais recolhidos na região do Rio Madeira pela expedição filosófica comandada pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira destinados ao Real Gabinete de História Natural da Ajuda.
Data do documento: 26 de março de 1789
Local: Belém do Pará
Folha:32Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte.
Notação: códice 99, vol. 10
Datas-limite: 1789
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Ferreira, Alexandre Rodrigues - naturalista
Ementa: Correspondência de Martinho de Souza Albuquerque, governador do Pará, a Martinho de Mello e Castro, ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos, comunicando o recebimento de dez caixas de folha de flandres enviadas ao naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira encarregado da expedição filosófica.
Data do documento: 23 de julho de 1789
Local: Belém do Pará
Folha: 81Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte.
Notação: códice 99, vol. 10
Datas-limite: 1789
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Ferreira, Alexandre Rodrigues - naturalista
Ementa: Ofício no qual o capitão Luis Pereira da Cunha informa ao ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos, Martinho de Mello e Castro, o envio de um caixão com produtos naturais secos, um barril com animais quadrúpedes e répteis e quatro caixões com plantas vivas destinados ao Real Gabinete de História Natural por intermédio do governador do Pará, Martinho de Sousa e Albuquerque.
Data do documento: 5 de agosto de 1789
Local: Belém do Pará
Folha:163
Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte.
Notação: códice 99, vol. 10
Datas-limite: 1789
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Ferreira, Alexandre Rodrigues - naturalista
Ementa: Relação de produtos naturais remetidos do Pará para Real Gabinete de História Natural da Ajuda pelo capitão Luis Pereira da Cunha, entre eles raízes, conchas, animais conservados em aguardente e enfeites de penas usados pelos gentios como ornamentação para guerra. Encaminha, também, novas mudas de plantas já que as que havia mandado anteriormente chegaram mortas.
Data do documento: 5 de agosto de 1789
Local: Belém do Pará
Folha:164-164vConjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte.
Notação: códice 99, vol. 10
Datas-limite: 1789
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Ferreira, Alexandre Rodrigues - naturalista
Ementa: Ofício no qual o governador do Pará, Martinho de Souza e Albuquerque, comunica ter recebido do capitão comandante do destacamento do Rio Branco pedras da margem daquele rio, incluindo um tipo usado pelos índios na confecção de machados, além de ornamentos usados pelos indígenas. Por sua vez, os remete ao ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos, Martinho de Mello e Castro, juntamente com um gavião vivo.
Data do documento: Dezembro de 1789
Local: Belém do Pará
Folha: 213Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte. Notação: códice 99, vol. 11
Datas-limite: 1790
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Real Gabinete de História Natural (Lisboa)
Ementa: Relação de gêneros - classificados em produtos secos, animais e plantas vivas - remetidos do Pará pelo capitão Luis Pereira da Cunha destinados ao Real Gabinete de História Natural da Ajuda, em de 12 de julho de 1790. A listagem inclui sementes, conchas, goma de árvores, duas cigarras, uma barata do mato, cinco camaleões, um jacaré, dois tamanduás "de diferentes espécies", além de plantas como café, salsaparrilha, uma espécie de palmeira de cuja fruta se faz uma bebida apreciada pelos "nacionais da terra", entre outras.
Data do documento: 12 de julho de 1790
Local: Belém do Pará
Folhas: 105, 105v e 106Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte. Notação: códice 99, vol. 11
Datas-limite: 1790
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Real Gabinete de História Natural (Lisboa)
Ementa: carta de Diogo Francisco de Souza Coutinho endereçada a Martinho de Mello e Castro, ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos, justificando o atraso da charrua carregada de gêneros provenientes da expedição do Rio Negro destinados ao Real Gabinete de História Natural da Ajuda.
Data do documento: 14 de julho de 1790
Local: Belém do Pará
Folhas: 169Conjunto documental: Vice-reinado. Portarias.
Notação: códice 73, vol. 16
Datas-limite: 1785 - 1787
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Veloso, frei José Mariano da Conceição
Ementa: Portaria, datada de 1785, ordenando que a tesouraria das despesas miúdas da Real Fazenda pague ao sargento Joaquim da Silva a quantia de 2.480 réis referente a duas arrobas e duas varas de algodão adquiridas para o acondicionamento das remessas pertencentes à História Natural, de que é encarregado o frei José Mariano da Conceição Veloso.
Data do documento: 1785
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 8v, 9Conjunto documental: Vice-reinado. Portarias.
Notação: códice 73, vol. 16
Datas-limite: 1785 - 1787
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Veloso, frei José Mariano da Conceição
Ementa: Portaria, datada de 6 de maio de 1785, ordenando ao tesoureiro das despesas miúdas da Real Fazenda, Paulo Carneiro de Almeida, o pagamento da quantia de 37.910 réis ao sargento Joaquim da Silva referente aos gêneros necessários às diligências da História Natural.
Data do documento: 6 de maio de 1785
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 17Conjunto documental: Vice-reinado. Portarias.
Notação: códice 73, vol. 16
Datas-limite: 1785-1787
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil.
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Veloso, frei José Mariano da Conceição
Ementa: Portaria, de 12 de julho de 1785, determinando que o Juiz Ouvidor da Alfândega, Antônio Martins Britto, isente de direitos os caixotes com as marcas VR, por serem gêneros destinados ao passeio público, além de outros necessários para as diligências da História Natural ordenadas pela rainha.
Data do documento: 12 de julho de 1785
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 34Conjunto documental: Vice-reinado. Portarias.
Notação: códice 73, vol. 16
Datas-limite: 1785 - 1787
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Veloso, frei José Mariano da Conceição
Ementa: Portaria, datada de 16 de agosto de 1785, encarregando o tesoureiro das despesas miúdas da Real Fazenda, Paulo Carneiro de Almeida, do pagamento da quantia de 466.100 réis ao sargento Joaquim da Silva por conta das comedorias e despesas da comitiva do Padre Frei José Mariano da Conceição Veloso empregada nas diligências da História Natural.
Data do documento: 16 de agosto de 1785
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 43Conjunto documental: Vice-reinado. Portarias.
Notação: códice 73, vol. 16
Datas-limite: 1785 - 1787
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil.
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Veloso, frei José Mariano da Conceição
Ementa: Portaria, datada de 7 de setembro de 1785, ordenando ao desembargador provedor da Fazenda Real que mande para a Vila de Parati os gêneros necessários ao Padre Frei José Mariano da Conceição Veloso por conta das diligências da História Natural.
Data do documento: 7 de setembro de 1785
Local: Rio de Janeiro
Folhas:49v, 50Conjunto documental: Vice-reinado. Portarias
Notação: códice 73, vol. 16.
Datas-limite: 1785-1787
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil.
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Veloso, frei José Mariano da Conceição
Ementa: Portaria, de 13 de setembro de 1785, ordenando ao tesoureiro das despesas miúdas da Real Fazenda, Paulo Carneiro de Almeida, o pagamento de 14.400 réis referente a uma pedra iman preparada comprada de Simão Antônio da Roza Pinheiro, por ser necessária às diligências da História Natural a cargo do Padre Frei José Mariano da Conceição Veloso. Data do documento: 13 de setembro de 1785
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 50Conjunto documental: Vice-reinado. Portarias.
Notação: códice 73, vol. 16
Datas-limite: 1785 - 1787
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil.
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Veloso, frei José Mariano da Conceição
Ementa: Portaria, datada de 8 de novembro de 1785, ordenando ao desembargador provedor da Fazenda Real o pagamento da quantia de 11.920 réis ao furriel José Porfírio de Barros, pela compra de três maços de lápis finos superiores destinados ao Padre Frei José Mariano da Conceição Veloso encarregado das diligências da História Natural. Data do documento: 8 de novembro de 1785Local: Rio de Janeiro
Folhas: 64v, 65Conjunto documental: Vice-reinado. Portarias
Notação: códice 73, vol. 16
Datas-limite: 1785 - 1787
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil.
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Veloso, frei José Mariano da Conceição
Ementa: Portaria, datada em 11 de março de 1786, ordenando ao desembargador provedor da Fazenda Real que entregue ao segundo tenente Joaquim da Silva de Carvalho duas dúzias de folhas de papel, seis dúzias de `pincéis`, que já não tenham cores, doze côvados de pano verde de preço baixo para recobrirem as mesas de trabalho, um candeeiro de três bicos de latão, uma campainha, seis Lªs de cola Bª ou da terra, uma pena de nastro vermelho, ou cadarço dela, para remeter ao padre frei José Mariano da Conceição Veloso por serem necessários às diligências da História Natural.
Data do documento: 11 de março de 1786
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 94vConjunto documental: Vice-reinado. Portarias
Notação: códice 73, vol. 16
Datas-limite: 1785-1787
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil.
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Veloso, frei José Mariano da Conceição
Ementa: Portaria, datada de 5 de setembro de 1786, ordenando ao tesoureiro das despesas miúdas da Real Fazenda, Paulo Carneiro de Almeida, que entregue ao segundo tenente de artilharia, Joaquim da Silva de Carvalho, a importância de quatro maços de penas de lápis e de seis maços de penas de lápis finos que se comprarão para remeterem ao Padre Frei José Mariano da Conceição Veloso por conta das diligências da História Natural.
Data do documento: 5 de setembro de 1786
Local: Rio de Janeiro
Folhas:132v, 133Conjunto documental: Vice-reinado. Portarias.
Notação: códice 73, vol. 16
Datas-limite: 1785 - 1787
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil.
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Veloso, frei José Mariano da ConceiçãoEmenta: Portaria, datada de 1 de dezembro de 1786, ordenando ao tesoureiro das despesas miúdas da Real Fazenda, Paulo Carneiro de Almeida entregar ao segundo tenente de artilharia Joaquim da Silva de Carvalho a importância de 99.040 réis necessária para a compra de vinte arrobas de sebo e de 256 latas de cera destinados as diligências da História Natural de que é encarregado o Frei José Mariano da Conceição Veloso.
Data do documento: 1 de dezembro de 1786
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 43, 43vConjunto documental: Vice-reinado. Portarias.
Notação: códice 73, vol. 17 Datas-limite: 1787 - 1789
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil.
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Veloso, frei José Mariano da Conceição
Ementa: Portaria, datada de 1º de março de 1787, encarregando o tesoureiro das despesas miúdas da Real Fazenda, Paulo Carneiro de Almeida, do pagamento da quantia de 15.260 réis ao segundo tenente do regimento de artilharia Joaquim da Silva de Carvalho referente a compra de 14 dúzias de lápis finos destinados às atividades do Padre Frei José Mariano da Conceição Veloso.
Data do documento: 1º de março de 1787Local: Rio de Janeiro
Folhas: 10, 10v
Conjunto documental: Vice-reinado. Portarias.
Notação: códice 73, vol. 17
Datas-limite: 1787 - 1789
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Veloso, frei José Mariano da Conceição
Ementa: Portaria, datada de 7 de agosto de 1787, determinando que o desembargador provedor da Fazenda Real pague ao segundo tenente do regimento de artilharia, Joaquim da Silva de Carvalho, as despesas com transporte empregado nas atividades de História Natural, e as pessoas encarregadas desse serviço. Ordena também o pagamento dos dias de trabalho dos pintores que acompanham o Padre José Mariano da Conceição Veloso e as estampas que produziram, além das despesas feitas pelo próprio padre no trabalho da História Natural, no período de 1º de outubro de 1786 a 9 de junho de 1787.
Data do documento: 7 de agosto de 1787
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 51vConjunto documental: Vice-reinado. Portarias.
Notação: códice 73, vol. 17
Datas-limite: 1787 - 1789
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil.
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Veloso, frei José Mariano da Conceição
Ementa: Portaria, datada de 9 de outubro de 1787, determinando que o juiz da alfândega, José Antônio da Veiga, isente de impostos os gêneros vindos de Lisboa destinados as atividades ligadas à História Natural.
Data do documento: 9 de outubro de 1787
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 66vConjunto documental: Vice-reinado. Portarias.
Notação: códice 73, vol. 17 Datas-limite: 1787 - 1789
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil.
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Veloso, frei José Mariano da Conceição
Ementa: Portaria, datada de 13 de fevereiro de 1788, incumbindo o desembargador provedor da Real Fazenda de entregar ao segundo tenente do regimento de artilharia Joaquim da Silva de Carvalho um barril de pólvora fina e 128 latas de chumbo de números 1 e 3 para se repartir entre os diferentes homens encarregados de matar pássaros para a História Natural.
Data do documento: 13 de fevereiro de 1788
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 159Conjunto documental: Vice-reinado. Portarias.
Notação: códice 73, vol. 17 Datas-limite: 1787 - 1789
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil.
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Veloso, frei José Mariano da Conceição
Ementa: Portaria de 3 de abril de 1788 incumbindo o tesoureiro das despesas miúdas da Real Fazenda, Paulo Carneiro de Almeida, do pagamento da quantia de 289.400 réis ao segundo tenente do regimento de artilharia Francisco Manoel da Silva e Mello, para despesas extraordinárias com as atividades relacionadas à História Natural realizadas pelo Frei José Mariano da Conceição Veloso.
Data do documento: 3 de abril de 1788
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 107vConjunto documental: Vice-reinado. Portarias.
Notação: códice 73, vol. 17
Datas-limite: 1787 - 1789
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil.
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Veloso, frei José Mariano da Conceição
Ementa: Portaria de 21 de junho de 1788 encarregando o tesoureiro das despesas miúdas da Real Fazenda, Paulo Carneiro de Almeida, de pagar ao ajudante Francisco de Matos a quantia de 7.040 réis para a compra de óleo de `cupahiba`, destinado às preparações da História Natural.
Data do documento: 21 de junho de 1788
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 117vConjunto documental: Vice-reinado. Portarias.
Notação: códice 73, vol. 17
Datas-limite: 1787 - 1789
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil.
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Veloso, frei José Mariano da Conceição
Ementa: Portaria de 16 de outubro de 1788 encarregando o tesoureiro das despesas miúdas da Real Fazenda, Paulo Carneiro de Almeida, de entregar ao segundo tenente do regimento de artilharia Joaquim da Silva de Carvalho a quantia de 511.068 réis para pagamento de gêneros destinados às atividades da História Natural e dos jornais dos dias de serviço dos desenhadores que acompanham o Padre José Mariano da Conceição Veloso
Data do documento: 16 de outubro de 1788
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 139Conjunto documental: Vice-reinado. Portarias
Notação: códice 73, vol.17
Datas-limite: 1787 - 1789
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil.
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Veloso, frei José Mariano da Conceição
Ementa: Portaria, datada de 13 de fevereiro de 1789, incumbindo o tesoureiro das despesas miúdas da Real Fazenda, Paulo Carneiro de Almeida, de pagar ao segundo tenente Joaquim da Silva Carvalho a quantia de 188.585 réis destinada ao ordenado dos pintores que no período de 22 de setembro de 1788 a 31 de dezembro de 1789 acompanharam frei José Mariano da Conceição Veloso nas atividades ligadas à História Natural, além de outras despesas relacionadas a essa empresa.
Data do documento: 13 de fevereiro de 1789
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 159Conjunto documental: Coleção de memórias e outros documentos sobre vários objetos Notação: códice 807, vol. 13
Datas-limite: 1788 - 1845
Título do fundo: Diversos códices - SDH
Código do fundo: NP
Argumento de pesquisa: Viagens científicas e filosóficas
Ementa: Extrato de uma viagem de José Vieira Couto ao Indaiá e memória do mesmo naturalista sobre as Minas do Abaeté, onde empreende uma descrição geográfica da região, menciona seus recursos minerais e destaca os interesses resultantes da exploração do local.
Data do documento: s.d.
Local: Minas Gerais
Folhas: 32 a 38vConjunto documental: Junta de Fazenda. Coletorias.
Notação: IF2 17
Datas-Limite: 1810-1815
Título do fundo: Série Fazenda
Código do fundo: 99
Argumento de Pesquisa: José Vieira Couto
Ementa: Ofício enviado pelo Conde de Palma em resposta ao Conde de Aguiar, relatando as despesas feitas com o naturalista José Vieira Couto, assim como a exclusão do mesmo do Real Serviço.
Data do documento: 22 de julho de 1812
Local: Vila Rica
Folha: s.nConjunto documental: Correspondência da Corte com o vice-reinado.
Notação: códice 67, 10
Datas-limite: 1770-1784
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Viagens Científicas e filosóficas
Ementa:Conclusões do comissário Francisco João Roscio sobre o plano do governador de Buenos Aires, João Tossem Vertiz, para demarcação de limites entre os domínios portugueses e espanhóis, na região correspondente ao Rio Grande de São Pedro até a capitania de São Paulo. Aborda a necessidade do envio de geógrafos, engenheiros e astrônomos europeus para descrever a composição geográfica e a História Natural da região, e os métodos utilizados para tal estudo. Documento expedido ao Marquês de Lavradio.
Data do documento: 29 de agosto de 1780
Local: Lisboa
Folhas: 32-45Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte. Notação: códice 99, vol. 04 Datas-limite: 1783-1783
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Expedições
Ementa: Ofício de José de Nápoles Tello de Meneses a Martinho de Mello e Castro, encaminhando o balanço financeiro do Estado do Pará relativo ao ano de 1782, para que seja transmitido a rainha d.Maria I. Envia, ainda, um mapa com os rendimentos da tesouraria geral dos índios do Estado, também no ano de 1782, prejudicada pelas grandes despesas com os serviços das demarcações de terra nas capitanias do Rio Negro e Mato Grosso.
Data do documento: 31 de maio de 1783
Local: Belém do Pará
Folhas: 52Conjunto documental: Vice-reinado. Portarias.
Notação: códice 73, vol. 16
Datas-limite: 1785 - 1787
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil.
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Expedições
Ementa: Portaria, de 27 de setembro de 1785, determinando que o tesoureiro das despesas miúdas da Real Fazenda, Paulo Carneiro de Almeida, pague ao ajudante de engenharia Antônio Rodrigues Monterinho a quantia de 14.000 réis referente as despesas com mapas para as demarcações.
Data do documento: 27 de setembro de 1785
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 54, 54vConjunto documental: Vice-reinado. Correspondência com o governo e mais pessoas do Rio Grande do Sul sobre demarcação de limites, etc.
Notação: códice 104, vol.10
Datas-limite: 1785-1789
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Expedições
Ementa: Diário Resumido e Histórico da primeira divisão da quarta Campanha de demarcação da América Meridional, de autoria do astrônomo e matemático José de Saldanha. Promove uma minuciosa descrição geográfica da capitania do Rio Grande de São Pedro. Os nomes dados pelos nativos aos locais e rios percorridos são explicados etimologicamente. A fauna e flora são descritas sob o sistema criado por Lineu, assim como os nativos, entre eles os Tapes e Minuanos. Assinado pelo então governador da Capitania do Rio Grande de São Pedro, o Brigadeiro Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara e pelo engenheiro Alexandre Eloy Portelli.
Data do documento: 10 de novembro de 1787
Local: Rio Grande do Sul
Folhas: 130-189Conjunto documental: Vice-reinado. Correspondência com o governador e mais pessoas do Rio Grande do Sul sobre demarcação de limites, etc.
Notação: códice 104, vol.10
Datas-limite: 1785-1789
Título do fundo: Secretária de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Expedições
Ementa: Trecho do Diário Geral Geográfico e Topográfico da 1ª Subdivisão da Demarcação de Limites da América Meridional escrito pelo astrônomo José de Saldanha e pelo engenheiro Alexandre Eloy Portelli sobre as expedições feitas sobre a margem Meridional do Rio Piratini e expedição demarcadora das vertentes do Rio Negro. Assinado pelo governador do Rio Grande de São Pedro, o Brigadeiro Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara.
Data do documento: 10 de novembro de 1787
Local: Rio Grande do Sul
Folhas: 52-129Conjunto documental: Vice-reinado. Portarias.
Notação: códice 73, vol. 17Datas-limite: 1787 - 1789
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Expedições
Ementa: Portaria, de 19 de junho de 1788, incumbindo o tesoureiro geral dos rendimentos reais, Manoel da Costa Cardoso, do pagamento de uma ajuda de custo de 500.000 réis ao capitão de bombeiros Antonio Ferreira da Rocha, pela sua nomeação ao cargo de segundo comissário da demarcação privativa da segunda divisão da América Meridional.
Data do documento: 19 de junho de 1788
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 116, 116vConjunto documental: Vice-reinado. Portarias.
Notação: códice 73, vol. 17
Datas-limite: 1787-1789
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Expedições
Ementa: Portaria, datada de 19 de junho de 1788, incumbindo o tesoureiro geral das tropas Antonio de Oliveira Braga do pagamento dos soldos dos astrônomos Bento Sanches de Horta e Francisco de Oliveira Barbosa envolvidos na demarcação da segunda divisão da América Meridional.
Data do documento: 19 de junho de 1788
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 117Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte. Notação: códice 99, vol. 09
Datas-limite: 1788 - 1788
Título do fundo: Negócios de Portugal
Título do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Expedições
Ementa: Memória das expedições de demarcação de terras enviadas do Pará ao Mato Grosso entre os anos de 1783 e 1788. O documento enviado por Martinho de Souza e Albuquerque, governador do Pará, menciona o responsável pelas expedições, custeadas em sua maioria pela Fazenda Real, e a equipe, integrada geralmente por escravos e índios.
Data do documento: 16 de agosto de 1788
Local: Belém do Pará
Folhas: 115 e 115vConjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte. Notação: códice 99, vol. 11
Datas-limite: 1790-1790
Título do fundo: Negócios de Portugal
Título do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Real Gabinete de História Natural (Lisboa)
Ementa: Carta de d. Francisco de Souza Coutinho a Martinho de Mello e Castro, na data de 24 de outubro de 1790, informando o retorno a Portugal de Antonio Pires da Silva Pontes, doutor em matemática pela Universidade de Coimbra que estava a serviço das demarcações na capitania do Mato Grosso.
Data do documento: 24 de outubro de 1790
Local: Pará
Folhas: 237Conjunto documental: Descrição geográfica da capitania de Mato Grosso pelo sargento-mor do corpo de engenheiros no Forte da Nova Coimbra, Ricardo Franco de Almeida Serra
Notação: códice 873
Datas-limite: 1797-1800
Título do fundo: Diversos Códices - SDH
Código do fundo: NP
Argumento de pesquisa: Viagens Científicas e filosóficas
Ementa: Minuciosa descrição geográfica da capitania de Mato Grosso, de autoria do sargento-mor do corpo de engenheiros, Ricardo Franco de Almeida. Destaca a importância da manutenção e ampliação dos povoados na capitania para descoberta e exploração das minas de ouro, diamante e ferro. Dedica-se também a descrições etnográficas dos nativos da região, mencionando as alianças e conflitos dos portugueses e espanhóis com os diferentes povos indígenas. Propõe uma via alternativa de acesso fluvial à capitania, pelo Pará. Para tornar viável esta via fluvial seria necessário fundar povoados nas regiões ribeirinhas que permitiriam a alocação momentânea dos viajantes interessados em manter comércio com a capitania de Mato Grosso. Estes povoamentos fundados em sua maioria por generais da capitania facilitariam o processo de redução dos povos indígenas, considerados empecilhos ao domínio do território.
Data do documento: 1797
Local: Capitania de Mato Grosso
Folhas: 1-77Conjunto documental: Secretaria de Estado do Ministério do Reino
Notação: caixa 715/ pct 02, doc.
Datas-limite: 1792-1811
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Viagens Científicas e Filosóficas
Ementa: Carta enviada a d. Rodrigo de Souza Coutinho por Ambrosio Henriques relatando a descoberta do Rio Araguaia. A expedição foi feita a pedido do então governador da província d. Francisco de Souza Coutinho, sendo esta concluída em fevereiro de 1793 com a rota do rio descoberto.
Data do documento: 4 de maio de 1799
Local: Pará
Folhas: 3Conjunto documental: Secretaria de Estado do Ministério do Reino
Notação: caixa 715/ pct. 02
Datas-limite: 1726-1813
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Viagens Científicas e Filosóficas
Ementa: Carta enviada a d. Rodrigo de Souza Coutinho pelo ouvidor da Capitania do Espírito Santo, José Pinto Ribeiro, descrevendo as vilas e rios da capitania com a finalidade de demonstrar o quanto era vantajosa para a Real Fazenda a exploração da capitania. A carta relata também como os portugueses ocuparam a região, construindo fortes, fundando fazendas e tornando-se aliados ou dizimando as populações nativas, principalmente os índios que não tinham contato com os europeus (botocudos). O ouvidor sugere ainda a criação de uma Companhia de Conquistas.
Data do documento: 30 de maio de 1799
Local: Espírito Santo
Folhas: 4Conjunto documental: Descrição Geográfica da Capitania de Mato Grosso por Ricardo Franco de Almeida Serra - Sargento Mor do Real Corpo de Engenheiros no Forte de Nova Coimbra
Notação: códice 873
Datas-limite: 1797-1800
Título do fundo: Diversos Códices - SDH
Código do fundo: NP
Argumento de pesquisa: Expedições
Ementa: Memória Militar sobre o sistema de defesa da Capitania de Mato Grosso, de autoria do sargento-mor do real corpo de engenheiros, Ricardo Franco de Almeida Serra. Descrição das áreas fronteiriças de domínio português e espanhol, em seus aspectos geográficos e populacionais - composições étnicas, etárias e de gênero, além da estrutura de defesa e fortificação. A ênfase na descrição das fronteiras revela a preocupação com a demarcação de limites. Ressalta também a importância de povoar a região e de investir na então capital, Vila Bela.
Data do documento: 19 de setembro de 1800
Local: Capitania de Mato Grosso
Folhas: 78-159Conjunto documental: Avisos e ofícios. Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Guerra.
Notação: IJJ1 758
Datas-limite: 1808-1808
Título do fundo: Série Interior
Código do fundo: A6
Argumento de pesquisa: Viagens científicas e filosóficas
Ementa: Transcrição de Carta Régia de 27 de junho de 1806 expondo a necessidade de se empreender viagens científicas e filosóficas pelos territórios do império ultramarino português, e designando o naturalista Luiz Antônio da Costa Barradas, doutor em filosofia pela Universidade de Coimbra para comandar uma viagem filosófica à capitania de Pernambuco. A Carta Régia é transcrita no registro da provisão de d. Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho, bispo e reitor da Universidade de Coimbra ao doutor Luiz Antonio da Costa Barradas.
Data do documento: 28 de julho de 1808
Local: Rio de Janeiro
Folha (s): 19 a 21v. -
A viagem de Alexandre Rodrigues Ferreira
Carta dirigida ao ministro de Estado da Marinha e dos Negócios Ultramarinos, Martinho de Melo e Castro, em 18 de março de 1788, por Martinho de Souza e Albuquerque, informando o envio de caixotes de anil para a corte. Menciona uma carta do capitão João Pereira Caldas informando a posse de Manoel da Gama Lobo no governo do Rio Negro e a chegada do desenhador José Joaquim Freire para compor a expedição do naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira. Solicita ainda canoas, índios e mantimentos para a dita expedição.
Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte. Notação: códice 99, volume 09.
Datas-limite: 1788 – 1788
Título do fundo: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: Alexandre Rodrigues Ferreira
Data do documento: 18 de março de 1788
Local: Pará
Folhas: 25, 25v. e 26Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor
Pelo recibo, que está acompanha, será a Vossa Excelência constante que fiz embarcar na charrua[1] dezenove caixões de anil[2], para serem entregues a ordem de Vossa Excelência nessa Corte: igualmente remeto a cópia da carta, que João Pereira Caldas[3] me escreveu quando fez aquela remessa, visto que o mesmo me pede que envie à Vossa Excelência a dita cópia, assim como a da relação do referido gênero. No dia nove do presente mês tive carta do mesmo João Pereira Caldas, escrita em doze de fevereiro, em qual me diz lhe continua a sua moléstia pelo que diz respeito ao embaraço das pernas, e do pouco dormir, mas que tem nutrição, não tem fastio, e vai vivendo, sem se achar contudo a sua queixa mais agravada. Igualmente me participou ter Manoel da Gama Lobo[4] tomado posse no dia nove de fevereiro do governo do Rio Negro[5], que Sua Majestade lhe conferiu, e certificando-me o mesmo, o referido governador em carta, que me escreveu de doze do dito fevereiro. Acha-se nesta cidade por mando do sobredito João Pereira Caldas o Desenhador José Joaquim Freire[6], que vem prover-se a esta cidade do que se lhe faz preciso para o seu transporte para Mato Grosso, para onde me diz o Capitão General João Pereira Caldas deve ir o Doutor Alexandre Rodrigues Ferreira[7], e seus companheiros, e para este transporte me requer agora o referido João Pereira Caldas canoas, índios, mantimentos, e outras coisas mais, que fico aprontando para lhe remeter, e a seu tempo enviasse a V. Exª. de tudo que lhe for, uma relação.
Hoje faço daqui expedir também duas canoas para Barcelos, que levam dinheiro, diversos gêneros, e mantimentos para o consumo da Expedição das Demarcações[8], indo tudo a entregar a ordem do Capitão General João Pereira Caldas, e igualmente lhe envio nesta ocasião os três caixotes com instrumentos destinados para as Demarcações do Rio Negro, que V. Exª. me dirigiu na charrua, e acusava no seu aviso de trinta do mês de outubro próximo passado, que me foi entregue no último de dezembro.
Deus guarde a V. Exª. Pará
18 de março de 1788
Ilmo. e Exmo. Sr. Martinho de Mello e Castro[9]
Martinho de Souza e Albuquerque[10]
[1] CHARRUA: navio de três mastros e um grande porão, mas de pequena capacidade para armamentos. Em atividade desde a segunda metade do século XVII e em parte do XIX para o transporte de víveres, munição, tropas, foi regularmente empregado no tráfico de africanos escravizados, a exemplo do que se fazia entre Lisboa e a Costa da Mina. Embora exista pouca bibliografia sobre a charrua, estudos desenvolvidos sob os mais variados enfoques, como a história militar portuguesa ou o comércio negreiro, mencionam essa embarcação, indicando seu uso recorrente.
[2] ANIL: as anileiras designam uma grande variedade de espécies, a maior parte delas pertencentes ao gênero botânico Indigofera. Arbusto típico das regiões de clima tropical, de cujas folhas se obtinha uma tintura azul altamente cobiçada pela indústria têxtil até o século XIX, quando foi substituído pelo anil sintético. No Brasil, as primeiras tentativas de cultivo ocorreram entre os séculos XVII e meados do XVIII com pouco sucesso. A intensificação dessa produção se deu a partir da segunda metade do Setecentos, principalmente devido à promoção do cultivo a partir do governo do marquês do Lavradio (1760), no âmbito da política fomentista do marquês de Pombal, quando é promovida a produção do anil na capitania do Rio de Janeiro Além do declínio aurífero e do incentivo à atividade agrícola, a Revolução industrial inglesa gerou um mercado propício à exportação do anil, cujo auge foi alcançado na década de 1790, quando o monopólio real foi relaxado. Devido ao reavivamento promovido pela Inglaterra na indústria indiana e às guerras napoleônicas, o anil produzido no Brasil sofreu forte concorrência e deixou de ser exportado a partir de 1818.
[3] CALDAS, JOÃO PEREIRA (1724-1794): nasceu na freguesia de Cambeses, em Monção, Portugal e seguiu carreira militar, servindo como sargento-mor durante o governo de Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do marquês de Pombal, no Pará. Primeiro governador da capitania do Piauí (1761 e 1769), sua administração promoveu o confisco dos bens dos jesuítas e sua expulsão, em conformidade com as diretrizes pombalinas, e também se encarregou de acabar com os abusos, extorsões e fraudes contra o patrimônio da Coroa. Voltaria a ocupar o cargo de governador três anos mais tarde, quando comandou o Estado do Grão-Pará, desempenhando papel fundamental na Viagem Filosófica conduzida pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira. Destacou-se como o agente estatal local que serviu de intermediário entre o naturalista e a secretaria de Estado dos Negócios Ultramarinos, o que se verifica na vasta correspondência. Tomou parte nas expedições de demarcação de limites decorrentes do Tratado de Santo Ildefonso (1777) como Ministro Plenipotenciário à 4.ª Divisão das Reais Demarcações. Ainda como administrador, colaborou ativamente com a remessa de produções naturais da colônia para metrópole portuguesa enriquecendo o Real Gabinete da Ajuda, os gabinetes de História Natural da Universidade de Lisboa e da Academia Real das Ciências de Lisboa, além da coleção particular da rainha. Retornou a Portugal em 1789, quando passou a integrar o Conselho Ultramarino, vindo a falecer em Lisboa cinco anos depois.
[4] D’ALMADA, MANOEL DA GAMA LOBO (1745-1799): militar português, cumpriu degredo ainda jovem na praça de Mazagão, no Marrocos africano. Em 1769, lhe foi concedido o perdão real do degredo. Chegou à Amazônia em janeiro de 1770 para comandar a fortaleza de Gurupá e o governo da Praça de São José de Macapá. Em 1771, comandou a instalação das famílias portuguesas provenientes da África na vila Nova Mazagão, sul do atual estado do Amapá. Promovido a sargento-mor, solicitou-se, em 1773, seu regresso à fortaleza de Macapá, assumindo o governo da vila de Macapá. Em 1784, assume o comando da parte superior do Rio Negro até o lugar de Santa Izabel, fiscalizando as fronteiras com os territórios espanhóis e fazendo o reconhecimento da região. Finalizou os dados relativos à hidrografia e às vias de comunicação entre o rio Negro e o Solimões e procedeu à exploração o vale do Rio Branco, registrada em Descrição Relativa ao Rio Branco e seu Território, onde implantou as primeiras fazendas de gado. Elevado a brigadeiro, foi empossado governador da capitania de São José do Rio Negro em 9 de fevereiro de 1788, assumindo também o comando das expedições de demarcação de limites decorrentes do Tratado de Santo Ildefonso, em substituição a João Pereira Caldas. Como governador, transferiu a capital da vila de Barcelos para Barra do Rio Negro em 1791. A administração de Lobo d’Almada na Amazônia se destacou por sua capacidade administrativa e seu trato com os indígenas, o que levou Joaquim Nabuco a afirmar que “seu governo é a época de maior florescimento do Rio Negro sob o regime colonial”. Morreu ainda como governador do Rio Negro, sendo sepultado em Barcelos.
[5] RIO NEGRO, CAPITANIA DE SÃO JOSÉ DO: criada em 1755, por influência do governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado para facilitar a administração dos vastos e ermos territórios do Estado do Grão-Pará, a capitania de São José do Rio Negro permaneceu subordinada a esse Estado até 1805, quando passou a responder diretamente à administração central do Rio de Janeiro. Equivalia aproximadamente a região hoje dos estados do Amazonas e Roraima, áreas estratégicas nas questões de limites com a América espanhola. Como o estado do Grão-Pará e Maranhão era um território muito grande e difícil de administrar somente a partir de Belém, Furtado sugeriu à Coroa a criação de uma nova capitania, subordinada a ele, mas com administração em sede própria, mais ao interior. A primeira capital da capitania foi a aldeia de São José do Javari, passando, em 1758, para a vila de Mariuá, que depois se tornou Barcelos; o primeiro a governá-la foi o coronel Joaquim de Melo e Póvoas. Para incrementar a ocupação, a Coroa concedeu privilégios aos colonos, como isenção de pagamento de tributos, perdão de dívidas, além da doação de sesmarias para a agricultura. Até o século XVIII, a presença de colonos portugueses na região da nova capitania se verificava ao longo do rio Amazonas, baseando-se em dois tipos de núcleos populacionais, as missões, controladas por religiosos de diversas ordens, mais notadamente jesuítas, e as fortalezas em pontos estratégicos da bacia do Amazonas, onde se formavam pequenas aldeias e povoamentos. Os principais objetivos desses núcleos eram promover a “civilização” dos índios e rechaçar possíveis invasões europeias pelo rio. Foi somente a partir da governação de Mendonça Furtado, que se começou a elaborar um plano de ocupação do território e domínio das fronteiras, melhorando a comunicação entre as capitanias do Norte. Na década de 1750, fortalezas foram erguidas com a finalidade de defender a região, fornecer gêneros e auxiliar na “pacificação” dos índios. As missões tornaram-se vilas com administração laica e subordinadas ao governo da capitania, num processo acentuado de retirada dos religiosos das funções que cabiam ao poder do Estado. Para povoar mais densamente e consistentemente o território a Oeste, cuja população era composta maciçamente de índios, alguns brancos, e poucos negros, a administração promoveu a criação de vilas e a vinda de imigrantes europeus (lusos). A missão destes colonos seria fomentar a agricultura, tanto de gêneros para subsistência como feijão e milho, como outros para exportação, como cacau, tabaco e café, por exemplo, e a coleta das drogas do sertão. As dificuldades inerentes à região, como a pobreza do solo, o clima, as pragas e a falta de braços, puderam ser verificadas em diversos momentos de crise de abastecimento sofridas pela capitania ao longo do setecentos e do oitocentos. O período áureo da região aconteceria a partir dos últimos anos do século XIX e primeiras décadas do XX, com o ciclo da borracha. (ver D’ALMADA, MANOEL DA GAMA LOBO (1745-1799))
[6] FREIRE, JOSÉ JOAQUIM (1760-1847): pintor e desenhista português nascido em Belas, concelho de Sintra. Formou-se nas oficinas da Fundição do Arsenal Real do Exército. Entre 1780 e 1783, atuou como desenhista da Casa do Risco do Real Museu e Jardim Botânico da Ajuda. Integrou a equipe designada para viagem e expedição filosófica ao Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá comandada pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira na função de desenhista. Nesse período, produziu desenhos, aquarelas de espécies da fauna e flora local. Participou da produção de uma Carta Geral do Brasil, a pedido de d. Rodrigo de Sousa Coutinho no ano de 1795. Seguiu carreira militar no Real Corpo de Engenheiros, alcançando a patente de tenente-coronel em 1837. Em 1822, inventou um carro de escadas para salvação de incêndios. Faleceu em Lisboa.
[7] FERREIRA, ALEXANDRE RODRIGUES (1756-1815): nascido em Salvador, Bahia, em 27 de abril de 1756, doutorou-se no ano de 1779, em Filosofia Natural, pela Universidade de Coimbra reformada por Pombal. Sendo um dos primeiros naturalistas formados em Portugal, tomou parte no projeto das viagens e expedições filosóficas, idealizadas pelo naturalista italiano Domenico Vandelli. Comandou a expedição às capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá. Durante quase dez anos, de 1783 a 1792, a equipe composta ainda por um jardineiro botânico e dois riscadores, recolheu espécies da flora e da fauna brasileiras, classificou-as, acondicionou-as e enviou remessas a Portugal, consoante com os objetivos do Estado português setecentista de empreender um inventário da natureza de seus domínios. Igualmente, informou sobre as condições administrativas, econômicas, urbanas e demográficas dos povoados que percorreu. A expedição produziu farto material textual, ainda na fase de planejamento as Instruções relativas a Viagem Philosophica, que orientava a equipe sobre a realização das tarefas concernentes à viagem. Ferreira escreveu, ainda, memórias zoológicas, botânicas, mineralógicas e histórico-geográficas, diários, relatórios e trocou farta correspondência com as autoridades locais e metropolitanas. Cabia ao naturalista, também, a inspeção dos desenhos a cargo dos riscadores Joaquim José Codina e José Joaquim Freire. Ao retornar a Lisboa, em 1793, o naturalista foi nomeado vice-diretor do Real Gabinete de História Natural e do Jardim Botânico da Ajuda e não deu continuidade aos estudos e sistematização do material recolhido, como pretendia Vandelli, para produção de uma História Natural das Colônias. Durante a ocupação francesa em Lisboa, em 1808, parte do material recolhido pela expedição foi saqueado e levado à França, sendo recuperado anos mais tarde. Alexandre Ferreira faleceu em Lisboa, sem ver sua obra publicada. Somente a partir de meados do século XIX, seus diários de viagem e algumas de suas memórias seriam publicados.
[8] EXPEDIÇÃO DAS DEMARCAÇÕES: A despeito do Tratado de Tordesilhas que, em 1494 dividiu o novo mundo entre Portugal e Espanha, os três primeiros séculos de colonização ibérica nas Américas assistiram ao avanço da presença lusa pela fronteira imaginária, favorecida em parte pela União Ibérica (1580-1640). Com intuito de atualizar Tordesilhas, Portugal e Espanha assinam, em 1750, o Tratado de Madri quando Portugal incorpora oficialmente o Rio Grande do Sul, Mato Grosso e a Amazônia conforme o princípio do uti possidetis que garantia a posse aos ocupantes da terra. Em decorrência do Tratado de Madri foram promovidas expedições integradas por cartógrafos, engenheiros, astrônomos, geógrafos e riscadores, em geral italianos e alemães, encarregadas de demarcar as fronteiras. Uma das diretrizes da demarcação era o respeito ao curso dos rios, montanhas e acidentes geográficos como demarcadores naturais. Entretanto, na segunda metade do século XVIII, os impasses permanecem, principalmente na região platina, alvo de constantes conflitos militares. De um lado, a Espanha não se conformava com a presença portuguesa em Sacramento, território espanhol segundo o Tratado de Madri, embora estratégico para as pretensões portuguesas no Rio da Prata, e a Portugal interessava a anexação dos Sete Povos das Missões região cedida aos espanhóis. A solução viria com novo tratado, Santo Ildefonso, celebrado em 1777, de caráter preliminar, onde Portugal abria mão da Colônia de Sacramento e das Missões. A partir de Santo Ildefonso são estabelecidas quatro comissões demarcadoras de limites, compostas por dois comissários, dois engenheiros e técnicos incumbidos do mapeamento cartográfico das zonas de fronteira. Ao contrário das expedições decorrentes do Tratado de Madri as do último quartel do XVIII contaram com profissionais portugueses, advindos dos bancos da Universidade de Coimbra reformada. Outra particularidade dessas expedições que refletia as reformas na Universidade, e as novas instituições portuguesas como a Academia Real de Ciências de Lisboa e o Museu de História Natural, foi a crescente incorporação de outros conhecimentos que garantissem o efetivo povoamento do território, como a História Natural. Ao lado das descrições geográficas e das anotações de latitude e longitude, aparecem de forma mais sistemática nos relatórios de viagem descrições da flora e da fauna, observações sobre as populações indígenas, mapas populacionais e referências às técnicas agrícolas empregadas. O documento refere-se à Expedição de demarcação comandada pelo astrônomo Francisco José de Lacerda e Almeida, doutor em matemática pela Universidade de Coimbra, que durante dez anos (1780-1790) percorreu as capitanias do Pará, Rio Negro, Mato Grosso, Cuiabá e São Paulo.
[9] CASTRO, MARTINHO DE MELO E (1716-1795): nascido em Lisboa, foi secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos de 1770 até sua morte. Estudou latinidade, filosofia e teologia na Universidade de Évora, além de direito canônico, em Coimbra, onde se formou bacharel em 1744. Diplomata, iniciou seus trabalhos em 1751, como embaixador em Haia, Holanda, e atuou de forma decisiva na solução de questões conflituosas entre Portugal e Inglaterra, decorrentes da Guerra dos Sete Anos, o que levou à sua nomeação para a Secretaria de Estado. Durante sua gestão como secretário de Estado da Marinha e Domínios Ultramarinos, desempenhou papel central no planejamento e execução das viagens e expedições filosóficas às colônias portuguesas. Melo e Castro foi o principal agente da Coroa envolvido no planejamento das viagens e na interlocução com os naturalistas e administradores locais, com vistas à solução de problemas no decurso das expedições. O secretário foi, ainda, diretor do Real Museu e Jardim Botânico da Ajuda e destinatário das remessas de produtos naturais provenientes das viagens, encaminhados aos museus de História Natural em Lisboa e Coimbra para sistematização, análise e classificação. Demonstrou habilidade na administração pública, muito embora seus escritos apontem que não foi um grande político ou teórico, não reconhecendo o início da crise do sistema colonial durante sua governação. Foi sob sua gestão que ocorreu a Conjuração Mineira (1789), tendo partido de Melo e Castro a ordem para que o governador da capitania de Minas Gerais, Luis Antonio Furtado de Castro, visconde de Barbacena, promovesse a devassa dos envolvidos.
[10] ALBUQUERQUE, MARTINHO DE SOUZA E: coronel de Infantaria do Regimento da Guarnição de Lisboa foi promovido a governador e capitão geral do estado do Grão-Pará. Sua administração, de 1783 a 1790, coincide em grande parte com o período da viagem filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira, com o qual embarcou em Lisboa rumo ao Pará, exercendo papel fundamental na comunicação entre o naturalista e a metrópole. Durante seu governo, comandou uma expedição pela capitania do Pará, através do rio Amazonas, em setembro de 1784. Outros aspectos marcantes de seu governo foram as ações de pacificação e enfrentamento com povos indígenas, além da permanente demanda de mão de obra de índios aldeados para obras públicas, incluindo a demarcação de fronteiras, o que se deu sob o Diretório dos Índios. Em 1790, regressa a Portugal e assume como Governador das Armas da província da Beira.
Campanhas de demarcação de limites da América Meridional
Prefácio do Diário Resumido e Histórico da Primeira divisão da quarta Campanha de demarcação de limites da América Meridional, de autoria do astrônomo, geógrafo e matemático José de Saldanha. No diário, promove uma minuciosa descrição geográfica da capitania do Rio Grande de São Pedro, além de uma explicação etimológica dos nomes dados pelos nativos aos locais e rios percorridos pela expedição. A fauna e flora são descritas sob o sistema de Lineu, assim como os nativos: dentre eles os Tapes e Minuanos. Assinado pelo governador da Capitania do Rio Grande de São Pedro, o brigadeiro Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara e pelo engenheiro Alexandre Eloy Portelli.
Conjunto documental: Vice-reinado. Correspondência com o governo e mais pessoas do Rio Grande do Sul sobre demarcação de limites, etc.
Notação: códice 104, vol.10.
Datas-limite: 1785 - 1789
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil
Argumento de pesquisa: Viagens científicas e filosóficas
Data do documento: 10 de novembro de 1787
Local: Rio Grande de São Pedro
Folhas: 130 a 132Prefácio
Pode o pintor com delicado pincel representar a natureza; mas não expressar as circunstâncias, notícias e movimentos dos sucessos. Esta é a parte reservada ao historiador: feliz a enérgica pena ao que ao seu escritor sabe desempenhar, felizes as palavras, que uma nova pintura compõe, aquela perceptível a vista, está ao discurso.
Um extenso Diário, qual o que compomos na Campanha[1], é indispensável para a exata configuração dos planos; porém ele fica fastidioso a leitura, pela multidão de adições próprias da matéria e semelhante a uma apostila das Leis da estrutura superficial da Terra. D’aqui se vê facilmente a precisão de se construir outro, em o qual não somente se resuma aquele, podendo servir também a formação de novo mapa, mas ainda se lhe ajuntem algumas breves notas sobre a História Natural[2] e do País.
Esta é a obra que eu sou obrigado satisfazer na ausência do Segundo comissário, o coronel Francisco João Roscio[3], que se acha incumbido da demarcação do Art° 8º[4]. Talvez seja bem diferente o método que eu me proponho a seguir; d’aquele de que ele o faria nos antecedentes diários, e dos quais não tive jamais conhecimento algum: Porém que melhor desculpa posso eu ter aos meus erros, do que a da obediência às ordens superiores? Eu sou mandado com as frágeis armas da minha humilde eloquência apresentar o descoberto peito aos críticos golpes das armadas séries de ilustres e assaz instruídas pessoas por cujas mãos tem de caminhar este papel.
Vem pois a ser o corpo principal do presente diário resumido a explanação de todas as marchas, o seu rumo geral verdadeiro, e as suas distancias retas, e andadas; o resultado das observações de Latitude, Longitude, e variação d’agulha; uma leve passagem sobre as qualidades do terreno de cada derrota, e a descrição particular dos lugares, montanhas, arvoredos, lagoas, arroios e rios remarcáveis com as etimologias e significados dos seus nomes. Na citação das notas eu devo referir algumas notícias das produções naturais deste continente pelos três reinos: animal, vegetal e mineral, descrevendo-os concisamente, conforme o permite o título de um diário, e reduzindo-os ao Sistema do grande Lineu[5] a proporção que casualmente se forem apresentando. Reservando, porém, para um particular suplemento aos diários da 1ª Partida[6] todos os conhecimentos que pode alcançar e as minhas ocupações me concederem acerca da mesma matéria.
Bem longe de desprezar os termos próprios do País, eu pretendo usar deles simultaneamente depois de os explicar, e combinar nas mesmas notas; assim será inteligível este diário não só na Europa, mas ainda nesta América.
Pode ser que meu ante-escriptor tenha nos passados Diários suprido já a interpretação destas frases; mas eu não devo expor aos meus leitores na contingência de experimentarem essa falta: podendo na leitura omitir-se aquelas notas, que julgarem supérfluas; para cujo fim as distinguirei com diferentes sinais, fazendo preceder uma estrelinha as que definem os referidos termos; de uma letra do alfabeto as pertencentes à História Natural e de números as do País.
Representar todos os dias sobre o Teatro da natureza as mesmas, ou bem semelhantes cenas, e mudar de provérbios não é certamente mais fácil: donde se segue não poder eu fugir do vício da monotonia, ou repetição de palavras.
Finalmente eu sou encaminhado a composição de um Diário de reconhecimentos topográficos com a união de uma viagem histórica; qualquer das duas partes mais difícil aos meus débeis talentos; qual tenra planta, que abundantes, e agradáveis frutos não pode dar antes do seu tempo.
[1] COMISSÃO DE DEMARCAÇÃO: comissões encarregadas de definir os limites entre as colônias portuguesas e espanholas na América, de acordo com os tratados assinados entre as duas Coroas. Os Tratados de Madri (1750) e Santo Ildefonso (1777), que redefiniram, os limites da região amazônica e na bacia do Prata, determinaram a formação de expedições demarcatórias com a presença de geógrafos, padres matemáticos, cartógrafos, militares, desenhadores, naturalistas com o objetivo de efetivar as decisões dos tratados e o poder na metrópole em seus territórios. A cartografia produzida por essas expedições serviu como ferramentas fundamentais às negociações políticas e à definição do traçado fronteiriço entre as Coroas Ibéricas. Além de mapear as novas fronteiras, uma vez que as comissões percorreriam uma região pouco explorada, que seus membros também foram encarregados de recolher espécimes naturais, agregando um interesse científico ao caráter político-militar das expedições.
[2] HISTÓRIA NATURAL: Ao longo do século XVIII, tornam-se centrais a observação e estudo da natureza, orientados pelos critérios ilustrados de racionalidade e utilitarismo. O campo do conhecimento designado como História Natural que compreendia a Botânica, a Zoologia e a Mineralogia, sofreu, no setecentos, a influência das novas teorias científicas e paradigmas filosóficos. Buscava-se promover um inventário da natureza de acordo com os sistemas de classificação e a taxonomia criados por Carl Von Lineu e das propostas de descrição e investigação do mundo natural organizadas pelo intendente do Jardin du Roi, conde de Buffon. Nesse período, foram promovidas viagens às diversas regiões do globo tendo em vista o recolhimento de espécies dos “três reinos da natureza” para envio aos museus e gabinetes de História Natural criados na Europa. Em Portugal, verifica-se um crescente interesse pela História Natural na segunda metade do XVIII, manifestado na criação de museus, gabinetes e jardins botânicos e na introdução da disciplina nos estudos superiores através da reforma pombalina da Universidade de Coimbra (1772). Após o período da ocupação holandesa no nordeste brasileiro, quando se produziu o primeiro tratado de História Natural do Brasil, por Piso e Margrave, a investigação da natureza ficaria a cargo especialmente dos religiosos da Companhia de Jesus, até o setecentos, sobretudo em sua segunda metade, quando um maior aproveitamento das potencialidades dos territórios impulsionou o conhecimento das produções naturais dos domínios ultramarinos portugueses, incluindo as viagens científicas e filosóficas patrocinadas pela Coroa lusa. Integravam tais expedições, naturalistas formados pela Universidade reformada, conhecedores da História Natural que professavam os princípios de experimentação e observação da ciência moderna. As diferentes espécies vegetais e animais recolhidas nas viagens eram encaminhadas aos gabinetes de História Natural e classificadas segundo o sistema lineano. A preocupação com as possíveis aplicações dos produtos verificava-se já na pesquisa de campo, quando os naturalistas indicavam o uso medicinal e alimentar que lhes davam os povos indígenas. Inúmeras foram as publicações que resultaram desse intenso período dedicado à coleta e à pesquisa dos chamados “três reinos da natureza”, entre elas o Florae Lusitanicae et Brasiliensis (1788) e o Dicionário dos termos técnicos de História Natural (1788) de Domingos Vandelli; Flora fluminensis, de José Marianno da Conceição Veloso; Observações sobre a História Natural de Goa, feitas no ano de 1784, de Manoel Galvão da Silva, além de diversas memórias da Academia Real das Ciências de Lisboa dedicadas à botânica.
[3] ROSCIO, FRANCISCO JOÃO (1733-1805): nascido na ilha da Madeira em 1733, o geógrafo e engenheiro militar Francisco João Roscio chega ao Brasil em 1767, onde atuaria como cartógrafo. Foi responsável por diversos projetos de vilas, prédios públicos e igrejas. No atual Rio Grande do Sul, seus principais projetos foram a Matriz de Cachoeira do Sul e a Matriz de Rio Pardo. No Rio de Janeiro, projetou a Igreja da Candelária. Designado pelo marquês de Lavradio, vice-rei entre 1770 e 1779, para construção e reparação de fortificações, realizou também o levantamento cartográfico das capitanias do Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande de São Pedro o. Tenente-coronel do Corpo de Engenheiros integrou as expedições de demarcação de limites na região Sul do Brasil, decorrentes dos tratados assinados entre as coroas ibéricas. Atuou como segundo comissário, chefiando a primeira divisão da quarta Campanha de demarcação de limites da América Meridional, integrada, ainda, pelo engenheiro José Saldanha e pelo ajudante Elói Portelli. Durante os anos de 1774 e 1775, escreve seu Compêndio Noticioso do Continente do Rio Grande de São Pedro, descrevendo os costumes dos habitantes, as atividades econômicas e o sistema de transportes da região. Entre os anos de 1801 e 1803 ocupou o cargo de governador interino da Capitania do Rio Grande de São Pedro, vindo a falecer em 1805, em Porto Alegre.
[4] TRATADO PRELIMINAR DE 1777 (TRATADO DE SANTO ILDEFONSO): o Tratado Preliminar de Paz e Limites, assinado em Santo Ildefonso, em 1º de outubro de 1777, teve como finalidade encerrar os conflitos fronteiriços na América e na Ásia, que ocorreram ao longo de quase três séculos, entre Portugal e Espanha. Com o fracasso do Tratado de Madri, anulado pelo El Pardo (1761), representantes das coroas ibéricas, d. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho e o conde de Floridablanca, negociaram um tratado preliminar que, posteriormente, foi reafirmado e aprimorado pelo Tratado de Amizade, Garantia e Comércio em 11 de março de 1778 (Tratado de El Pardo). O acordo pretendia demarcar fronteiras conforme os acidentes demográficos das regiões em litígio, para tanto, comissões demarcatórias foram estabelecidas por ambas as coroas, que deveriam encaminhar-se até os locais determinados pelo tratado e estabelecer a linha divisória entre os limites espanhóis e portugueses. De acordo com o tratado, Colônia do Sacramento e as terras a leste do rio Uruguai caberiam à Espanha, incluindo o território das missões orientais, admitindo a soberania castelhana sobre as duas margens do rio da Prata. Enquanto a Espanha deveria restituir a ilha de Santa Catarina – invadida em 1776 pelas forças espanholas a partir de Buenos Aires – à coroa lusa, além de garantir o domínio português na região do Rio Grande de São Pedro e adjacências, passando o limite fronteiriço pelo rio Jacuí. O tratado previa ainda, ajustes nas divisas da região norte, notadamente Amazonas e Mato Grasso.
[5] LINEU, CARL VON (1707-1788): médico e naturalista sueco, estudou na Universidade de Upsala e dedicou-se aos estudos botânicos em primeiro lugar. Membro de diversas academias científicas, em contato com cientistas holandeses e franceses como os naturalistas do Jardin des Plantes de Paris, celebrizou-se por ter proposto um sistema de classificação das espécies em sua obra Systema Naturae, cuja primeira versão data de 1735. Há muito que os botânicos aspiravam encontrar um método de classificação das plantas fundado na observação e Lineu considerava ter, afinal, concebido um modo de utilizar as características naturais para classificar os gêneros. Mais do que uma terminologia e de artifícios de memorização para registrar plantas e animais, tratava-se de dotar a ciência de uma língua própria, o que estaria no centro de um grande debate do século XVIII, no qual muitos acusariam Lineu de ter tornado a língua da ciência mais complexa que a própria ciência. A despeito das críticas, a importância de sua obra é duradoura e de inegável repercussão, reconhecida por filósofos como Jean Jacques Rousseau, Kant, analisada por pensadores contemporâneos. Embora ele tenha se notabilizado pelo estabelecimento de uma nomenclatura, esta era para Lineu apenas uma parte de seus objetivos, sendo a classificação o outro pilar de sua sistemática. Dispor e denominar eram os fundamentos da ciência lineana, dedicando-se à classificação da natureza, partindo dos órgãos sexuais das flores para chegar ao que ele diria ser “a ordem soberana da natureza”, desvendada pela ordenação proposta. O sistema lineano, bastante disseminado na Península Ibérica, é adotado oficialmente em Portugal após as reformas pombalinas e norteará os trabalhos dos naturalistas luso-brasileiros em missões oficiais, além de engajar administradores e políticos como d. Rodrigo de Souza Coutinho e outros membros da Academia Real das Ciências de Lisboa. O naturalista italiano Domenico Vandelli, lente de História Natural em Coimbra, e idealizador das viagens científicas e filosóficas ao império ultramarino português foi correspondente de Lineu. José Saldanha autor do Diário Resumido e Histórico faz referência à obra do naturalista, buscando utilizar sua taxonomia na análise dos povos indígenas.
[6] 1ª PARTIDA: o documento em questão se refere à expedição promovida pela Primeira divisão de demarcação de limites da América Meridional, responsável pela demarcação das fronteiras da Região Sul, entre os rios Chuí e Igureí. Integraram a equipe portuguesa o governador da capitania do Rio Grande de São Pedro, Sebastião Xavier da Veiga Cabral, principal comissário; o coronel de infantaria com exercício de engenheiro, Francisco João Roscio, como segundo comissário; o engenheiro Alexandre Elói Portelli; o astrônomo e geógrafo José Saldanha, além do engenheiro Francisco das Chagas Santos e do astrônomo Joaquim Félix da Fonseca. A equipe que contava com matemáticos, astrônomos, engenheiros, oficiais, soldados e escravos deveria estabelecer marcos físicos a partir das indicações do Tratado. Os trabalhos tiveram início em 1784 e se estenderam por mais de uma década. A expedição produziu farto material cartográfico da região sul subsidiando a formulação de políticas de defesa das fronteiras, através da construção de fortificações, além de ter estabelecido núcleos de povoamento do território.
Carta Régia tratando das viagens científicas e filosóficas
Transcrição de carta régia de 27 de junho de 1806 expondo a necessidade de se empreender viagens científicas e filosóficas pelos territórios do império ultramarino português, e designando o naturalista Luiz Antônio da Costa Barradas, doutor em filosofia pela Universidade de Coimbra para comandar uma viagem filosófica à capitania de Pernambuco. A carta régia é transcrita no registro da provisão de d. Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho, bispo e reitor da Universidade de Coimbra ao doutor Luiz Antonio da Costa Barradas.
Conjunto documental: Avisos e ofícios. Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Guerra
Notação: IJJ1 758
Datas-limite: 1808-1808
Título do fundo: Série Interior
Código do fundo: A6
Argumento de pesquisa: Viagens científicas e filosóficas
Data do documento: 28 de julho de 1808
Local: Rio de Janeiro
Folha(s): 19 a 21v(...)
Reverendo bispo de Coimbra`1`, conde de Arganil, reformador reitor da Universidade de Coimbra, amigo. Eu o príncipe regente[2] vos envio muito saudar, como aquele a quem amo. Sendo-me presente que na instauração, e nova fundação dos estudos da Universidade de Coimbra`3`, o senhor Dom José`4`, meu avô, que santa glória haja, mandou fundar nela os dois estabelecimentos do gabinete da História Natural[5], e do Jardim Botânico[6] para as lições e demonstrações da mesma História Natural, ordenando ao reitor que `..] junto com a congregação da faculdade filosófica cuidasse em formar no primeiro do modo mais completo uma coleção de produtos dos três reinos da natureza, e em fazer cultivar no segundo todo o gênero de plantas, particularmente as que pudessem servir aos usos da medicina e das artes, dando as necessárias providencias para se juntarem as plantas dos meus domínios ultramarinos[7] pelas imensas riquezas que tem no que pertence ao reino vegetal, tudo a fim de que a mocidade acadêmica com a vista contínua dos objetos que compreende a História Natural[8] pudesse fazer maiores progressos nesta importante ciência, e dignamente habilitar-se para o meu real serviço, e do Estado: que desejando eu promover a boa execução destas sábias e providentes disposições; fora servido ordenar pela do primeiro de abril de mil oitocentos e um, que o reformador reitor com a congregação da faculdade pudesse mandar fazer viagens e expedições filosóficas[9] pelas diferentes províncias e distritos dos meus reinos e senhorios, por algum dos ministros da faculdade, debaixo das regras e direções que lhes fossem dadas, e estabelecer pelas ordens de doze de novembro de mil oitocentos e um uma recíproca correspondência entre os dois Reais Gabinetes e Jardins da Corte e da Universidade[10] para o efeito de comunicarem entre si os produtos e plantas que tivessem; e suposto que por efeito desta minha última providência se tivesse consideravelmente aumentado a coleção dos produtos e plantas do Gabinete e Jardim acadêmico e pudesse ir recebendo maiores acessões e aumentos, não se achavam ainda estes dois estabelecimentos em estado de poderem servir completamente aos fins da instrução pública por serem remetidas dos meus domínios ultramarinos os produtos da natureza pela maior parte sem as descrições necessárias para se conhecerem as características que as distinguem e não poderem por isso ser ordenados metodicamente segundo as suas classes, gêneros, e espécies, como dispõem os estatutos para se facilitarem estes conhecimentos, fazendo-se portanto necessário pôr em prática o meio das viagens filosóficas, mandando-se naturalista[11] de profissão a algumas das províncias, ou conquistas dos meu domínios ultramarinos para verem e observarem as produções naturais nos seus próprios lugares, recolhê-las, e remetê-las para a Universidade com as mais exatas descrições. Tomando todo o referido em consideração: Sou servido que sem demora se dê princípio as ditas viagens e expedições filosóficas. E conformando-me com a proposta que me fizestes do doutor Luiz Antonio da Costa Barradas`12`, graduado na Faculdade de Filosofia para a viagem da capitania de Pernambuco, depois de seres ouvido o parecer da congregação, sou servido nomeá-lo para a mesma viagem para a que partirá na primeira ocasião que se oferecer, e se regulará pelas vossas direções e da congregação, fazendo remeter para a Universidade as coleções que juntam dos produtos, e plantas com as descrições competentes. Terá de ordenado quinhentos mil réis[13] cada ano, que será extraído da parte das câmaras aumentada pelo alvará de vinte de agosto de mil setecentos e setenta e quatro, a qual ficou reservada na distribuição dos partidos para semelhantes despesas. E mando que se lhe haja de prestar todo o auxílio que for necessário em benefício desta comissão. O que me pareceu participar-vos para que assim o tenhas entendido, e o faças executar com os despachos necessários. Escrita no palácio de Mafra[14] em vinte e sete de junho de mil oitocentos e seis. Príncipe. Para o reverendo bispo de Coimbra, conde de Arganil: cumpra-se, registre-se.
(...)[1] Nascido no Rio de Janeiro, em 5 de abril de 1735, estudou os preparatórios com os jesuítas na mesma cidade. Cursou Direito Canônico na Universidade de Coimbra, e mais tarde tornou-se lente daquela Universidade. Foi ainda frei conventual da Ordem de São Bento de Avis, bispo de Coimbra, senhor de Coja, do conselho do rei d. João VI, membro do Tribunal do Santo Ofício, desembargador da Casa da Suplicação, reitor do Colégio das Ordens Militares e deputado da Mesa Censória. Reitor por duas vezes da Universidade de Coimbra, em sua primeira gestão, iniciada em 1770, esteve à frente da reforma universitária promovida por Pombal, sendo nomeado em carta régia de 1772 como reformador da instituição. Consoante com o projeto de laicização do Estado, a reforma da universidade inicia-se com o afastamento dos jesuítas, mais tarde são elaborados os novos estatutos de orientação ilustrada, preconizando o ensino laico e priorizando conhecimentos de aplicação prática que subsidiassem políticas de Estado. Nesse sentido, tornou-se espaço privilegiado da formação de uma elite intelectual luso-brasileira que ocuparia cargos centrais na administração estatal. Em seu segundo período como reitor, de 1799 a 1821, enfrentou sérios problemas decorrentes da invasão do território português pelas tropas francesas, tendo que suspender os trabalhos na Universidade, em 1808, por ter sido escolhido pelo próprio general Junot como membro da deputação encarregada de ir a Baiona cumprimentar Napoleão e pedir-lhe a indicação de um soberano à coroa lusa, retornando ao reino somente em 1814. Embora eleito deputado às cortes gerais e constituintes, em 1821, pelo Rio de Janeiro, não tomou posse, falecendo no ano seguinte em Coimbra.
[2] Segundo filho de d. Maria I e d. Pedro III, que se tornou herdeiro da Coroa com a morte do seu irmão primogênito, d. José, em 1788. Assumiu a regência do Reino em 1792, no impedimento da mãe que foi considerada incapaz. Foi sob o governo do então príncipe regente que Portugal enfrentou sérios problemas com a França de Napoleão Bonaparte, sendo invadido pelos exércitos franceses em 1807. Como decorrência da invasão francesa, a família real e a corte lisboeta partiram para o Brasil em novembro daquele ano, aportando em Salvador em janeiro de 1808. Dentre as medidas tomadas por d. João em relação ao Brasil estão: a abertura dos portos às nações amigas; liberação para criação de manufaturas; criação do Banco do Brasil; fundação da Real Biblioteca; criação de escolas e academias, e uma série de outros estabelecimentos dedicados ao ensino e à pesquisa, representando um importante fomento para o cenário cultural e social brasileiro. Em 1816, com a morte de d. Maria I, tornou-se d. João VI, rei de Portugal, Brasil e Algarves. Em 1821, retornou com a Corte para Portugal, deixando seu filho d. Pedro como regente. Deu-se sob o seu governo, o reconhecimento da independência do Brasil no ano de 1825. D. João VI faleceu em 1826.
[3] Fundada em 1290 por D. Dinis, foi a principal responsável pela formação acadêmica da elite do Império Português (metropolitanos ou colonos). Desde 1565 esteve sob a direção dos padres jesuítas, e em 1772, durante a administração do marquês de Pombal, ministro de d. José I, sofreu sua principal e mais significativa reforma, que resultou em novos estatutos como parte de um plano mais geral de reforma do ensino em Portugal e seus domínios iniciada em 1759, com a expulsão dos inacianos dos territórios portugueses e do sistema de instrução pública. Em um primeiro momento, apenas os Estudos Menores (ensino elementar e médio) sofreram mais mudanças, deixando-se os Estudos Maiores (superior) para um período posterior, quando a nova base da instrução estivesse organizada. Em 1771, então, d. José formou a Junta da Providência Literária, cuja principal missão seria a avaliação do estado da Universidade durante o período em que esteve sob administração dos jesuítas e a proposição de mudanças, a fim de melhorar o ensino, conforme sua orientação. A direção geral da reforma foi a de promover a secularização e modernização do ensino superior traduzidas em um conhecimento mais técnico, crítico e pragmático informado pelos princípios da Ilustração, para formar cidadãos "úteis" ao Estado e à administração pública. Deste modo, foram reformuladas as Faculdades de Filosofia e de Matemática, introduzidos os laboratórios para aulas práticas, a organização dos cursos e das disciplinas foi alterada, de modo a seguir um novo método, e toda a metodologia de ensino e os compêndios usados pelos jesuítas foram proibidos e substituídos, bem como a duração das aulas e dos cursos foi encurtada. Os professores religiosos deveriam ser paulatinamente substituídos por leigos escolhidos por seleção pública. Para realizar a reforma foi nomeado d. Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho, intitulado bispo reformador da Universidade de Coimbra, natural do Brasil, que ficou a frente da administração da universidade entre 1770 e 1779 (e depois entre 1799 e 1821) e que executou a reforma, nos moldes dos novos estatutos.
[4] Filho e sucessor de d. João V, foi aclamado rei em setembro de 1750. Sob seu reinado deu-se a guerra guaranítica (1754-56) contra os jesuítas e os índios guaranis dos Sete Povos das Missões; a reconstrução da parte baixa de Lisboa, atingida por um terremoto (1755); e a expulsão dos jesuítas do Reino e domínios ultramarinos (1759). Considerado um déspota esclarecido, o governo de d. José I destacou-se pela atuação do seu secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, marquês de Pombal, que liderou uma série de reformas em Portugal e seus domínios. Estas mudanças renderam a d. José o cognome de reformador.
[5] O Gabinete de História Natural da Universidade de Coimbra foi fundado em 1772, mesmo ano da introdução da História Natural nos estudos superiores naquela Universidade. As duas medidas decorreram das reformas pombalinas no âmbito da Ilustração portuguesa, cabendo ao naturalista italiano Domenico Vandelli, encarregado pelo marquês de Pombal de lecionar a nova disciplina, a organização do gabinete. A instituição funcionava como anfiteatro da natureza, reproduzindo o ambiente natural das colônias ao congregar o maior número possível de espécies de animais, plantas, minerais e artefatos das diversas partes do império. Além do caráter pedagógico e científico de auxílio aos estudiosos do mundo natural, configurava-se como um espaço cortesão o que se evidencia no envio regular de remessas por administradores locais que buscavam com isso fortalecer seus laços nos círculos ilustrados da metrópole e com o próprio rei. Ao reunir a diversidade da natureza e dos povos do império, dava conta de sua magnitude e do poderio do soberano. A exemplo dos outros museus de história natural que se multiplicavam pela Europa setecentista o da Universidade de Coimbra também adquiriu coleções de particulares, dando-lhes um caráter diverso. Enquanto as coleções particulares refletiam um gosto pessoal pelo entesouramento, os museus do século XVIII, além de simbolizarem o poder das coroas e a extensão de seus domínios eram espaço de investigação científica. O estudo dos espécimes seguido de sua classificação permitiria definir sua utilidade prática ou econômica. A parte mais significativa de seu acervo veio, entretanto, das viagens promovidas pela coroa lusa pelos seus territórios ultramarinos, em que os ex-alunos de Vandelli enviavam amostras dos três reinos da natureza.
[6] Instalado em 1774, na Quinta de São Bento, o Jardim Botânico da Universidade de Coimbra estava associado ao Gabinete de História Natural, ambos fundados no âmbito das reformas pombalinas que introduziram na Universidade o curso de História Natural. Seu diretor e lente da nova disciplina era Domenico Vandelli, célebre naturalista italiano idealizador das Viagens Científicas e Filosóficas, e correspondente do naturalista sueco Lineu. O Jardim seria um espaço dedicado ao estudo prático da botânica, um dos ramos da História Natural, daí sua vinculação à Universidade. Recebia plantas das diversas partes dos domínios ultramarinos que eram aclimatadas, observadas nas diferentes fases de seu desenvolvimento durante as estações do ano, desenhadas e classificadas conforme o sistema lineano. O Jardim cumpria ainda a tarefa de aclimatar espécies para sua posterior transferência a outras possessões do Império. Com a jubilação de Vandelli acusado de ser simpático aos ideais da Revolução Francesa, e exilado em Londres, o botânico Félix de Avellar Brotero, autor da Flora Lusitanica, assume em 1791 a direção do Jardim Botânico.
[7] Ultramar era o termo também utilizado para se referir aos domínios ultramarinos, designava as possessões de além-mar, as terras conquistadas e colonizadas no período da expansão marítima e comercial européia, ocorrida a partir do século XV. No caso português, as possessões coloniais espalhavam-se pelos continentes africano, americano e asiático, tendo como principais cidades Luanda e Benguela na África, Macau e Malaca na Ásia, e Rio de Janeiro e Salvador na América.
[8] Ao longo do século XVIII, a observação e estudo da natureza adquirem crescente importância e passam a obedecer aos critérios de racionalidade e utilitarismo característicos da ilustração. O campo do conhecimento designado como História Natural que compreendia a Botânica, a Zoologia e a Mineralogia, sofre no setecentos a influência das novas teorias científicas e paradigmas filosóficos à medida que se configura como disciplina autônoma e científica, dotada de método. Buscava-se promover um inventário da natureza que passava pela classificação e ordenação do mundo natural a partir essencialmente do sistema elaborado pelo naturalista sueco Carl von Lineu. Nesse sentido foram promovidas viagens às diversas regiões do globo tendo em vista o recolhimento de espécies dos chamados "três reinos da natureza" para envio aos museus e gabinetes de História Natural criados na Europa. Em Portugal verifica-se um crescente interesse pela História Natural, na segunda metade do XVIII, manifesto na criação de museus, gabinetes e jardins botânicos e na introdução da disciplina nos estudos superiores através da reforma pombalina da Universidade de Coimbra (1772). O conhecimento das produções naturais dos domínios ultramarinos portugueses, tendo em vista um maior aproveitamento das potencialidades dos territórios impulsionou as viagens científicas e filosóficas patrocinadas pela coroa lusa. Integravam tais expedições naturalistas formados pela Universidade reformada conhecedores da História Natural que deveria obedecer aos princípios de experimentação e observação da ciência moderna. As diferentes espécies vegetais e animais recolhidas nas viagens eram encaminhadas aos gabinetes de história natural e classificadas segundo o sistema do naturalista sueco Carl Von Lineu (1707-1778). A preocupação com as possíveis aplicações dos produtos verificava-se já na pesquisa de campo quando os naturalistas indicavam o uso medicinal e alimentar que lhes davam os povos indígenas. Inúmeras foram as publicações que resultaram desse intenso período dedicado a coleta e pesquisa de exemplares dos "três reinos da natureza", entre elas Florae Lusitanicae et Brasiliensis(1788) e o Dicionário dos termos técnicos de História Natural(1788), de Domingos Vandelli; Flora fluminensis, de José Marianno da Conceição Velloso; Observações sobre a História Natural de Goa, feitas no ano de 1784, de Manoel Galvão da Silva, além de diversas memórias da Academia Real das Ciências de Lisboa dedicadas à botânica.
[9] A América portuguesa recebeu, ao longo do setecentos, diversas expedições promovidas pela coroa lusa que até o último quartel do século tinham como objetivo a demarcação de limites com a Espanha. Tais expedições, decorrentes dos tratados de Madri e de Santo Idelfonso, contavam com a presença de astrônomos, geógrafos, matemáticos e engenheiros que promoveram minuciosa descrição geográfica das regiões de fronteira. A partir da segunda metade do século XVIII, a História Natural passa a figurar entre as principais preocupações das expedições ao mesmo tempo em que se configurava como disciplina na Universidade de Coimbra reformada. Concomitante com o mapeamento do espaço impunha-se inventariar suas produções naturais, conhecer as potencialidades do território, seus recursos naturais e possíveis aplicações na medicina, na alimentação e na indústria, além de verificar os terrenos mais propícios a cada cultura. Idealizadas pelo naturalista italiano Domenico Vandelli, professor da Universidade de Coimbra, as chamadas Viagens filosóficas, foram expedições enviadas às possessões portuguesas na América e na Ásia comandadas por seus alunos, a partir da década de 1780. No ano de 1783, os naturalistas Joaquim José da Silva, Manoel Galvão da Silva, João da Silva Feijó e Alexandre Rodrigues Ferreira foram enviados para Angola, Índia e Moçambique, Cabo Verde, e Brasil, respectivamente. As equipes contavam ainda com riscadores encarregados de desenhar as espécies da flora e fauna, além dos nativos. Cabia aos naturalistas, o recolhimento de espécies dos reinos vegetal, mineral e animal dos territórios coloniais que seriam encaminhadas ao Museu Nacional em Portugal. Uma vez recolhidas nas instituições científicas portuguesas as espécies seriam analisadas e classificadas conforme o sistema de Lineu. Durante as expedições, os naturalistas deviam seguir os procedimentos estabelecidos nas instruções para viagens, elaboradas pela Universidade de Coimbra ou pela Academia das Ciências de Lisboa que determinavam o método a ser empregado na coleta, acondicionamento, classificação e remessa dos produtos, além de orientar sobre a produção do diário de viagem. No âmbito da administração lusa, a Secretaria da Marinha e dos Negócios Ultramarinos, na figura do secretário Martinho de Melo e Castro esteve à frente desses empreendimentos. Embora o projeto inicial de Vandelli de produzir uma História Natural das Colônias não tenha sido levado a cabo, as viagens filosóficas produziram farta documentação, entre correspondências, diários, memórias e outras publicações a respeito da natureza, geografia e dos povos indígenas no ultramar.
[10] Construído em uma quinta comprada por d. José I ao conde da Ponte, junto ao Paço d'Ajuda, e sob direção do naturalista, botânico e químico italiano Domingos Vandelli (que foi seu primeiro diretor entre 1791 e 1811), o Real Museu e Jardim Botânico d'Ajuda foi oficialmente instalado em 1768 e tinha, como fim primeiro, auxiliar na educação dos jovens príncipes, bem como servir para seu divertimento. Era composto de três anexos: o Museu de História Natural, que recolheu espécies dos chamados "três reinos da natureza" no Brasil e depois em outras colônias portuguesas, como Angola, Goa, Moçambique, Cabo Verde, frutos de expedições científicas e filosóficas, tais como a de Alexandre Rodrigues Ferreira ao Brasil; o Laboratório de Química (que mais tarde passou a ser de Física também); e a Casa do Risco, para o ensino de desenho e artes. Recebeu plantas e sementes de praticamente todos os continentes (aproximadamente cinco mil exemplares no início), mas no final da gestão de Vandelli, o jardim havia decaído consideravelmente (a coleção baixou para cerca de mil e duzentas espécies vegetais), pois se acabou privilegiando as obras de melhoramento e estrutura em detrimento do cuidado com as espécies. Em 1811 começou um período próspero, sob a direção de Félix de Avelar Brotero, renomado botânico, que fez reviver o jardim, com a construção de estufas e o cultivo de plantas exóticas, vindas, sobretudo, do Brasil e das colônias portuguesas na África.
[11] Os naturalistas eram, em geral, bacharéis em Filosofia Natural formados pela Universidade de Coimbra, ou ainda magistrados, matemáticos e médicos que cursavam a cadeira de História Natural que os habilitava para o recolhimento e preparação dos produtos naturais e às observações zoológicas, botânicas e mineralógicas. Dedicavam-se, portanto, à investigação da natureza. Reflexo da política lusa de conhecimento dos territórios ultramarinos e investigação dos recursos naturais, a partir de segunda metade do XVIII foram promovidas Viagens científicas e filosóficas comandadas por naturalistas. O perfil ideal do naturalista viajante era o de um indivíduo com uma formação ampla, que além de história natural, conhecesse áreas como geografia, química, física, direito, economia, matemática (em especial trigonometria plana) e desenho. Sendo difícil congregar em uma só pessoa saberes tão diversos, as equipes às vezes contavam com indivíduos de formação diferente. Alguns naturalistas atuavam apenas nos Gabinetes de História Natural, em Portugal, planejando as viagens e sistematizando o material recebido.
`12] Natural de Coimbra, Portugal, Luiz Antonio da Costa Barradas doutorou-se em Filosofia pela Universidade da mesma cidade. Em 1806 foi o naturalista designado pela coroa portuguesa para uma viagem científica à capitania de Pernambuco, instruída por José Bonifácio. Quatro anos mais tarde, com a morte de Francisco Xavier Caldeira Cardoso, o "Xavier dos Pássaros" foi nomeado Inspetor da Casa de História Natural, também conhecida como "Casa dos Pássaros", instituição criada em 1784 pelo vice-rei D. Luiz de Vasconcellos e Sousa para a guarda, preparação e envio a Portugal de produtos naturais - minerais, plantas, animais e adornos indígenas - recolhidos pelas expedições científicas. Com o fechamento da Casa dos Pássaros, ainda em 1810, Barradas tornou-capitão do Real Corpo de Engenheiros e professor de Física da Academia Real Militar, recém-criada. Nomeado oficial da Secretária de Estado dos Negócios da Marinha, em 1816, traduziu o livro "Geometria prática do obreiro ou aplicação da régua, da esquadria e do compasso à solução dos problemas de geometria de Mr. E. Martin", em 1834. Foi ainda diretor da Sociedade Literária do Rio de Janeiro, quando escreveu o opúsculo do livro que leva o nome da instituição, em 1843. Em 1845, foi nomeado juiz de paz da freguesia de São João Batista, além de assumir três anos mais tarde como subdelegado de polícia. Condecorado com os títulos de comendador da Ordem de Cristo e cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa faleceu em 1862, na cidade do Rio de Janeiro.
[13] Moeda portuguesa utilizada desde a época dos descobrimentos (séculos XV e XVI). Tratava-se de um sistema de base milesimal, cuja unidade monetária era designada pelo mil réis, enquanto o réis designava valores fracionários. Vigorou no Brasil do início da colonização (século XVI) até 1942, quando foi substituída pelo cruzeiro.
[14] Localizado na então vila de Mafra, em Lisboa, o Palácio Nacional de Mafra foi construído durante o faustoso reinado de d. João V (1706-1750). Ícone da arquitetura barroca em Portugal, o Palácio compõe um conjunto arquitetônico que inclui, ainda, uma das maiores bibliotecas européias setecentistas, com cerca de 40.000 livros, o Convento, a Basílica e os Carrilhões, num conjunto de 92 sinos. As obras iniciaram-se em 1717 sob a direção de João Frederico Ludovice, ourives alemão, que estudou arquitetura na Itália. O projeto, que previa inicialmente a construção de um convento destinado à Ordem dos Frades Arrábidos, acabou tomando vulto e tornando-se um palácio-mosteiro, símbolo da espetacularização do poder real. Entre os muitos materiais importados para construção do monumento, inclui-se o ouro brasileiro cuja exploração, atingia seu apogeu nas Minas Gerais. A consagração da Basílica ocorreu em 1730, no 41° aniversário de d. João V. Embora não tenha funcionado como moradia habitual dos monarcas, o Palácio hospedava a família real por ocasião de festas religiosas ou nas caçadas. Durante a invasão francesa, em 1807, Mafra funcionou como uma base militar. Foi também do Palácio, que o último rei português, d. Manuel II, fugiu para o exílio com a proclamação da República, em 1910.Expedição de Frei Mariano da Conceição Vellozo
Portaria de 16 de março de 1789 encarregando o tesoureiro das despesas miúdas da Real Fazenda, Paulo Carneiro de Almeida, de pagar ao segundo tenente Joaquim da Silva de Carneiro a quantia de 197.675 réis relativa ao pagamento dos ordenados dos desenhadores e demais despesas da História Natural.
Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte
Notação: códice 73, volume 17
Datas-limite: 1787 - 1789
Título do fundo: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: Frei Mariano da Conceição Vellozo
Data do documento: 16 de março de 1789
Local: Rio de Janeiro
Folhas: 172 vPortaria ao tesoureiro das despesas miúdas da Real Fazenda[1] para satisfazer ao segundo tenente Joaquim da Silva de Carvalho a quantia de 197.675 réis[2] para as despesas pertencentes a História Natural[3] . O tesoureiro das despesas miúdas da Real Fazenda Paulo Carneiro de Almeida satisfará ao segundo tenente Joaquim da Silva de Carvalho a quantia de 194.675 réis a saber 85.615 para pagamento das despesas pertencentes a História Natural e 109.060 réis para satisfazer os dias de trabalho, que desde de janeiro, fevereiro, março, do corrente ano tem vencido os desenhadores[4], que andam na companhia do Padre Me. Frei José Mariano da Conceição Vellozo[5], a quem tenho encarregado das diligências da mesma História Natural.
Rio, 16 de março de 1789 com a rubrica de S. Exª.
[1] REAL ERÁRIO: instituição fiscal criada em Portugal, no reinado de d. José I, pelo alvará de 22 de dezembro de 1761, para substituir a Casa dos Contos. Foi o órgão responsável pela administração das finanças e cobrança dos tributos em Portugal e nos domínios ultramarinos. Sua fundação simbolizou o processo de centralização, ocorrido em Portugal sob a égide do marquês de Pombal, que presidiu a instituição como inspetor-geral desde a sua origem até 1777, com o início do reinado mariano. Desde o início, o Erário concentrou toda a arrecadação, anteriormente pulverizada em outras instâncias, padronizando os procedimentos relativos à atividade e serviu, em última instância, para diminuir os poderes do antigo Conselho Ultramarino. Este processo de centralização administrativa integrava a política modernizadora do ministro, cujo objetivo central era a recuperação da economia portuguesa e a reafirmação do Estado como entidade política autônoma, inclusive em relação à Igreja. No âmbito fiscal, a racionalização dos procedimentos incluiu também novos métodos de contabilidade, permitindo um controle mais rápido e eficaz das despesas e da receita. O órgão era dirigido por um presidente, que também atuava como inspetor-geral, e compunha-se de um tesoureiro mor, três tesoureiros-gerais, um escrivão e os contadores responsáveis por uma das quatro contadorias: a da Corte e da província da Estremadura; das demais províncias e Ilhas da Madeira; da África Ocidental, do Estado do Maranhão e o território sob jurisdição da Relação da Bahia e a última contadoria que compreendia a área do Rio de Janeiro, a África Oriental e Ásia. Por ordem de d. José I, em carta datada de 18 de março de 1767, o Erário Régio foi instalado no Rio de Janeiro com o envio de funcionários instruídos para implantar o novo método fiscal na administração e arrecadação da Real Fazenda. Ao longo da segunda metade do século XVIII, seriam instaladas também Juntas de Fazenda na colônia, subordinadas ao Erário e responsáveis pela arrecadação nas capitanias. A invasão napoleônica desarticulou a sede do Erário Régio em Lisboa. Portanto, com a transferência da Corte para o Brasil, o príncipe regente, pelo alvará de 28 de junho de 1808, deu regulamento próprio ao Erário Régio no Brasil, contemplando as peculiaridades de sua nova sede. Em 1820, as duas contadorias com funções ultramarinas foram fundidas numa só: a Contadoria Geral do Rio de Janeiro e da Bahia. A nova sede do Tesouro Real funcionou no Rio de Janeiro até o retorno de d. João VI para Portugal, em 1821.
[2] RÉIS: moeda portuguesa utilizada desde a época dos descobrimentos (séculos XV e XVI). Tratava-se de um sistema de base milesimal, cuja unidade monetária era designada pelo mil réis, enquanto o réis designava valores fracionários. Vigorou no Brasil do início da colonização (século XVI) até 1942, quando foi substituída pelo cruzeiro.
[3] HISTÓRIA NATURAL: ao longo do século XVIII, tornam-se centrais a observação e estudo da natureza, orientados pelos critérios ilustrados de racionalidade e utilitarismo. O campo do conhecimento designado como História Natural que compreendia a Botânica, a Zoologia e a Mineralogia, sofreu, no setecentos, a influência das novas teorias científicas e paradigmas filosóficos. Buscava-se promover um inventário da natureza de acordo com os sistemas de classificação e a taxonomia criados por Carl Von Lineu e das propostas de descrição e investigação do mundo natural organizadas pelo intendente do Jardin du Roi, conde de Buffon. Nesse período, foram promovidas viagens às diversas regiões do globo tendo em vista o recolhimento de espécies dos “três reinos da natureza” para envio aos museus e gabinetes de História Natural criados na Europa. Em Portugal, verifica-se um crescente interesse pela História Natural na segunda metade do XVIII, manifestado na criação de museus, gabinetes e jardins botânicos e na introdução da disciplina nos estudos superiores através da reforma pombalina da Universidade de Coimbra (1772). Após o período da ocupação holandesa no nordeste brasileiro, quando se produziu o primeiro tratado de História Natural do Brasil, por Piso e Margrave, a investigação da natureza ficaria a cargo especialmente dos religiosos da Companhia de Jesus, até o setecentos, sobretudo em sua segunda metade, quando um maior aproveitamento das potencialidades dos territórios impulsionou o conhecimento das produções naturais dos domínios ultramarinos portugueses, incluindo as viagens científicas e filosóficas patrocinadas pela Coroa lusa. Integravam tais expedições, naturalistas formados pela Universidade reformada, conhecedores da História Natural que professavam os princípios de experimentação e observação da ciência moderna. As diferentes espécies vegetais e animais recolhidas nas viagens eram encaminhadas aos gabinetes de História Natural e classificadas segundo o sistema lineano. A preocupação com as possíveis aplicações dos produtos verificava-se já na pesquisa de campo, quando os naturalistas indicavam o uso medicinal e alimentar que lhes davam os povos indígenas. Inúmeras foram as publicações que resultaram desse intenso período dedicado à coleta e à pesquisa dos chamados “três reinos da natureza”, entre elas o Florae Lusitanicae et Brasiliensis (1788) e o Dicionário dos termos técnicos de História Natural (1788) de Domingos Vandelli; Flora fluminensis, de José Marianno da Conceição Veloso; Observações sobre a História Natural de Goa, feitas no ano de 1784, de Manoel Galvão da Silva, além de diversas memórias da Academia Real das Ciências de Lisboa dedicadas à botânica.
[4] DESENHADORES: desenhistas e pintores ocuparam, durante a maior parte do período colonial, um papel secundário na produção artística da época. As atividades que eles desenvolviam se enquadravam nas mais variadas atividades “mecânicas”, desde a elaboração de descrições topográficas para a construção de fortalezas, até a pintura de tábuas das bocas das sepulturas, havendo, portanto, uma fronteira muito tênue entre o que hoje chamaríamos arte (belas artes) e os ofícios mecânicos e artesanatos diversos. O estudo do desenho era requisito apenas para quem fosse trabalhar nas áreas de construção e engenharia, mas em outras áreas de estudo o suporte dado por esta atividade mostrou-se indispensável. É o caso, por exemplo, da História Natural, que contava com a fidelidade da reprodução dos elementos da natureza para a precisão dos seus estudos. Integrantes das viagens e expedições filosóficas, os desenhistas ou riscadores foram fundamentais para o desenvolvimento desse campo de conhecimento, em especial a botânica. Eram incumbidos de desenhar as espécies encontradas, como forma de complementar as descrições textuais, preservando texturas, cores e formas anatômicas alteradas nos preparos da viagem à metrópole. Paisagens, animais e árvores de grande porte, além de povos indígenas, eram “transportados” aos gabinetes por meio da representação gráfica. Muitos desenhos esboçados in loco eram finalizados em Portugal, com material adequado, na Casa do Desenho do Real Museu da Ajuda, onde também eram produzidas cópias das imagens. Também conhecida como Casa do Risco, a instituição, criada em 1780, formou alguns dos riscadores designados para as viagens filosóficas idealizadas por Domenico Vandelli, que deveriam apreender conhecimentos básicos de História Natural no Gabinete de História Natural e no Jardim Botânico da Ajuda. Cabe destacar que boa parte dos desenhistas que integraram as expedições eram engenheiros militares, uma vez que a técnica do desenho era transmitida nos cursos de engenharia militar. Suas obras buscavam criar um quadro objetivo e realista daquilo que retratavam, com o intuito de melhor aproveitar os elementos da nova terra, ao mesmo tempo em que indicavam quais os seus maiores perigos e ameaças. No final do século XVIII, muitos artistas viajaram para a Europa e trouxeram para a colônia técnicas mais aperfeiçoadas que seriam transmitidas para seus aprendizes. Foi o caso de Manuel Dias de Oliveira, fundador da primeira Aula Pública de Desenho e Figura no ano de 1800. Mas apenas com a chegada da Família Real, se deram as condições básicas para que a arte do desenho assumisse um papel primordial no aprendizado das belas-artes. Com a vinda da comissão de artistas franceses e a necessidade do estabelecimento do ensino de artes e ofícios no meio acadêmico, seriam também regularizados os ensinamentos básicos de desenho em vista de sua aplicação nos estudos de escultura, gravura, arquitetura, entre outras modalidades.
[5] VELOSO, JOSÉ MARIANO DA CONCEIÇÃO (1742-1811): frade franciscano e naturalista brasileiro, nasceu em 1741, na vila de São José da comarca do Rio das Mortes, distrito de Mariana, Minas Gerais. Entrou para o convento franciscano de São Boaventura, na antiga Vila de Santo Antônio de Sá, aos 19 anos de idade. Estudou filosofia e teologia no convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro, onde se tornou frei. Lecionou geometria no convento de São Francisco de São Paulo (que depois tornou-se Faculdade de Direito), além de retórica e história natural, disciplina pela qual nutriu crescente interesse. Atuou, também, como pregador de alta nomeação e catequista de índios do Arary, os antigos Tamoios. Embora não tenha cursado a Universidade de Coimbra, tornou-se um dos mais destacados botânicos e naturalistas luso-brasileiros. Contando com o apoio do vice-rei Luís de Vasconcelos e Sousa, realizou inúmeras viagens filosóficas e científicas, coletando espécies para o Real Museu de História Natural da Ajuda (Portugal) e para seus estudos particulares. Membro da Academia Real das Ciências de Lisboa foi autor do importante trabalho Florae Fluminensis, fruto de oito anos de expedição pela capitania do Rio de Janeiro (1783-1790), no qual classificou numerosas espécies vegetais cujas definições científicas foram escritas pelo frei Anastácio de Santa Inês, e a maioria dos desenhos de autoria do Frei Francisco Solano. Em 1790, encerrados os trabalhos da Flora, Velloso vai a Lisboa acompanhar a impressão da obra e torna-se diretor e editor da Tipografia do Arco do Cego. Ativa entre 1799 e 1801, em Lisboa, a tipografia, além de ter publicado um número expressivo de livros, funcionou como uma oficina para o aprendizado das artes tipográficas e da gravura. O uso intensivo e didático de imagens era uma das marcas da editora. Com sua extinção em 1801, a Imprensa Régia herda suas funções, equipamentos e acervo bibliográfico e Frei Mariano é nomeado membro da Junta Administrativa, Econômica e Literária, encarregada da gerência da tipografia régia. Nesse período à frente da tipografia, coordenou, compilou e traduziu diversas obras, com destaque para as especializadas na modernização da produção agrícola, visando uma reforma científica dos campos. Publicou também diversos tratados, compêndios, memórias e livros relacionados à história natural, cultura de gêneros e especiarias, doutrina cristã, agricultura, zoologia, farmacologia, mineração e aplicações econômicas dos produtos naturais, além de um dicionário de português e línguas indígenas destinado à catequese dos índios. Em 1808, retornou ao Rio de Janeiro junto da comitiva da família real, vindo a falecer no Convento de Santo Antônio em 13 de junho de 1811. Curiosamente, a Florae fluminenses, sua maior obra, só seria publicada após sua morte (parte das descrições em latim foi editada em 1825 na Tipografia Nacional; as ilustrações começaram a chegar ao Rio de Janeiro em 1827 e o último volume em 1831, a impressão do texto completo ocorreu apenas em 1881). Em 1961 o Arquivo Nacional lançou em sua série Publicações Históricas, o título “Flora Fluminensis de frei José Mariano da Conceição Velloso – Documentos”, reeditado em 2018 em conjunto com a Eduff.
Sugestões de uso em sala de aula:
Utilização(ões) possível(is):
No eixo temático do ensino fundamental do 3º Ciclo “História das relações sociais da cultura e do trabalho”
- Ao trabalhar o tema transversal “meio ambiente”
Ao tratar dos seguintes conteúdos:
- A Sociedade colonial: culturas naturais
- Economia colonial
- Brasil colonial: riquezas naturais e seu comércio
-
COSTA, Maria de Fátima. Alexandre Rodrigues Ferreira e a capitania de Mato Grosso: imagens do interior. História, Ciências, Saúde, Rio de Janeiro, v. 8, p. 996, 2001, Suplemento, disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?>, acesso em 11 abr. 2011.
DOMINGUES, Ângela Para um melhor conhecimento dos domínios coloniais: a constituição de redes de informação no Império português em finais do setecentos, História, Ciências, Saúde, Rio de Janeiro, v. 8, 2001, Suplemento.
RAMINELLI, Ronald. Ciência e colonização: viagem filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira, Tempo, Niterói, RJ, v. 3, n. 6. dez. 1998. Disponível em: <www.historia.uff.br/tempo/artigos_livres/artg6-10.pdf>. Acesso em: 20 out. 2010.
___. Do conhecimento físico e moral dos povos: iconografia e taxionomia na Viagem Filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira. HISTÓRIA, CIÊNCIAS, SAÚDE Vol. VIII (suplemento), 2001
SIMON , W. J. Scientific expeditions in the Portuguese overseas territories (1783-1808), Lisboa, Instituto de Investigação Tropical, 1983
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