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Cláudia Beatriz Heynemann
Pesquisadora do Arquivo Nacional
Doutora em História Social - UFRJ
Tradução literal da historia naturalis de Plínio, a expressão "história natural" aparece em francês na segunda metade do século XVI, sendo difícil defini-la como disciplina autônoma. O termo história não deve se confundido com uma abordagem diacrônica, não sugere temporalidade, devendo ser compreendido, ainda que não exclusivamente, como descrição dos corpos naturais. Para a Encyclopédie a história natural é parte, com as histórias sacra, eclesiástica, civil, antiga e moderna, da Memória, que, com a Razão e a Imaginação compõem o Entendimento humano.
No setecentos iluminista a história será filosófica, com seus pressupostos universais e racionalistas, em compasso com a física newtoniana. Filosóficas eram também as viagens empreendidas com esse mesmo espírito e que, simultaneamente, viriam desestabilizar a certeza de um mundo de regularidades, com toda uma literatura reveladora da multiplicidade de culturas e sociedades, consumidas com avidez pelo público europeu. A descrição da natureza oferecia então, por meio de desenhos e relatos, um dos capítulos dessas viagens que, diferentemente daquelas empreendidas no Renascimento, não constituíam peregrinação e sim o inventário do mundo natural.
As ciências da natureza dominam o século XVIII. Um de seus pressupostos é, sem dúvida, o da necessidade utilitária, sobretudo no ramo da botânica, o que caminha em conjunto com a necessidade de acumular conhecimento e classificar. Extrai-se da natureza as leis da natureza. Não mais os princípios abstratos, mas uma ciência concreta, cujo método, predominantemente indutivo, é o da observação, da experiência, das tentativas de classificação, avançando, cada vez mais, em um acréscimo assombroso de espécies, detalhes, descobertas, "a vida, a vida imensa, destrói as noções que dela se possuía", diz Paul Hazard.
A possibilidade de reformar as sociedades, através de uma pedagogia das Luzes, de um aprimoramento pelo conhecimento, pela Razão, inseria-se na perspectiva da ciência moderna, incidindo sobre os homens e o meio físico, atuando sobre o mundo, diretamente, a partir do método experimental. O universalismo iluminista integrava os portugueses ao mundo civilizado, e, uma das tarefas desse projeto era o inventário da natureza física da colônia, onde a história natural, como história da natureza, é a sua própria história.
Classificar e ordenar torna-se então imperioso. É o mundo dos gabinetes de história natural, dos jardins botânicos, das coleções, das viagens. Não mais o espaço do "maravilhoso", dos animais mitológicos. O que surpreende é exatamente a própria natureza e suas leis e o maravilhoso, nesse caso, vem dos relatos de outros continentes e ainda, daquilo que se encontra ao alcance da mão: o microscópio revela todo um universo a ser penetrado, ampliando formas vivas. As maravilhas da natureza, do "pequeno mundo" do botânico, do entomologista e do colecionador de pedras, fazem com que o verdadeiro interesse se desloque então para a delicada estrutura dos insetos, ou para as alterações observadas em espécies vegetais.
A história natural, o conhecimento extensivo da natureza, estruturado em sistemas, nomenclatura ou descrição, encontra um lugar relevante no programa reformista pombalino, quando a reforma das instituições e o pacto colonial reafirmado promovem a sua valorização em academias, jardins, gabinetes, expedições. No plano mais evidente, atendia-se ao critério de utilidade da natureza, correspondendo às teses fisiocratas, ao pragmatismo que norteará os modernos na sociedade portuguesa desde o final do seiscentos. Podemos também considerar que mais que isso, o estudo e as práticas relativas à história natural estabelecem nexos entre a história de Portugal e da colônia na época moderna e traçam um outro tempo e geografia para a América portuguesa.
Parte dessa cartografia das viagens pelo interior do continente foi empreendida na viagem filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira, naturalista nascido na Bahia em 1756, formado na Universidade de Coimbra reformada. Entre 1783 e 1792 ele viajou pelas capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá, participando de um projeto do governo português, especialmente o Ministério da Marinha e Domínios Ultramarinos, que incluiu o envio de outros naturalistas a Cabo Verde, Angola e Moçambique. Ferreira contou nessa difícil expedição com uma pequena equipe que incluía riscadores (desenhistas), um naturalista e um jardineiro. Em sua passagem pela capitania do Pará, procedeu a remessa de animais e plantas para a metrópole, formando coleções que seriam analisadas e conservadas no Gabinete e Museu de História Natural da Ajuda. Alguns registros dessas atividades estão nos códices da correspondência dos governadores do Pará com a Corte, reunidos no fundo Negócios de Portugal do Arquivo Nacional. Essa série contempla, de modo geral, as diversas iniciativas que se desenvolveram na capitania, no âmbito da história natural. Assim, sob as ordens de d. Francisco de Souza Coutinho, a capitania do Pará foi, nesse sentido, estratégica para a história natural na colônia, sediando o único jardim botânico, que de fato funcionou no período colonial, chamado Horto São José, a partir de 1796, recebendo instruções para aclimatação de plantas indígenas, especiarias e plantas exóticas à região. A iniciativa de criação de jardins botânicos na colônia obedeceu ao enunciado básico da aclimatação de plantas exóticas – indígenas ou, de modo geral, estrangeiras ao Brasil, oriundas também de outras colônias, com o objetivo de implementação de sua cultura aqui ou de sua remessa para Portugal, como se depreende das inúmeras instruções que da metrópole se dirigem aos governos das capitanias.
De Caiena eram recolhidas a canela, pimenta, cravo da índia e árvores frutíferas e da capitania seguiam animais quadrúpedes, pássaros, vivos ou mortos, tal como as sementes e plantas que iam secas ou em viveiros para a Metrópole. Elas carregavam muitas expectativas dos europeus depositadas no Novo Mundo como foi o caso da árvore da fruta-pão, esperança para a fome dos povos. Ou ainda a quina, cinchona officinalis, uma planta medicinal cuja aceitação, na Faculdade de Medicina de Paris do século XVII, como escreveu Jacques Roger, representou, em conjunto com outras teorias, como a da circulação do sangue, acompanhar "passo a passo os modernos". Comportavam, igualmente essas plantas, a possibilidade de responder aos enganos no Oriente, ao lugar periférico que se teria concedido à América portuguesa na versão dos ilustrados do Setecentos.
No desenvolvimento da história natural moderna a botânica seria propedêutica, quer pela maior facilidade na formação de coleções vivas ou secas, quer pelas possibilidades oferecidas pela anatomia vegetal na construção de um sistema classificatório. Também no "reino animal" promoveu-se um colecionismo significativo. Muitas remessas mesclaram os reinos da natureza e diversas coleções de pássaros, quadrúpedes, peixes e outros animais alimentaram os gabinetes de história natural, quando empalhados ou conservados em álcool, enquanto uma grande quantidade de pássaros foi incorporada aos viveiros das reais quintas, compondo, com as folhas de parreiras, o cenário da Corte, em que iriam figurar aqueles capturados pela expedição de Alexandre Rodrigues Ferreira; um gavião-real, um mutum, dois jacuzes e trinta e sete periquitos. Curiosidade, raridade: esses critérios, talvez, mais do que nas coleções botânicas, foram fundamentais. Atravessando as determinações declaradamente científicas, a curiosidade, "paixão de possuir coisas raras" , como definia a Academia francesa no século XVII, foi dominante entre as autoridades coloniais e seus pares na Europa.
Significando, ao mesmo tempo, uma releitura da expansão e da colonização, sobretudo na América portuguesa, a história natural materializava-se naqueles objetos que deviam ser vistos e que eram, assim, exibidos nos estabelecimentos científicos, nas quintas, jardins e viveiros reais.
A pesquisa sobre história natural e outros temas correlatos no acervo do Arquivo Nacional é extremamente profícua, especialmente a que versa sobre as remessas e formação de coleções de história natural na colônia, por meio da correspondência entre autoridades, sobretudo da Secretaria de Estado do Brasil. Mas não só: memórias de ilustrados luso-brasileiros como o do códice 807; códices da Inconfidência mineira; documentos da Junta da Fazenda da província de São Paulo; da Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação, das séries Guerra e Interior, do fundo Negócios de Portugal que trazem descrições e experiências com sementes e plantas, referências à nomenclatura e ao sistema de classificação de Lineu, listas de animais transportados em navios, formas de conservação, acondicionamento e disposição das remessas e coleções preparadas, publicações sobre a história natural e toda uma escrita que descreve o intenso movimento de produção de uma nova paisagem na colônia. -
Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte
Notação: Códice 99, volume 5
Datas-limite: 1784
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 89
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta do governador da capitania do Pará, Martinho de Sousa e Albuquerque a Martinho de Melo e Castro, ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos na qual relata a necessidade da permanência, por mais um mês, dos naturalistas que estão na capitania a fim de investigar as causas dos problemas da cultura de sementes de linho-cânhamo e tomar as devidas providências para solucioná-los.
Data do documento: 23 de março de 1784
Local: Pará
Folha (s):documentos: 99Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte. Cartas e anexos
Notação: Códice 99, volume 8
Datas-limite: 1787-1787
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta de Martinho de Souza e Albuquerque, Governador da Capitania do Pará, endereçada a Martinho de Melo e Castro, Secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos, comunicando o envio de caixotes com produtos naturais e cobras, os quais foram separados pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira.
Data do documento: 31 de Janeiro de 1787
Local: Pará
Folha (s):documento 40Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte, cartas e anexos
Notação: Códice 99, volume 21
Datas-limite: 1800
Título do fundo ou coleção: Negócio de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Aviso de d. Francisco de Souza Coutinho, governador e capitão general do Grão-Pará para d. Rodrigo de Souza Coutinho, comentando o aviso nº 6 "que respeita as inoculações das bexigas e a Ordem com a intimação também do governo interino de Rio Negro, onde aquela peste tem feito extraordinários estragos". Sobre o aviso de nº 7 pede para se informar ao príncipe regente d. João " as remessas da casca, madeira e folhas de que aqui descobriram o uso os gentios carajás, e se efetuaram já com as de outros produtos naturais ".
Data do documento: 4 de Janeiro de 1800
Local: Pará
Folha (s): documento 1 a 6Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte, cartas e anexos
Notação: Códice 99, volume 22
Datas-limite: 1801
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta de d. Francisco de Souza Coutinho, governador do Grão-Pará para o visconde de Annadia informando que o sargento de pedestres Manoel José d’Alcantra confiscara uma escuna americana e com ela conseguiu realizar a primeira viagem pelo canal que vai de Belém do Pará até Gurupá através do Rio Amazonas. Na expedição passou-se também pelas vilas de Santarém e Monte Alegre e por Macapá.
Data do documento: 10 de Dezembro de 1801
Local: Pará
Folha (s): 223 e 223v.Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte, cartas e anexos
Notação: Códice 99, volume19
Datas-limite: 1798
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta do governador do Pará d. Francisco de Souza Coutinho ao ministro e secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos d. Rodrigo de Souza Coutinho. Diz o governador do Pará não ser preciso o envio de nove plantas de canela que receberia, por ordens régias. Propõe que sejam remetidas para outras capitanias, pois a capitania do Pará já possui mais de 40 plantas de canela, muitas obtidas da viagem a Caiena que teve o objetivo de recolher espécies.
Data do documento: 27 de fevereiro de 1798
Local: Pará
Folha (s): documento 79Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte, cartas e anexos
Notação: Códice 99, volume 18
Datas-limite: 1798
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História Natural
Ementa: Carta do governador do Pará d. Francisco de Souza Coutinho ao ministro e secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos d. Rodrigo de Souza Coutinho. Informa que o agente enviado por ele a Caiena para recolher espécies de plantas "cravo da índia, canela, pimenta e diversas árvores frutíferas", cumpriu a missão e foi mandado novamente a Caiena para que possa conseguir todos os tipos de plantas que lá existir.
Data do documento: 09 de dezembro de 1797
Local: Pará
Folha (s): documentos 391 e 391v.
Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte, cartas e anexos
Notação: Códice 99, volume 22
Datas-limite: 1801
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Cópia de uma carta de Caetano Pinto de Miranda Montenegro a d. Francisco de Souza Coutinho, governador do Grão-Pará comunicando o envio de um caixote com as primeiras amostras de casca, ramos e frutos de quina, cujo nome científico talvez fosse Cinchona Officinlis, descoberta nas serras de São Jerônimo.
Data do documento: 30 de Junho de 1800
Local: Cuiabá
Folha (s): 8 e 8v.
Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte, cartas e anexos
Notação: Códice 99, volume 21
Datas-limite: 1800
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta do encarregado do Horto Botânico, Lourenço José Correa, comunicando a chegada de oito plantas de Morus Papyrifera (quatro plantas vivas e quatro mortas) ao Horto Botânico, o progresso da plantação, além do plantio das sementes de pinheiro da variedade escocesa e das pinhas de cedro do Líbano "nas diferentes conjunções da Lua, e em diferentes terrenos".
Data do documento: 20 de Junho de 1800
Local: Pará
Folha (s): documento 72
Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte, cartas e anexos
Notação: Códice 99, volume 19
Datas-limite: 1798
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta do governador do Pará d. Francisco de Souza Coutinho ao ministro e secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos d. Rodrigo de Souza Coutinho em resposta à Carta Régia de 4 de novembro de 1796 que determina "o estabelecimento de viveiros e da educação das plantas" em terreno onde antes funcionava o convento de S. José. Além das especiarias solicitadas na Carta Régia, o governador mandou que fossem plantadas plantas indígenas por essas não serem ainda cultivadas pelos lavradores. Segue em anexo mapa com todas as plantas e quantidades que estavam sendo cultivadas no terreno do convento, no Palácio de governo e em terras particulares.
Data do documento: 30 de março de 1798
Local: Pará
Folha (s): documentos 98, 99 e 100
Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte, cartas e anexos
Notação: Códice 99, volume 19
Datas-limite: 1798
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta de d. Francisco de Souza Coutinho, governador do Grão-Pará a Julio Antônio Martins, juiz ordinário da Vila da Vigia comunicando o envio de uma expedição para apurar a denúncia de existência de minas de ouro clandestinas na dita vila. A carta recomenda que devem ser feitos todos as experiências e exames necessários e os resultados remetidos juntamente com amostras das terras. Adverte que tudo deve ser feito em sigilo e que, havendo ouro, as minas sejam demarcadas.
Data do documento: 13 de janeiro de 1798
Local: Pará
Folha (s): folha 119
Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte, cartas e anexos
Notação: Códice 99, volume 9
Datas-limite: 1788-1788
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta de Martinho de Souza e Albuquerque, governador do Pará, a Martinho de Melo e Castro, secretário dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos, tratando da relação das plantas do Pará destinadas ao Real Gabinete de História Natural de Lisboa.
Data do documento: 24 de Março de 1788
Local: Pará
Folha (s): documentos 32 a 34Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte, cartas e anexos
Notação: Códice 99, vol. 10
Datas-limite: 1789-1789
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: carta de Luís Pereira da Cunha para Martinho de Melo e Castro, governador do Pará, informando o envio para o Real Gabinete Português, de uma caixa de produtos naturais já secos, um barril com animais quadrúpedes e répteis, além de caixas contendo plantas vivas.
Data do documento: 5 de Agosto de 1789
Local: Pará
Folha (s): documento 163
Conjunto documental: Correspondência Original dos governadores do Pará com a Corte
Notação: Códice 99, volume 5
Datas-limite: 1784
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: carta do governador da Capitania do Pará, Martinho de Sousa e Albuquerque ao ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos, Martinho de Mello e Castro, residente em Lisboa. A carta acompanha uma remessa de animais silvestres, como macacos, periquitos, araras e papagaios capturados na região dos rios Negro e Solimões. Os animais foram capturados pela expedição orientada pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira.
Data do documento: 25 de dezembro de 1784
Local: Pará
Folha (s): 370, 370v e 371Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte
Notação: Códice 99, volume 07
Datas-limite: 1786
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta de Martinho de Sousa e Albuquerque, governador da capitania do Pará a Martinho de Melo e Castro, ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos. A carta acompanha uma remessa de aves oriundas da região do Rio Negro embarcadas no navio Minerva e São Macário rumo a Lisboa. As aves (um gavião-real, um mutum, dois jacuzes e trinta e sete periquitos) teriam como destino as quintas reais.
Data do documento: 17 de março de 1786
Local: Pará
Folha (s): 25 e 26
Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte
Notação: Códice 99, volume 07
Datas-limite: 1786
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História Natural
Ementa: carta de Martinho de Sousa e Albuquerque, governador da capitania do Pará a Martinho de Melo e Castro, Ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos acompanhando uma remessa de animais que o Governador da Capitania do Rio Negro, João Pereira Caldas mandava para as quintas reais de Lisboa. Os animais são: um macaco cayará, dois macacos-prego, dois jacuzes, um mutum e uma paca.
Data do documento: 15 de abril de 1786
Local: Pará
Folha (s): 57 e 58
Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte
Notação: Códice 99, volume 7
Datas-limite: 1786
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta de Martinho de Sousa e Albuquerque, governador da capitania do Pará a Martinho de Melo e Castro, ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos relatando que João Pereira Caldas, governador da capitania do Rio Negro lhe havia remetido diversos volumes de autoria do naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira, referentes as suas pesquisas na capitania do Rio Negro. Os ditos volumes estavam sendo enviados a Lisboa a bordo do navio S. Francisco Providência, sob os cuidados do capitão Manuel Antônio.
Data do documento: 12 de julho de 1786
Local: Pará
Folha (s): 145
Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte
Notação: Códice 99, volume 07
Datas-limite: 1786
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: carta de Martinho de Sousa e Albuquerque, governador da capitania do Pará a Martinho de Melo e Castro, ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos noticiando o envio de pássaros e outros animais a bordo da charrua S. Sebastião, a cargo do capitão Francisco Vaz de Carvalho. Os animais haviam sido remetidos do Rio Negro pelo governador João Pereira Caldas. Martinho de Sousa e Albuquerque envia também uma carta que lhe havia sido remetida pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira, juntamente com quatro caixotes e dois barris com produtos naturais recolhidos no Rio Branco.
Data do documento: 25 de setembro de 1786
Local: Pará
Folha (s): 242, 242v e 243.
Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a corte, cartas e anexos
Notação: Códice 99, volume 20
Microfilme: 042-97.
Datas-limite: 1798-1799.
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: ofício expedido por d. Rodrigo de Souza Coutinho, relatando as condições do Horto Botânico do Pará, no que diz respeito ao cultivo desenvolvimento e variedade de mudas e sugerindo a aquisição de terras para a ampliação do mesmo horto.
Data do documento: 2 de fevereiro de 1799
Local: Pará
Folha (s): 31v.Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte
Notação: Códice 99, volume 07
Datas-limite: 1786
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: carta de Martinho de Sousa e Albuquerque, governador da capitania do Pará a Martinho de Melo e Castro, ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos. A carta acompanha uma remessa de aves embarcadas no navio N. Sra. da Conceição rumo a Lisboa. As aves (um jaburu, um quati, duas saracuras, um pavão e um mutum) teriam como destino as quintas reais.
Data do documento: 17 de janeiro de 1786
Local: Pará
Folha (s): 4 e 5
Conjunto documental: Correspondência da Corte com o Vice-Reinado
Notação: Códice 67, volume 26
Datas-limite: 1800-1801
Título do fundo ou coleção: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta do príncipe regente dom João ao vice-rei e capitão-general de mar e terra do Estado do Brasil, dom Fernando José de Portugal, pedindo um aperfeiçoamento e ampliação das culturas da capitania do Rio de Janeiro, recomendando tais culturas como "pimenta, canela, árvore de pão, cravo da Índia, e das outras especiarias, a do linho de cânhamo, e o cacto de Cochonilha, para cujo efeito muito pode contribuir a ereção de um econômico jardim botânico(...), imitação do que mandei estabelecer na capitania do Pará,(...) debaixo de princípios, e com inteligência, como os ingleses e franceses praticam nas Antilhas, e com também agora se observa no Pará".
Data do documento: 8 de Julho de 1800
Local: Palácio de Queluz
Folha (s): 1v a 16Conjunto documental: Coleção de memórias e outros documentos sobre vários objetos
Notação: Códice 807, volume 7
Datas-limite: 1719-1883
Título do fundo ou coleção: Diversos códices SDH
Código do fundo: NP
Argumento de pesquisa: História Natural
Ementa: Ensaio analítico e comparativo escrito por Francisco da Cunha Magalhães, Primeiro Boticário do Hospital Real Militar. Nesse trabalho são analisadas a quina rubra brasiliense e a quina rubra peruviana, por meio dos conhecimentos histórico, físico e químico. Concluindo que a casca indígena brasileira não deve ser usada para fins medicinais como é utilizada a quina peruviana (antitérmica). Entretanto, não elimina completamente a possibilidade da casca indígena possuir propriedades medicinais em outras matérias.
Data do documento: 01 de julho de 1817
Local: Rio de Janeiro
Folha (s): 173 a 178
Conjunto documental: Correspondência da Corte com o Vice-Reinado
Notação: Códice 67, volume 26
Datas-limite: 1800-1801
Título do fundo ou coleção: Secretaria do Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta do príncipe regente d. João para o vice-rei do Brasil, d. Fernando José de Portugal, comunicando as ordens régias a serem seguidas na colônia, como os artigos que tratam da "conservação das matas, das madeiras, e paus de construção (...)." Ainda segundo a Carta, " deverá ser vosso maior cuidado, o zelar a propriedade exclusiva, que a Real Coroa tem sobre todas as matas, e arvoredos, a borda das costas, e dos rios, que desembocam imediatamente no mar, fazendo demarcar em toda a extensão da capitania, os lugares da costa, ou dos rios que se acham as ditas matas; levantando-se mapas dos mesmos sítios, com as mais circunstanciadas informações".
Data do documento: 21 de Março de 1800
Local: Palácio de Queluz
Folha (s): 12v e 13Conjunto documental: Correspondência da Corte com o Vice-Reinado
Notação: Códice 67, volume 26
Datas-limite: 1800-1801
Título do fundo ou coleção: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Cópia de uma representação escrita pelo sargento mor de milícias Lázaro Cardoso Amado que foi encaminhada ao vice-rei do Brasil d. Fernando José de Portugal por d. Rodrigo de Souza Coutinho. A carta do Sr. Lázaro Cardoso dá informações a respeito da povoação e fertilidade da região de Campos dos Goitacazes. O clima é descrito como "benigno e temperado, e sem contradição o mais fértil de toda a América portuguesa". Comprova isso através do excelente desenvolvimento das plantações de cana de açúcar, da existência de muitas espécies de árvores cuja madeira poderia ser utilizada em construções e de cochonilha.
Data do documento: 15 de Julho de 1800
Local: Palácio de Queluz
Folha (s): 17 a 21v.
Conjunto documental: Correspondência da Corte com o Vice-Reinado
Notação: Códice 67, volume 26
Datas-limite: 1800-1801
Título do fundo ou coleção: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta do mestre da ribeira Agostinho (José Caetano de Lima) e de Diogo de Toledo Lara Ordonhes para o vice-rei e capitão general de mar e terra do Estado do Brasil, conde de Resende, em 31 de Julho de 1800, no Rio de Janeiro. Comentam a proibição, em nome do vice-rei, do corte da árvore de Paroba, próximo ao rio do Porto das Caixas(seu homônimo) que deságua no rio Macacú pois "principiavam as árvores a encher-se de seiva ou suco vegetante com que brotavam e floresciam (em agosto), o que era de péssimas conseqüências para as madeiras de construção".
Data do documento: 31 de Julho de 1800
Local: Rio de Janeiro
Folha (s): 74 e 74v.
Conjunto documental: Secretaria de Estado do Ministério do Reino
Notação: Caixa 731, pct. 02
Datas-limite: 1755-1863
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Catálogo de gêneros naturais do Brasil e de outras colônias portuguesas ainda não comercializados pelo Reino. Os gêneros encontram-se divididos em seis agrupamentos: reino animal; reino vegetal; aromas (especiarias); plantas medicinais; óleos, bálsamos, resinas e gomas; reino mineral. Segundo o autor do catálogo, alguns produtos precisam ter seus usos mais profundamente investigados para serem comercializados em larga escala, enquanto outros já poderiam estar sendo exportados, devido ao fato de não necessitarem de beneficiamento.
Data do documento: s.d.
Local: s.l.
Folha (s): documento 27
Conjunto documental: Secretaria de Estado do Ministério do Reino
Notação: Caixa 731, pct. 02
Datas-limite: 1755-1863
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Catálogo de livros, folhetos e demais impressos liberados pela Mesa do Desembargo do Paço para a Real Biblioteca do Príncipe Regente d. João. Na listagem encontram-se, dentre muitas outras, as seguintes publicações de História Natural: História Natural dos elementos; História Natural dos minerais; Agricultura; Botânica; História Geral dos animais; História das plantas, árvores e flores de diferentes países.
Data do documento: s.d.
Local: s.l.
Folha (s): Documento 53
Conjunto documental: Secretaria de Estado do Ministério do Reino
Notação: Caixa 731, pct. 02
Datas-limite: 1755-1863
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: memórias extraídas do Ensaio filosofico e Politico sobre as Ilhas de Cabo Verde de autoria do naturalista João da Silva Rego, encarregado do serviço régio. O documento relata características topográficas e climáticas, a qualidade do terreno e também os animais, vegetais e minerais encontrados nas Ilhas.
Data do documento: Julho de 1797
Local: s.l.
Folha (s): Documento 59Conjunto documental: Registro da correspondência do vice-reinado com diversas autoridades
Notação: Códice 70, vol. 24
Datas-limite: 1803-1804
Título do fundo ou coleção: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: História Natural
Ementa: Carta de d. Fernando José de Portugal, 2º marquês de Aguiar e vice-rei do Brasil ao coronel de milícias João Aires da Gama notificando haver recebido as sementes de plantas nativas ("bravas") e d. Fernando aguarda uma nova remessa e recomenda que as sementes sejam separadas e classificadas para o envio, que deve ser feito com as sementes acondicionadas em sacos de areia.
Data do documento: 6 de Abril de 1803
Local: Rio de Janeiro
Folha (s): 8 e 8v.
Conjunto documental: Registro dos ofícios expedidos da Real Junta do Comércio
Notação: Códice 47, vol. 01
Datas-limite: 1811-1816
Título do fundo ou coleção: Junta do Comércio, Agricultura, Fábrica e Navegação
Código do fundo: 7X
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Provisão do príncipe regente d. João VI ao juiz da Alfândega do Rio de Janeiro para que dê despacho de várias sementes de plantas e volume de livros sobre botânica que vieram de Lisboa. Destaca a importância da questão, e que as sementes foram mandadas para que se propagassem no Brasil e também a sua útil cultura. Segue uma lista dos livros e sementes que vieram de Lisboa para uso da Real Junta do Comércio.
Data do documento: 06 de março de 1815
Local: Rio de Janeiro
Folha (s): 180, 180v e 181Conjunto documental: Registro dos ofícios expedidos da Real Junta do Comércio
Notação: Códice 47, vol. 01
Datas-limite: 1811-1816
Título do fundo ou coleção: Junta do Comércio, Agricultura, Fábrica e Navegação
Código do fundo: 7X
Argumento de pesquisa: História Natural
Ementa: Provisão do príncipe regente d. João VI a José Pedro Cezar, conhecedor dos produtos naturais, morador da capitania de Piauí, autorizando-o a fazer descobertas de sementes de plantas úteis, óleos e rezinas na mesma capitania. Ordena que envie à Real Junta do Comércio no Rio de Janeiro, todas as sementes das plantas que puderem ser obtidas e descobertas na capitania do Piauí que forem desconhecidas na Corte; juntamente com sua descrição, e como se realiza sua plantação e sua cultura. E que sejam enviados, também, pequenas amostras de minérios.
Data do documento: 16 de novembro de 1812
Local: Rio de Janeiro
Folha (s): 47 a 48Conjunto documental: Correspondência do vice-reinado para a Corte
Notação: Códice 68, volume 15
Datas-limite: 1799-1799
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: carta do conde de Rezende, vice-rei do Estado do Brasil, a d. Rodrigo de Souza Coutinho, remetendo as amostras dos três diferentes modos de beneficiamento da cochonilha: "o primeiro, deixando-se pedra-ume na tinta, que se extraí do inseto pisado; o segundo, pisando-se e coando-se do mesmo modo a substância do inseto, mas não se lhe juntando pedra-ume, e o terceiro, torrando-se o inseto, como de ordinário se pratica". Recomenda-se também a convocação de boticários para examinar e arbitrar os preços da cochonilha, conforme a sua qualidade.
Data do documento: 26 de Setembro de 1799
Local: Rio de Janeiro
Folha (s): 230Conjunto documental: Correspondência do vice-rei para a Corte
Notação: Códice 68, vol. 15
Datas-limite: 1799-1799
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Cópia da carta de João Vasques de Oliveira Silva Guimarães a um destinatário desconhecido (provavelmente funcionário do vice-rei, conde de Rezende) comunicando o cumprimento da ordem de distribuição de plantações de linho cânhamo entre três agricultores. As sementes haviam sido plantadas em terra preparada com barro vermelho, areia e massapê, conforme instruções dadas ao agricultores, mas esses ainda não haviam obtido sucesso nas culturas. João Vasques acreditava que isso se devia ao fato de o clima do Brasil, muito quente, era impróprio para o cultivo de tal espécie, típica de climas mais frios.
Data do documento: 29 de abril de 1799
Local: Cabuçu (Rio de Janeiro)
Folha (s): 28 e 29Conjunto documental: Correspondência do vice-reinado para a Corte
Notação: Códice 68, vol. 15
Datas-limite: 1799-1799
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História Natural
Ementa: Carta do vice-rei do Brasil, conde de Rezende, para d. Rodrigo de Souza Coutinho, afirmando a natureza própria do Brasil para a cultura do cânhamo através de alguns dados como: a proporção da quantidade de sementes em relação a colheita do ano pretérito, o crescimento da planta que vem produzindo admiravelmente, a facilidade da produção de linho, o clima favorável, além da desejada generalização dessa cultura, através da abundância de sementes reservadas para o ano futuro no mesmo terreno.
Data do documento: 9 de Dezembro de 1799
Local: Rio de Janeiro
Folha (s): 301Conjunto documental: Registro da correspondência do vice-reinado com diversas autoridades
Notação: Códice 69, volume 11
Datas-limite: 1801-1802
Título do fundo ou coleção: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Ofício de d. Fernando José de Portugal a d. Rodrigo de Souza Coutinho da Secretaria de Estado, informando que fez distribuir as sementes da "madeira de Teca, de Puna e de outra árvore interessante", vindas da Índia, que recebeu da Secretaria de Estado, conforme o ofício de 30 de dezembro do ano anterior. Informa também, que recomendou as pessoas que receberam as sementes que o deixassem a par do "resultado desta experiência".
Data do documento: 26 de abril de 1802
Local: Rio de Janeiro
Folha (s): 85v.Conjunto documental: Registro da correspondência do vice-reinado com diversas autoridades
Notação: Códice 69, volume 11
Datas-limite: 1801-1802
Título do fundo ou coleção: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Registro do ofício de d. Fernando José de Portugal, vice-rei do Brasil a d. Rodrigo de Sousa Coutinho, ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos comunicando que fizera distribuir as sementes de madeira de Teca, de Puna e de "outra árvore interessante" provenientes da Índia. As diversas pessoas que as receberam deveriam "vivamente" semeá-las e cultivá-las, deixando o vice-rei a par do "resultado dessa experiência".
Data do documento: 14 de novembro de 1801
Local: Rio de Janeiro
Folha (s): 12v. e 13Conjunto documental: Correspondência da Corte com o vice-reinado
Notação: Códice 67, volume 8
Datas-limite: 1780-1780
Título do fundo ou coleção: Secretaria do Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Requerimento destinado à rainha de Portugal da parte do boticário naturalista Capitão José Joaquim de Paiva, que solicita o direito de administrar o Horto Botânico da Academia Natural e Médica. O horto funcionava nas cercas do antigo colégio jesuítico do Rio de Janeiro e, apesar de possuir importantes espécies, como a cochonilha, encontrava-se completamente abandonado. O boticário desejava revitalizá-lo, pedindo para isso doze mil e oitocentos réis ao governo régio.
Data do documento: 1778
Local: Rio de Janeiro
Folha (s): 72 e 72v.Conjunto documental: Correspondência da Corte com o vice-reinado
Notação: Códice 67, volume 8
Datas-limite: 1780-1780
Título do fundo ou coleção: Secretaria do Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: informação do Escrivão Antônio Machado Freire que diz que assim que os padres jesuítas foram expulsos do Colégio Jesuíta do Rio de Janeiro, o terreno, do qual o horto também faz parte, foi arrendado a José Teixeira por trinta e dois mil reis por ano, tendo o mesmo cumprido o acordo por alguns anos.
Data do documento: 12 de dezembro de 1778
Local: Rio de Janeiro
Folha (s): 72v.Conjunto documental: Correspondência da Corte com o Vice-Reinado
Notação: Códice 67, volume 8
Datas-limite: 1780-1780
Título do fundo ou coleção: Secretaria do Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: resposta do desembargador procurador da Fazenda ao pedido de um botânico naturalista que desejava ser responsável de parte da cerca do extinto Colégio jesuíta para que assim, o horto botânico fosse novamente cultivado. O desembargador afirma que caso o suplicante pagasse a quantia de trinta e dois mil reis por ano, a mesma que José Teixeira pagou para arrendar o terreno, o boticário poderia tomar posse do mesmo para que dessa forma a cultura da cochonilha e de outras plantas fosse conservada. Desse modo, o suplicante seria intitulado inspetor do Horto Botânico.
Data do documento: 16 de janeiro de 1779
Local: Rio de Janeiro
Folha (s): 73 e 73v.Conjunto documental: Correspondência da Corte com o vice-rei
Notação: Códice 67, volume 26
Datas-limite: 1800-1801
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Cópia de uma carta do sargento mor de milícias de Mato Grosso, Lázaro Cardoso Amado para d. Rodrigo de Souza Coutinho, enviada para o vice-rei d. Fernando José de Portugal, com o intuito de conferir as informações a respeito da povoação e fertilidade dos Campos de Goitacazes. Em 15 de Julho de 1800, do Palácio de Queluz. Segundo Lázaro Cardoso Amado, "o terreno da maior parte das capitanias do Brasil, limita-se tão somente a certas produções, porém o dos Campos [dos Goitacazes] parece ter sido formado, pelo autor da Natureza(...). Lá se criam além da cana-de-açúcar, imensa quantidade de parobas, tapinhoãns, e iarumbebas; aquelas contribuem com madeiras de construção e estas com a célebre cochonilha; a qual (...) pode chegar a constituir um considerável artigo de comércio".
Data do documento: 15 de julho de 1800
Local: Palácio de Queluz (Lisboa)
Folha (s): 17 e18Conjunto documental: Registro da correspondência do Vice-Reinado para a Corte
Notação: Códice 69, volume 9
Datas-limite: 1799-1799
Título do fundo ou coleção: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de Pesquisa: História Natural
Ementa: Carta do conde de Rezende, José Luís de Castro, a d. Rodrigo de Souza Coutinho informando sobre a experiência do cultivo do linho cânhamo. Foram realizadas repetidas tentativas através de sementes vindas do Rio Grande, distribuídas por várias pessoas, juntamente com as instruções para o plantio e a colheita. Enfatiza que apesar de algumas experiências não terem dado certo está convencido da possibilidade de sua cultura porque "a qualidade deste clima análoga a de outros, onde se cultiva o cânhamo, nele será a natureza igualmente liberal". Fala da experiência positiva no Horto Botânico do Rio de Janeiro, onde o linho cresceu até 13 palmos e se recolheu em alqueire de sementes. Envia uma amostra "da filaça que se beneficiou no Horto".
Data do documento: 21 de maio de 1799
Local: Rio de Janeiro
Folha (s): 34v., 35 e 36Conjunto documental: Registro da correspondência do Vice-Reinado para a Corte
Notação: Códice 69, volume 9
Datas-limite: 1799-1799
Título do fundo ou coleção: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta do conde de Rezende, José Luís de Castro, à d. Rodrigo de Souza Coutinho informando da eficácia da cultura da cochonilha. E que devido a sua proposta da compra ser feita totalmente pela Fazenda Real arbitrando-se o preço de acordo com a qualidade, os "moradores estão beneficiando os arbustos antigos" e ainda realizando novas plantações. Faz a descrição dos três diferentes métodos de beneficiamento da cochonilha, remetendo as amostras dos resultados obtidos em três papéis. Fala da convocação de boticários para averiguarem a qualidade da cochonilha para estipular o respectivo preço.
Data do documento: 26 de setembro de 1799
Local: Rio de Janeiro
Folha (s): 101v a 102v.Conjunto documental: Registro da correspondência do Vice-Reinado para a Corte
Notação: Códice 69, volume 9
Datas-limite: 1799-1799
Título do fundo ou coleção: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta de Manoel Antunes de Azevedo Coutinho, tenente e coronel do regimento de milícias de Sapacurá, ao conde de Rezende. Tendo sido incumbido de realizar "descobrimentos e raridades de produção da terra" declara ter descoberto "no caminho dos Campos de Goitacazes" uma escavação onde se extraem pedras férreas. Informa precisamente a localização geográfica, envia amostras para serem examinadas e adianta a necessidade de "algum trabalho profundo com instrumentos próprios de minerar e trabalhadores hábeis".
Data do documento: 7 de maio de 1799
Local: Rio de Janeiro
Folha (s): 160Conjunto documental: Registro da correspondência do Vice-Reinado para a Corte
Notação: Códice 69, volume 4
Datas-limite: 1790-1801
Título do fundo ou coleção: Secretaria de Estado do Brasil
Código do fundo: 86
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta do conde de Rezende, d. José Luis de Castro, ao senhor Martinho de Melo e Castro, onde informa sobre o envio de um caixote contendo borboletas e demais insetos, através do navio S. Joaquim Augusto, para o porto de Lisboa.
Data do documento: 25 de novembro de 1793
Local: Rio de Janeiro
Folha (s): folha 51Conjunto documental: Avisos e ofícios. Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Guerra
Notação: IJJ1 758
Datas-limite: 1808-1808
Título do fundo ou coleção: Série Interior
Código do fundo: A6
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Registro da provisão de d. Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho, bispo e reitor da Universidade de Coimbra ao doutor Luiz Antonio da Costa Barradas, graduado na Universidade e naturalista. De acordo com a Carta Régia de 27 de junho de 1806 o doutor Luiz Barradas foi nomeado para uma viagem filosófica à capitania de Pernambuco, devido a sua riqueza natural, para que forme "uma coleção completa de produtos dos três reinos da natureza", especialmente as plantas úteis para a medicina e artes. Contém na íntegra a carta régia que expõe a necessidade das viagens feitas por naturalistas para analisarem as produções naturais nos seus lugares de origem podendo enviá-las à Universidade com descrições detalhadas para que possam ser "ordenadas metodicamente" para "poderem servir completamente aos fins da Instrução Pública".
Data do documento: 28 de julho de 1808
Local: Rio de Janeiro
Folha (s): 19 a 21v.Conjunto documental: Capitania do Rio de Janeiro
Notação: Caixa 746, pct. 01
Título do fundo ou coleção: Vice-Reinado
Datas-limite: 1700-1808
Código do Fundo: D9
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta do visconde de Anadia para o vice-rei do Estado do Brasil, d. Fernando José de Portugal, em 28 de Novembro de 1804, avisando sobre o naturalista Lieber que passará do Pará para a capitania do Rio de Janeiro, comissionado pelo conde de Hoffmansegg, correspondente de Brunswick, com o intuito de completar a coleção de várias plantas e outras produções naturais. Além do pedido régio ao vice-rei, "que Vossa Excelência lhe dê o necessário auxílio e lhe facilite os convenientes meios para que ele possa preencher o objeto da sua comissão; não lhe embaraçando, que lhe possa passar dessa capitania para outra qualquer, quando ele julgar conveniente".
Data do documento: 28 de Novembro de 1804
Local: Samora Correa
Folha(s): número 139, cx. 828Conjunto documental: Registro de avisos e ofícios da Corte. Livro 1º da Corte
Notação: IJJ1 155
Título do Fundo ou Coleção: Série Interior
Datas-limite: 1808-1809
Código do fundo: A6
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta do Conde de Aguiar para o Conde de Linhares onde informa que as sementes de linho cânhamo vindas da Inglaterra foram distribuídas para diversas áreas, entre as quais: Rio Grande de São Pedro, Santa Catarina, Fazenda de Santa Cruz, chácara Real e Lagoa de Freitas, em resposta de um aviso anterior de D. Rodrigo.
Data do documento: 11 de abril de 1809
Local: Rio de Janeiro
Folha(s): folha 241Conjunto documental: Registro de avisos e ofícios da Corte. Livro 1º da Corte
Notação: IJJ1 155
Título do Fundo ou Coleção: Série Interior
Datas-limite: 1808-1809
Código do fundo: A6
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta do Conde de Aguiar para o Conde de Linhares onde informa sobre o envio de sete saquinhos de sementes de diversas plantas, remetidas da Inglaterra, para que sejam usadas como desejar, na Lagoa de Freitas.
Data do documento: 30 de março de 1809.
Local: Rio de Janeiro
Folha(s): folha 237 v.Conjunto documental: Registro de avisos e ofícios da Corte. Livro 1º da Corte
Notação: IJJ1 155
Título do fundo ou coleção: Série Interior
Datas-limite: 1808-1809
Código do fundo: A6
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta de D. Fernando José de Portugal para o Desembargador Jacinto Manoel de Oliveira sobre o requerimento de José Luis Mendes, que fora despejado de seus imóveis, os quais lhes serviam de moradia e também estava estabelecida uma botica. D. Fernando enfatiza que a botica é de benefício para o público e por isso, o requerimento deve ser analisado com cuidado.
Data do documento: 05 de junho de 1808.
Local: Rio de Janeiro
Folha(s): folha 58v. e 59Conjunto documental: Registro de avisos e ofícios da Corte. Livro 1º da Corte
Notação: IJJ1 155
Título do fundo ou coleção: Série Interior
Datas-limite: 1808-1809
Código do fundo: A6
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta de d. Fernando José de Portugal para o juiz e ouvidor da Alfândega, José Antonio Ribeiro Freire, informando sobre a Ordem Real para que todas as drogas medicinais nacionais ou estrangeiras que passarem pela alfândega do Rio de Janeiro, sejam examinadas pelo Cirurgião-Mor dos exércitos, visando a aquisição dos que melhor atenderem ao Real Serviço.
Data do documento: 13 de maio de 1808
Local: Rio de Janeiro
Folha(s): folha 39Conjunto documental: Avisos e ofícios. Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Guerra
Notação: IJJ 1 758
Título do fundo ou coleção: Série Interior
Datas-limite: 1808-1808
Código do fundo: A6
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta de d. Rodrigo de Souza Coutinho à d. Fernando José de Portugal. Informa que tendo de representar à SAR o partido que convinha tirar das terras da lagoa Rodrigo de Freitas, resolveu pela tentativa de ensaiar uma plantação de várias árvores da Ásia. Pede que d. Fernando escreva ao conde de Sarzedas, vice-rei da Índia, assim como já havia feito por ordem de SAR, solicitando urgência no envio das sementes e mudas das plantas e especiarias asiáticas.
Data do documento: 18 de novembro de 1808
Local: Palácio do Rio de Janeiro
Folha(s): 31 e 31v.Conjunto documental: Avisos e ofícios. Ministério dos Negócios Estrangeiros e da guerra
Notação: IJJ 1 758
Título do fundo ou coleção: Série Interior
Datas-limite: 1808-1808
Código do fundo: A6
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta de D. Rodrigo de Souza Coutinho ao Conde de Sarzedas, vice-rei da Índia. Diz que Sua Alteza Real ordena que faça remeter para o Brasil sementes e pequenas árvores de tecca. Cita os nomes de pessoas e locais com os quais poderá conseguir as sementes, e explica com detalhes o método pelo qual elas devem ser enviadas. Dá uma lista das plantas que Sua Alteza Real quer transplantar para o Brasil, entre elas: canela de Ceilão, cardamono, árvores de sândalo, cravo e noz moscada.
Data do documento: 12 de novembro de 1808
Local: Palácio do Rio de Janeiro
Folha(s): 32 e 32v.
Conjunto documental: Avisos e ofícios. Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Guerra
Notação: IJJ 1 758
Título do fundo ou coleção: Série Interior
Datas-limite: 1808-1808
Código do fundo: A6
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta do governador do Piauí, Carlos Cézar Bulamarqui, à d. Rodrigo de Souza Coutinho. Descreve a capitania em todos os seus aspectos, procurado mostrar as vantagens que ela oferece. Fala sobre a abundância de rios navegáveis, das boas terras para a lavoura que possibilitam o cultivo "de todos os gêneros do país, e talvez de alguns da Europa", dos muitos "minerais que são descobertos ao acaso". Minerais de utilidade como: "ferro, salitre, pedra-ume e cristal mineral. Discursa também sobre a abundância de ervas, raízes, sementes, rezinas e gomas medicinais", das quais muitas experiências têm verificado as suas virtudes".
Data do documento: 13 de abril de 1808
Local: Oeiras do Piauí
Folha(s): 13 a 15
Conjunto documental: Capitania do Rio de Janeiro
Notação: Caixa 746, pct.01
Título do fundo ou coleção: Vice-Reinado
Datas-limite: 1700-1808
Código do fundo: D9
Argumento de pesquisa: História natural
Ementa: Carta do vice-rei do Brasil, conde de Rezende, para a rainha Maria I, em 9 de Maio de 1798, no Rio de Janeiro, informando o progresso da cultura caneleira no Rio de Janeiro e a consulta de um especialista pelo Senado. Além de enviar "uma caixinha com seis amostras da canela do Rio de Janeiro com dois ramos de caneleira preparados, que continham folhas, flor e fruto. Tendo inserido um papel intitulado: "observações sobre a canela do Rio de Janeiro". Contendo ainda, amostra da canela da Índia; para efeito de comparação com o tipo brasileiro.
Data do documento: 09 de Maio de 1798
Local: Rio de Janeiro
Folha(s): doc.34, c.833 -
Espécies da Fauna Brasileira
Carta dirigida ao ministro de Estado da Marinha e dos Negócios Ultramarinos Martinho de Melo e Castro, informando, entre outros assuntos, sobre uma remessa de animais silvestres capturados nas regiões dos rios Negro e Solimões, por efeito da expedição orientada pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira. Este documento indica o interesse, no período, por algumas espécies da fauna brasileira.
Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a corte
Notação: códice 99, v. 05
Datas-limite: 1784
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História Natural
Data do documento: 24 de dezembro de 1784
Local: Pará
Folhas: 370 a 371
"Pará, 24 de dezembro de 1784
Ilmo Exmo Senhor
Na relação junta verá a v. sª patente, a remessa, que nesta ocasião envia Luiz Pereira da Cunha, por efeito da comissão, que o dr. Alexandre Rodrigues Ferreira[1] lhe deixou encarregada (...).
Também lhe entrego e com o Illº. nome de v. sª. uma saca de cacau[2], um paneiro de café[3] e um barril de arroz[4]. Também na presente ocasião vão as aduelas e madeiras que se poderão embarcar das que v. sª. ultimamente encomendou para a Fundição. (...)
Relação dos animais que remeteu do rio Negro o capitão-general João Pereira Caldas para serem dirigidos para a corte de Lisboa, a entregar em casa de Illmo. exmo. snr. Martinho de Mello e Castro[5], e agora vão neste navio a guia proposto a partir, e são os seguintes.
32 periquitos do Rio Negro pintados de amarelo
3 patos
2 mutuns
1 arara encarnada
1 papagaio[6] de cabeça amarela
1 dito do sertão de testa encarnada"
[1] FERREIRA, ALEXANDRE RODRIGUES (1756-1815): nascido em Salvador, Bahia, em 27 de abril de 1756, doutorou-se no ano de 1779, em Filosofia Natural, pela Universidade de Coimbra reformada por Pombal. Sendo um dos primeiros naturalistas formados em Portugal, tomou parte no projeto das viagens e expedições filosóficas, idealizadas pelo naturalista italiano Domenico Vandelli. Comandou a expedição às capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá. Durante quase dez anos, de 1783 a 1792, a equipe composta ainda por um jardineiro botânico e dois riscadores, recolheu espécies da flora e da fauna brasileiras, classificou-as, acondicionou-as e enviou remessas a Portugal, consoante com os objetivos do Estado português setecentista de empreender um inventário da natureza de seus domínios. Igualmente, informou sobre as condições administrativas, econômicas, urbanas e demográficas dos povoados que percorreu. A expedição produziu farto material textual, ainda na fase de planejamento as Instruções relativas a Viagem Philosophica, que orientava a equipe sobre a realização das tarefas concernentes à viagem. Ferreira escreveu, ainda, memórias zoológicas, botânicas, mineralógicas e histórico-geográficas, diários, relatórios e trocou farta correspondência com as autoridades locais e metropolitanas. Cabia ao naturalista, também, a inspeção dos desenhos a cargo dos riscadores Joaquim José Codina e José Joaquim Freire. Ao retornar a Lisboa, em 1793, o naturalista foi nomeado vice-diretor do Real Gabinete de História Natural e do Jardim Botânico da Ajuda e não deu continuidade aos estudos e sistematização do material recolhido, como pretendia Vandelli, para produção de uma História Natural das Colônias. Durante a ocupação francesa em Lisboa, em 1808, parte do material recolhido pela expedição foi saqueado e levado à França, sendo recuperado anos mais tarde. Alexandre Ferreira faleceu em Lisboa, sem ver sua obra publicada. Somente a partir de meados do século XIX, seus diários de viagem e algumas de suas memórias seriam publicados.
[2] CACAU: fruto do cacaueiro (Theobroma cacao L.), árvore nativa do Brasil e da América Central, encontrada dispersa em florestas tropicais. Na América Central já era usado na alimentação como bebida, no preparo do chocolate, ou de outros alimentos. O primeiro contato dos europeus com o cacau data de 1502, quando Colombo, na quarta viagem à América, encontrou um grande barco nativo transportando, entre outras mercadorias, uma espécie de amêndoas (amêndoas do dinheiro) usadas pelos índios como moeda (“moeda da felicidade”) e com as quais preparavam uma bebida deliciosa. A importância do cacau nas trocas comerciais foi tão grande que se manteve em circulação em muitas regiões americanas até meados do século XIX. Até o século XIX toda a produção de cacau era obtida do continente americano. A exploração do cacau na Amazônia brasileira começou, ainda no século XVII, colhido por índios que desciam o rio Amazonas, coletavam os frutos na mata e os enviavam à metrópole. Essa atividade requeria a autorização da administração colonial, que regulava, por meio de licenças, a quantidade de canoas que poderiam circular, o que limitava a quantidade do produto colhida nos primeiros anos. Entre 1678 e 1681, houve tentativa, por parte da Coroa portuguesa, de introduzir uma variedade de cacau já domesticada na região norte, estimulando a plantação por colonos. Todavia, a empreitada não foi adiante, apesar das vantagens concedidas em isenção de impostos, sobretudo devido à facilidade de se encontrar o cacau nativo disperso na floresta e o baixo custo para obtê-lo. O cacau amazônico tinha grande mercado na Europa e as licenças para o recolhimento do fruto aumentavam expressivamente, chegando a representar quase 90% de todas as exportações da região norte para a metrópole. A Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão deteve o monopólio do comércio e o cacau representou cerca de 80% de seu total de exportações, sendo o principal produto da companhia até sua extinção em 1777. No reinado de d. José I a cultura do cacaueiro se instalou no Brasil, em especial na Bahia, onde a planta encontrou solo e clima bastante adequados para o plantio, sendo até hoje região de notável produção. A partir de meados do XVIII, a produção por livre coleta começou a lentamente declinar. No princípio do século XIX, o cacau ocupava o 6º lugar entre os produtos coloniais mais exportados para a Europa.
[3] CAFÉ: planta de origem etíope da família das rubiáceas, começou a ser utilizada como bebida na Arábia. A expansão do consumo pela Europa deu-se entre os séculos XVII e XVIII, por suas qualidades estimulantes. Consta que sua introdução no Brasil, em 1727, foi feita pelo oficial português Francisco de Melo Palheta, que plantou as primeiras mudas no Pará. Ao longo do século XX, o café tornou-se uma bebida popular e seu consumo e produção se expandiram, principalmente a partir de 1865, quando passou a ser comercializado torrado e empacotado (anteriormente era vendido em grãos). Destacam-se no Brasil duas grandes fases de expansão cafeeira. A primeira, no início do Oitocentos até os anos 1850, teve início nas encostas do morro da Tijuca em plantações caseiras, até a expansão por todo o vale do rio Paraíba do Sul, a leste e oeste, com foco na região da cidade de Vassouras, o maior centro produtor da época. Nestas regiões, o café iniciou seu grande desenvolvimento pela abundância de terras férteis, pelo bom clima e pela mão de obra escrava disponível. Ocupou o lugar das plantações de cana, algodão e alimentos, gerando escassez e carestia dos gêneros de abastecimento, além de ter promovido a derrubada e queimada de grandes extensões da mata atlântica. A segunda fase, que se iniciou a partir de metade do século XIX, após a proibição do tráfico de escravos, foi marcada pela expansão das lavouras para São Paulo, seguindo o vale do Paraíba e avançando pelo oeste paulista, depois de 1870. A grande demanda de mão de obra promoveu um aumento no preço dos cativos e um despovoamento das áreas de produção de açúcar no Nordeste, sobretudo. As lavouras do café no Rio de Janeiro e de São Paulo gerou significativas divisas, e uma nova, poderosa e politicamente forte aristocracia rural, a dos “barões do café”. Embora lucrativo, o plantio do café desgastava muito rapidamente o solo, razão para a constante movimentação nas áreas de cultivo e declínio da produção na região fluminense. Outro problema era a carência do uso de novas técnicas e instrumentos. A adoção de ferramentas como o arado e de máquinas a vapor para o beneficiamento, e mesmo de procedimentos simples como o enfileiramento dos pés, só foram adotados a partir dos anos 1870. Essa era uma das razões para o café brasileiro ser considerado de qualidade inferior, se comparado ao de outros países, o que não impediu, no entanto, que, ao longo do período imperial, o Brasil fosse o responsável por 50% da produção mundial, número que aumentou para 75% nas primeiras décadas da República.
[4]ARROZ: originário do sudeste asiático, já era cultivado no Oriente por volta de 3.000 a.C. Várias outras espécies são conhecidas e utilizadas na alimentação em todos os continentes, sendo a mais importante e hoje a mais vulgar o Oryza sativa L., ou arroz branco, Na carta de Pero Vaz de Caminha havia a menção à existência de tipos de arrozes utilizados pelas populações autóctones e introduzidos na alimentação dos primeiros colonos. Eram tipos silvestres do grão e acredita-se que fossem variações do arroz vermelho, ou Oryza mutica, descrito pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira no século XVIII e encontrado em grande abundância no Pará, embora de qualidade inferior ao o. sativa. O colono Gabriel Soares de Souza narra, em seu livro Notícia do Brasil do século XVI, que, já nesta época, a Bahia produzia o melhor arroz do Brasil, com grãos vindos de Cabo Verde, provavelmente o arroz branco, levado para lá pelos portugueses. No século XVIII, essa variedade de arroz chegou a São Paulo e Maranhão. Mas já havia o cultivo em outras partes da colônia, tendo sido fundado, no Rio de Janeiro, na década de 1750, o primeiro engenho de processamento. Foi durante o período pombalino que sementes das Carolinas na América do Norte foram trazidas para diversas localidades no Brasil. A rizicultura começou a florescer com maior incentivo e a produção a aumentar em quantidade e qualidade, tornando-se tema de memórias apresentadas à Academia Real das Ciências de Lisboa visando o melhoramento do cultivo. A maior parte da produção de arroz no Estado do Brasil era para consumo interno, apenas uma pequena parte destinava-se à metrópole. A Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão foi responsável pela disseminação da cultura do arroz no norte, especialmente no Maranhão, onde chegou a ser o 2º produto mais produzido, atrás somente do algodão, e, diferentemente do que acontecia nas capitanias do sul, o arroz maranhense era exportado em grandes quantidades para Portugal, sendo suficiente para suprir as necessidades de consumo da metrópole. Desde tempos remotos, o arroz fazia parte da alimentação de indígenas e africanos – que conheciam espécies próprias –, e de portugueses e brasileiros, a partir do início da colonização. Atualmente o Brasil aparece, junto com a Índia e a China, entre os principais consumidores e produtores mundiais do grão.
[5] CASTRO, MARTINHO DE MELO E (1716-1795): nascido em Lisboa, foi secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos de 1770 até sua morte. Estudou latinidade, filosofia e teologia na Universidade de Évora, além de direito canônico, em Coimbra, onde se formou bacharel em 1744. Diplomata, iniciou seus trabalhos em 1751, como embaixador em Haia, Holanda, e atuou de forma decisiva na solução de questões conflituosas entre Portugal e Inglaterra, decorrentes da Guerra dos Sete Anos, o que levou à sua nomeação para a Secretaria de Estado. Durante sua gestão como secretário de Estado da Marinha e Domínios Ultramarinos, desempenhou papel central no planejamento e execução das viagens e expedições filosóficas às colônias portuguesas. Melo e Castro foi o principal agente da Coroa envolvido no planejamento das viagens e na interlocução com os naturalistas e administradores locais, com vistas à solução de problemas no decurso das expedições. O secretário foi, ainda, diretor do Real Museu e Jardim Botânico da Ajuda e destinatário das remessas de produtos naturais provenientes das viagens, encaminhados aos museus de História Natural em Lisboa e Coimbra para sistematização, análise e classificação. Demonstrou habilidade na administração pública, muito embora seus escritos apontem que não foi um grande político ou teórico, não reconhecendo o início da crise do sistema colonial durante sua governação. Foi sob sua gestão que ocorreu a Conjuração Mineira (1789), tendo partido de Melo e Castro a ordem para que o governador da capitania de Minas Gerais, Luis Antonio Furtado de Castro, visconde de Barbacena, promovesse a devassa dos envolvidos.
[6] PAPAGAIO (AMAZONA AESTIVA): ave típica da fauna brasileira. No século XVI, devido à grande concentração desta espécie, o território brasileiro foi chamado pelos europeus de “terra dos papagaios”. Sua presença foi logo percebida pelos primeiros portugueses que aportaram em terras do Novo Mundo. A carta de Caminha faz cinco menções a papagaios. Duas delas relatam o arremate dessas aves por membros da comitiva em troca de artigos oferecidos aos índios. A ave de vivas cores verde, vermelha e amarela também chamou a atenção dos primeiros cronistas. O jesuíta Fernão Cardim, em seu livro Tratados da Terra e Gente do Brasil, relata que, além de ter boa carne, os papagaios são formosos e falam o que se lhes ensina. Pero Gândavo registra a docilidade desse animal e a grande estima que os índios lhe dedicavam. Era comum, entre os indígenas, adotar papagaios como xerimbabos (animais de estimação). Nas relações de gêneros organizadas por naturalistas a serem enviados da colônia para a metrópole, atendendo encomendas da Coroa, papagaios, assim como outros psitacídeos, eram itens quase sempre presentes e muito apreciados.
Sugestões de uso em sala de aula:
Utilização(ões) possível(is):
- Ao trabalhar o tema transversal “meio ambiente”
Ao tratar dos seguintes conteúdos:
- Economia colonial
- Brasil colonial: riquezas naturais e seu comércioHorto do Pará
Carta do encarregado do Horto botânico do Pará, capitão Lourenço José Correa, comunicando o recebimento de espécies de plantas e dando informações sobre os progressos dos cultivos que ali estavam sendo realizados. Dessa forma, o documento revela à introdução e cultivo de espécies interessantes para o comércio no período, bem como as técnicas utilizadas na atividade agrícola.
Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a corte, cartas anexos
Notação: Códice 99, volume 21
Datas-limite: 1800
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Data do documento: 20 de junho de 1800
Local: Pará
Folhas: documento 72“Ill.mo e Ex.mo Senhor
Em observância da portaria de V. Ex.a datada em 6 de maio deste ano ponho na respeitável presença de V. Ex.a o seguinte. Que no dia 8 do dito mês e ano, recebi no Horto Botânico[1] vindo de bordo da charrua[2] de sua alteza real[3], denominada Augusta de que é comandante o capitão tenente Manoel da Silva Thomás, um caixão com 8 plantas de Morus Papyrifera, das quais só chegaram quatro vivas, e quatro mortas que logo fiz plantar com todo o cuidado, e se conservam vigorosas, e todas rebentadas de novo, que pelo pouco tempo da sua plantação admira o progresso que tem feito.
Que igualmente fiz fazer a plantação das sementes de pinheiro da variedade escocesa, e das pinhas de cedro do Líbano[4] nas diferentes conjunções da Lua[5], e em diferentes terrenos mas ainda não nasceram.
Pará[6] 20 de Junho de 1800.
capitão Lourenço José Correa de Carvalho como encarregado da inspeção do Horto Botânico.”
[1] JARDIM BOTÂNICO DO PARÁ: criado por carta régia de d. Maria I, em 4 de novembro de 1796, o Jardim Botânico de Belém do Pará foi instalado em terras doadas à fazenda real por Hilário de Souza, junto ao terreno do extinto convento de São José, numa área de 50 braças em quadro, alguns anos mais tarde expandida. Além dos objetivos determinados no documento de criação para estabelecimento de viveiros e educação de plantas, d. Francisco de Souza Coutinho, governador do Grão-Pará (1790-1803), considerou introduzir também o cultivo de plantas indígenas e de mudas de espécies de “árvores de construção”. A concepção do complexo do Jardim Botânico do Pará, incluindo o Jardim das Caneleiras e o assentamento de colonos em torno do jardim, teve inspiração no jardim La Gabrielle (1778), situado em Caiena, na Guiana Francesa, de onde várias espécies foram transplantadas para aclimatação, a exemplo de pés de abricó, frutas pão, abacateiro, cravos da Índia, jacas, jasmins e maracujás. Além das mudas provenientes da colônia francesa, cujo primeiro envio data do final de 1809, atuaram na fundação e primeiros anos do Jardim do Pará Michel du Grenouillier e Jacques Sahut, que vieram de Caiena. Contudo, a consolidação do jardim paraense se deu com a atuação de Marcelino José Cordeiro, que havia sido um dos auxiliares do governador do Rio Negro, Manuel da Gama Lobo d’Almada e administrador da Serraria Real do rio Acará. A importância do Jardim Botânico do Pará pode ser medida pela influência que exerceu na criação de hortos pelo Brasil, principalmente com a vinda da família real. Esse jardim recebeu, entre 1817 e 1820, a visita dos naturalistas Spix e Martius. Entre 1818 e 1821 o jardim botânico foi dirigido pelo médico e naturalista Antônio Corrêa de Lacerda que realizou experimentos agrícolas, renovou a plantação de caneleiras e a produção de canela e iniciou a catalogação e a classificação botânica das espécies cultivadas que deu origem à Flora Paraensis. A partir da década de 1820, teve início um período de degradação do complexo do jardim botânico, acentuado com as batalhas da Cabanagem. De acordo com o pesquisador Nelson Sanjad, esse período “demarca não só a falência do complexo comercial-científico de Belém, como também o fim de uma política de investimentos na cidade que vinha se mantendo desde meados do século XVIII (...)” (Nos Jardins de São José: uma história do Jardim Botânico do Grão Pará, 1796-1873. Dissertação, Unicamp, 2001. p. 153). Em relatório do ano de 1879, o presidente da Província do Pará, José Coelho da Gama e Abreu admite o fim do Jardim Botânico de Belém do Pará face ao seu estado de destruição.
[2] CHARRUA: navio de três mastros e um grande porão, mas de pequena capacidade para armamentos. Em atividade desde a segunda metade do século XVII e em parte do XIX para o transporte de víveres, munição, tropas, foi regularmente empregado no tráfico de africanos escravizados, a exemplo do que se fazia entre Lisboa e a Costa da Mina. Embora exista pouca bibliografia sobre a charrua, estudos desenvolvidos sob os mais variados enfoques, como a história militar portuguesa ou o comércio negreiro, mencionam essa embarcação, indicando seu uso recorrente.
[3] JOÃO VI, D. (1767-1826): segundo filho de d. Maria I e d. Pedro III, se tornou herdeiro da Coroa com a morte do seu irmão primogênito, d. José, em 1788. Em 1785, casou-se com a infanta Dona Carlota Joaquina, filha do herdeiro do trono espanhol, Carlos IV que, na época, tinha apenas dez anos de idade. Tiveram nove filhos, entre eles d. Pedro, futuro imperador do Brasil. Assumiu a regência do Reino em 1792, no impedimento da mãe que foi considerada incapaz. Um dos últimos representantes do absolutismo, d. João VI viveu num período tumultuado. Foi sob o governo do então príncipe regente que Portugal enfrentou sérios problemas com a França de Napoleão Bonaparte, sendo invadido pelos exércitos franceses em 1807. Como decorrência dessa invasão, a família real e a Corte lisboeta partiram para o Brasil em novembro daquele ano, aportando em Salvador em janeiro de 1808. Dentre as medidas tomadas por d. João em relação ao Brasil estão a abertura dos portos às nações amigas; liberação para criação de manufaturas; criação do Banco do Brasil; fundação da Real Biblioteca; criação de escolas e academias e uma série de outros estabelecimentos dedicados ao ensino e à pesquisa, representando um importante fomento para o cenário cultural e social brasileiro. Em 1816, com a morte de d. Maria I, tornou-se d. João VI, rei de Portugal, Brasil e Algarves. Em 1821, retornou com a Corte para Portugal, deixando seu filho d. Pedro como regente.
[4] PINHAS DE CEDRO DO LÍBANO: nome comum de diversas árvores coníferas, cuja madeira é muito empregada na carpintaria. O mais conhecido é o cedro-do-líbano (cedrus libani), dotado de uma “copa poderosa” e de uma longevidade calculada em 2000 anos. Devido a sua resistência é considerado pelos libaneses um símbolo de força, sendo o ícone que ilustra a bandeira do país.
[5] CONJUNÇÕES DA LUA: A expressão refere-se a um hábito milenar de cultivo das plantas seguindo as mudanças da lua, pois acreditava-se que as condições da natureza (de solo, clima, umidade) seriam diferentes em cada fase da lua (nova, crescente, cheia e minguante).
[6] PARÁ, CAPITANIA DO: a etimologia do nome da antiga unidade administrativa decorre do rio Pará, derivado do tupi-guarani pa'ra que significa rio do tamanho do mar ou grande rio devido sua grande extensão. No ano de 1621, a colônia americana portuguesa foi dividida em dois territórios administrativamente separados que respondiam ambos diretamente a Lisboa: o Estado do Brasil, com sede em Salvador, e o Estado do Maranhão, com centro administrativo em São Luís. O Estado do Maranhão e Grão-Pará permaneceu com essa designação até o ano de 1751, quando no reinado de d. José I e do gabinete de Sebastião José de Carvalho e Melo, transfere a capital administrativa de São Luiz para Belém (fundada em 1616) e passa a se chamar Estado do Grão-Pará e Maranhão. O Estado do Grão-Pará e Maranhão era composto pelas capitanias do Pará, Maranhão, Piauí e Rio Negro, mantida essa estrutura até o ano de 1772/1774, quando o governo português resolve dividir o Estado do Grão-Pará e Maranhão em duas unidades administrativas distintas: o Estado do Grão-Pará e Rio Negro (1772/1774 -1850), ficando a capitania do Rio Negro Subordinada ao Pará, e o Estado do Maranhão e Piauí (1772/1774-1811), ficado a capitania do Piauí subordinada ao Maranhão. Ambas, as unidades administrativas criadas ficaram subordinadas diretamente a Lisboa (SANTOS, Fabiano Vilaça dos. O governo das conquistas do norte: trajetórias administrativas no Estado do Grão-Pará e Maranhão (1751-1780). Tese de doutorado em História. USP, 2008). As conquistas do norte eram inicialmente subordinadas ao Estado do Maranhão, que não conseguia defender toda a vasta região amazônica, além de expandir as fronteiras para o oeste. Para tentar efetivar a apropriação do território e conter o alcance da influência dos religiosos nas missões e aldeamentos, a Coroa criou e distribuiu sistematicamente, entre 1615 e 1645, capitanias e sesmarias ao longo do rio Amazonas. As capitanias que compunham o Estado do Maranhão no século XVII eram Pará, Maranhão e Piauí – reais – e Cumá, Caeté, Cametá e Marajó (ou Ilha Grande de Joanes), estas particulares e subordinadas às da Coroa. O regime das capitanias permaneceu em vigor desde 1615 até 1759, quando o marquês de Pombal, primeiro-ministro de d. José I, reformulou o sistema, incorporando todas à Coroa e dando uma nova configuração ao Estado do Grão-Pará e Maranhão. O Grão-Pará representou grande possibilidade de riqueza para colonos e colonizadores, interessados nas drogas do sertão e nas terras indígenas. O setecentos, sobretudo na segunda metade, foi um período profícuo para a região, devido à intensificação do comércio das drogas e ao incentivo às culturas agrícolas, como o cacau, tabaco, café, algodão, entre outros, promovidos pela Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão e resultante da expulsão dos jesuítas, que controlavam o comércio com os índios.
Sugestões de uso em sala de aula:
Utilização(ões) possível(is):
- No eixo temático do ensino fundamental do 3º Ciclo “História das relações sociais da cultura e do trabalho”
- Ao trabalhar o tema transversal “meio ambiente”
Ao tratar dos seguintes conteúdos:
- Economia colonial
- Práticas sociais e do trabalho
- Brasil colonial: riquezas naturais e seu comércioPlantas Nativas
Carta do governador do Pará, d. Francisco de Souza Coutinho, ao ministro e secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos, d. Rodrigo de Souza Coutinho, em resposta à Carta Régia de 04 de novembro de 1796. Por esta carta de lei, o Príncipe Regente d. João determinava “o estabelecimento de viveiros e a educação das plantas” em terreno onde antes funcionava o convento de São José. Além das especiarias mandadas cultivar na Carta Régia, o governador da capitania sugeriu que também fossem cultivadas plantas indígenas. Segue em anexo, um resumo do mapa das plantas e quantidades que estavam sendo cultivadas na região.
Conjunto documental: Correspondência original dos governadores do Pará com a corte, cartas e anexos
Notação: códice 99, vol. 19
Datas-limite: 1798
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo:59
Argumento de pesquisa: História natural
Data do documento: 30 de março de 1798
Local: Pará
Folha(s): 98 a 100Leia esse documento na íntegra
“Ilustríssimo e excelentíssimo senhor
Junto ao edifício, que algum dia foi o convento com a invocação de S. José[1], mandei limpar, e preparar uma extensão de terreno de 50 braça[2] ... para o estabelecimento de viveiros, e da educação de plantas, que sua majestade3 foi servida determinar pela carta régia[3] de 4 de novembro de 1796. A direção deste trabalho incumbi ao francês Grenoullier ... por ter sido em Caiena[4] encarregado d’outros semelhantes .... Poucos meses depois faleceu ele de um ataque de hidropezia[5], deixando porém já disposto o terreno, e algumas plantas das que anteriormente tinham vindo. ... quase todo trabalho correu pelo capitão do regimento da cidade Marcelino José Cordeiro, por quem vai assinada a inclusa relação das plantas já dispostas no sobredito terreno. Por esta relação verá V. Exª que eu me alarguei do que prescreviam as ordens de sua majestade ..., pois se sua majestade quer fazer despesas com a educação de plantas estranhas em viveiros para promover a cultura delas nos seus reais Domínios, por força de maior razão parece conforme às suas Reais Intenções, que a um mesmo tempo se promovam a das indígenas, que não se cultivam ainda, e cujos produtos se vão avulsamente procurar pelos matos. .... Deus guarde a V. Exª. Pará[6] 30 de março de 1798. Ilmo. e Exmo. Snr. d. Rodrigo de Souza Coutinho[7]. De Francisco de Souza Coutinho[8].”
Especiarias[9] Transplantadas de Caiena
Cravo da Índia[10] (Giroffe), Canela da Índia[11], Pimentas do País[12]
Indígenas a domesticar
Cravo da terra chamado do Maranhão, Paziri grosso, Paziri miúdo ou casca preciosa[13]
Outras ÁrvoresTransplantadas de Caiena
Árvores de pão[14], Guina de Suriname, Canas de açúcar[15]
De Frutas
Abricoti de S. Domingos, Jacas, Mangas, Sapotite, Abacates, Cajús, Maracujás, Beringelas
Indígenas a domesticar e promover à cultura
Erva santa, Anil[16], Cacau[17], Café[18], Gengibre[19], Salsa parrilha[20], Baunilha[21]
De Frutas
Tamarindos, Beribáz
De uso em construções
Angelim, Maçaranduba, Merajuba, Sucupira
[1] CONVENTO DE SÃO JOSÉ: construído em Belém do Pará pelos religiosos da Ordem da Conceição da Beira do Minho, em 1706. Após a expulsão dos missionários foi convertido em quartel do Corpo de Artilharia e numa prisão. Em fins do século XVIII, por carta régia de 4 de novembro de 1796, foi determinado o estabelecimento de um viveiro de plantas ao lado do prédio, destinado à aclimatação e a reprodução de espécies vegetais lucrativas para a Coroa. E, em 1798, foi instalado o primeiro Jardim Botânico da América portuguesa, onde seriam cultivadas plantas exóticas e nativas, diversificando a agricultura da região [ver Jardim Botânico do Pará]. Segundo Nelson Rodrigues Sanjad, “além de ser possível dispor da mão de obra dos condenados e da vigilância dos militares sobre as preciosas mudas, havia espaço suficiente para uma futura ampliação do jardim e para o assentamento de colonos no seu entomo.” A área ao entorno do antigo convento foi drenada, aterrada e urbanizada, ficando conhecida como São José, onde foram instalados, além do Jardim Botânico, um Passeio Público, um Jardim de Recreio e o Jardim das Caneleiras, de acordo com os planos de reforma urbana pela qual passaria a cidade de Belém entre 1790 e 1810.
[2] BRAÇA: antiga unidade de medida equivalente a dez palmos, ou seja, 2,2cm. Cada palmo vale 22cm.
[3] CARTA RÉGIA: trata-se de um documento produzido pelo monarca dirigido às autoridades metropolitanas ou coloniais contendo ordens de caráter permanente, com poder de lei. As cartas régias diferem-se dos outros documentos jurídicos pela sua estrutura. Em geral principiam com o nome do destinatário seguido da frase “Eu El Rei vos envio muito saudar”. Quando endereçadas a pessoas de maior graduação, encontramos a designação “amigo” após o nome. Quando dirigidas a indivíduos de alta graduação, costumam apresentar, após o nome do destinatário, o termo amigo seguido do período “Eu El Rei vos envio muito saudar, como aquele que prezo”. A assinatura segue o modelo dos Alvarás: Rei, Rainha ou Príncipe.
[4]CAIENA: capital da Guiana Francesa, situada entre a antiga Guiana Holandesa e o Brasil. As relações entre Caiena e os domínios portugueses remontam ao final do século XVII, principalmente aquelas referentes ao estabelecimento de limites entre possessões francesas e lusas. No século XVIII, as disputas entre França e Portugal sobre o estabelecimento da fronteira foram parcialmente resolvidas com o Tratado de Utrecht (1713-1715), mas a questão persistiu, sendo retomada na década de 1750, no contexto das demarcações do Tratado de Madri. O governador do Estado do Grão-Pará tinha como um de seus principais objetivos resguardar a fronteira com a Guiana, o que fez por meio da construção da vila e fortaleza de São José de Macapá, obra que levou décadas para ser concluída. Em 1809, Caiena foi ocupada pelos portugueses e anexada aos seus domínios. Essa atitude do príncipe regente d. João foi uma resposta à invasão francesa em Portugal dois anos antes. Em 1814, com a derrota de Napoleão Bonaparte, a posse da colônia voltou a ser reivindicada pelo governo francês, agora sob o domínio de Luís XVIII. Como os termos da proposta francesa não foram aceitos por d. João, a questão passou a ser discutida pelo Congresso de Viena no ano seguinte. Nessas conversações, a França concordou em recuar os limites de sua colônia até a divisa proposta pelo governo português. Entretanto, somente em 1817, os portugueses deixaram Caiena com a assinatura de um convênio entre a França e o novo Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve. Por poucos anos, a conquista de Caiena permitiu aos portugueses o aproveitamento, na capitania do Grão-Pará, de certas plantas raras importadas pelos franceses para o jardim botânico organizado sob a denominação de La Gabrielle. Algumas espécies foram levadas para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
[5] HIDROPEZIA: acumulação de soro sangüíneo em alguma cavidade do corpo ou no tecido celular. É algo semelhante a um edema.
[6] PARÁ, CAPITANIA DO: a etimologia do nome da antiga unidade administrativa decorre do rio Pará, derivado do tupi-guarani pa'ra que significa rio do tamanho do mar ou grande rio devido sua grande extensão. No ano de 1621, a colônia americana portuguesa foi dividida em dois territórios administrativamente separados que respondiam ambos diretamente a Lisboa: o Estado do Brasil, com sede em Salvador, e o Estado do Maranhão, com centro administrativo em São Luís. O Estado do Maranhão e Grão-Pará permaneceu com essa designação até o ano de 1751, quando no reinado de d. José I e do gabinete de Sebastião José de Carvalho e Melo, transfere a capital administrativa de São Luiz para Belém (fundada em 1616) e passa a se chamar Estado do Grão-Pará e Maranhão. O Estado do Grão-Pará e Maranhão era composto pelas capitanias do Pará, Maranhão, Piauí e Rio Negro, mantida essa estrutura até o ano de 1772/1774, quando o governo português resolve dividir o Estado do Grão-Pará e Maranhão em duas unidades administrativas distintas: o Estado do Grão-Pará e Rio Negro (1772/1774 -1850), ficando a capitania do Rio Negro Subordinada ao Pará, e o Estado do Maranhão e Piauí (1772/1774-1811), ficado a capitania do Piauí subordinada ao Maranhão. Ambas, as unidades administrativas criadas ficaram subordinadas diretamente a Lisboa (SANTOS, Fabiano Vilaça dos. O governo das conquistas do norte: trajetórias administrativas no Estado do Grão-Pará e Maranhão (1751-1780). Tese de doutorado em História. USP, 2008). As conquistas do norte eram inicialmente subordinadas ao Estado do Maranhão, que não conseguia defender toda a vasta região amazônica, além de expandir as fronteiras para o oeste. Para tentar efetivar a apropriação do território e conter o alcance da influência dos religiosos nas missões e aldeamentos, a Coroa criou e distribuiu sistematicamente, entre 1615 e 1645, capitanias e sesmarias ao longo do rio Amazonas. As capitanias que compunham o Estado do Maranhão no século XVII eram Pará, Maranhão e Piauí – reais – e Cumá, Caeté, Cametá e Marajó (ou Ilha Grande de Joanes), estas particulares e subordinadas às da Coroa. O regime das capitanias permaneceu em vigor desde 1615 até 1759, quando o marquês de Pombal, primeiro-ministro de d. José I, reformulou o sistema, incorporando todas à Coroa e dando uma nova configuração ao Estado do Grão-Pará e Maranhão. O Grão-Pará representou grande possibilidade de riqueza para colonos e colonizadores, interessados nas drogas do sertão e nas terras indígenas. O setecentos, sobretudo na segunda metade, foi um período profícuo para a região, devido à intensificação do comércio das drogas e ao incentivo às culturas agrícolas, como o cacau, tabaco, café, algodão, entre outros, promovidos pela Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão e resultante da expulsão dos jesuítas, que controlavam o comércio com os índios.
[7] COUTINHO, RODRIGO DE SOUZA (1755-1812): afilhado do marquês de Pombal, este estadista português exerceu diversos cargos da administração do Império luso, como o de embaixador em Turim, ministro da Marinha e Domínios Ultramarinos (1796-1801) e presidente do Real Erário (1801-3). Veio para o Brasil em 1808, quando foi nomeado secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, permanecendo no posto até 1812, quando faleceu no Rio de Janeiro. D. Rodrigo foi aluno do Colégio dos Nobres e da Universidade de Coimbra, tendo viajado pela Europa e mantido contato com iluministas como o filósofo e matemático francês Jean Le Rond d’Alembert, um dos organizadores da Encyclopédie. Considerado um homem das Luzes, destacou-se por suas medidas visando a modernização e o desenvolvimento do reino. D. Rodrigo aproximou-se da geração de 1790, vista como antecipadora do processo de Independência, e foi o principal idealizador do império luso-brasileiro, no qual a centralidade caberia ao Brasil. Sob o seu ministério, o Brasil adquiriu novos contornos com a anexação da Guiana Francesa (1809) e da Banda Oriental do Uruguai (1811). Preocupado com o desenvolvimento econômico e cultural, bem como com a defesa do território, Souza Coutinho foi um partidário da influência inglesa no Brasil, patrocinando a assinatura dos chamados “tratados desiguais” de que é exemplo o Tratado de Aliança e Comércio com a Inglaterra [ver Tratados de 1810]. Responsável pela criação da Real Academia Militar (1810), foi ainda inspetor-geral do Gabinete de História Natural e do Jardim Botânico da Ajuda; inspetor da Biblioteca Pública de Lisboa e da Junta Econômica, Administrativa e Literária da Impressão Régia; conselheiro de Estado; Grã-Cruz das Ordens de Avis e da Torre e Espada. Em 1808, o estadista recebeu o título nobiliárquico de conde de Linhares.
[8] COUTINHO, FRANCISCO MAURÍCIO DE SOUZA (1730-1786): irmão de Rodrigo de Sousa Coutinho, ministro e secretário de Estado da Marinha e Domínios Ultramarinos de d. João VI, foi governador da província do Grão-Pará, entre os anos de 1790 e 1803. Foi cavaleiro da Ordem de Malta e almirante da Armada Real. Durante o seu governo, promoveu a urbanização da cidade de Belém, o estabelecimento do Jardim Botânico do Pará, o cultivo de novas culturas agrícolas como o tabaco, cânhamo e arroz, além da introdução de novas técnicas de cultivo.
[9] ESPECIARIAS: palavra proveniente do termo latim especia = substância. Tinha o sentido de substâncias raras e caras, usadas em pequenas quantidades, para fins de perfumaria, remédios e condimentos (principalmente na conservação dos alimentos). A necessidade do uso de especiarias e outros gêneros na alimentação e conservação foi um dos motores das grandes navegações no século XVI, em busca de novos caminhos para o Oriente e de terras onde se pudessem explorar essas riquezas. A noz-moscada, o gengibre, a canela, o cravo-da-índia, a pimenta (líder absoluta da preferência das importações), e, por algum tempo, o açúcar são alguns exemplos de especiarias apreciadas pelos europeus na Idade Moderna. O açúcar deixou de ser considerado uma especiaria com o início de seu consumo em massa, a partir da monocultura de cana-de-açúcar fomentada pelos portugueses. A expressão francesa “caro como pimenta” data desta época, sendo utilizada para caracterizar o alto preço de um algum produto, assim como o valor das especiarias.
[10] CRAVO-DA-ÍNDIA: também chamado cravinho ou apenas cravo, o Syzigium aromaticum (L.) é uma das especiarias de uso mais antigo, principalmente no Oriente. Botão da flor do craveiro, o cravo, depois de seco, é usado para temperar e aromatizar pratos. É também conhecido por suas propriedades medicinais e de perfumaria, como um poderoso antisséptico (era mascado para refrescar o hálito) e usado para melhorar o odor de ambientes. O cravo-da-índia, juntamente com a pimenta, a canela e a noz moscada, era a especiaria mais consumida na Europa no século XV e uma das mais caras. Originária das ilhas Molucas, na Indonésia, já era bastante conhecida e utilizada na China desde os séculos III-II a.C. Durante a Idade Média entrou na rota dos comerciantes árabes que transportavam produtos orientais para a Europa, passando por Constantinopla. A partir do século VIII, o comércio e uso do cravo se intensificaram no Mediterrâneo a preços muito altos. Esse comércio lucrativo acabou também por impulsionar que os europeus, sobretudo os portugueses, se lançassem aos mares em busca de rotas que permitissem buscar o cravo diretamente das “índias” e monopolizar sua venda na Europa. Em 1511, os portugueses chegaram às Molucas e verificaram nas ilhas quantidade de cravo suficiente para abastecer o Reino e ainda vender o que excedesse. Até chegar ao mercado europeu, a mercadoria percorria um longo caminho: era, primeiramente, escoada para Malaca, depois Goa, só então seguindo para o Mediterrâneo. Tal trajeto encarecia o preço da especiaria e logo essa atividade tão lucrativa despertaria o interesse dos holandeses que chegaram às ilhas produtoras no início do XVII e conseguiram expulsar os portugueses, passando a controlar o comércio do cravo. O monopólio da produção restringiu-se ao Oriente e às ilhas até meados do Setecentos, quando o cravo começou a ser plantado com sucesso em regiões da África e das Américas. As primeiras mudas levadas para Caiena datam de 1773, e os registros oficiais apontam que chegaram ao Brasil, na Amazônia, em finais do XVIII. No entanto, a produção em larga escala só foi registrada no Oitocentos. Mapas comerciais e balanços do Estado do Grão-Pará e Maranhão apontam que já havia produção de cravo na região, que figurava entre as drogas do sertão, e que o produto já era exportado para Portugal em fins dos anos 1760.
[11] CANELA DA ÍNDIA: produto proveniente de uma árvore natural do Ceilão, onde se concentrava sua cultura e exploração. A canela (Cinnamomum zeylanicum Breyn) é utilizada em pau ou moída e das folhas extrai-se um óleo essencial utilizado na perfumaria e na fabricação de sabonetes. Foi uma das especiarias mais procuradas na Europa moderna, trazendo grandes lucros para seus comerciantes e passando por sucessivos monopólios do século XVI ao XVIII. Primeiramente, os portugueses ocuparam o Ceilão, estabelecendo um comércio em sistema de exclusivo. Em 1656, os holandeses, com a Companhia das Índias Orientais, e mais tarde, em 1796, os ingleses lucraram com a exploração dessa especiaria. No período colonial, o plantio foi por muito tempo proibido no Brasil, para não concorrer com o Oriente. Chegou a esta colônia pela mão dos padres jesuítas. A canela é empregada na culinária e faz parte da cozinha luso-brasileira. A ela atribuem-se também propriedades medicinais. Algumas espécies brasileiras fornecem madeira de lei.
[12] PIMENTA: nome comum dado aos frutos ou condimentos extraídos de uma gama de plantas que tem sabor geralmente picante. Na Europa medieval, a pimenta, usada como condimento – para realçar o sabor e conservar os alimentos – e para fins medicinais, era um produto raro e caro, vindo do Oriente, e seu comércio era monopolizado por árabes e venezianos. Considerada uma especiaria, a pimenta-do-reino é uma espécie proveniente da Índia e a grande demanda pelo gênero foi fator impulsionador das grandes navegações do século XV. Após a descoberta de uma rota atlântica para o Oriente, em 1498, e a posterior conquista de Calicute, os portugueses alcançaram o controle desse comércio. Quando da chegada dos europeus na América, os índios do continente já cultivavam e empregavam as várias espécies nativas em sua alimentação, que logo seriam levadas para a Europa, ativando o negócio das trocas na primeira metade do século XVI, centrado nas especiarias.
[13] CASCA PRECIOSA: a casca preciosa (Aniba canelilla) é proveniente de uma árvore que chega a alcançar 25 metros de altura, aromática (com cheiro de canela e rosa), possuindo sabor adocicado e cor acinzentada, também conhecida como pau-rosa. Ocorre na Amazônia e possui aplicações medicinais e na perfumaria. Figurou entre as espécies nativas da América conhecidas como drogas do sertão.
[14] ÁRVORE DE PÃO: originária da região Indo Malásia, principalmente das ilhas de Java e Sumatra, a fruta-pão (Artocarpus altilis) é cultivada em muitas regiões do mundo. No Brasil teria sido introduzida por d. Francisco de Souza Coutinho, governador da capitania do Pará. Segundo Batista Benito Gabriel Calzavara, (Fruticultura tropical: a fruta-pão. Belém, EMBRAPA-CPATU, 1987), elas teriam vindo de Caiena em 1801. Nos anos seguintes, d. Rodrigo de Souza Coutinho, ministro da Marinha e Domínios Ultramarinos, recomendaria a sua inclusão no futuro jardim botânico da Bahia, devendo-se notar que a fruta-pão, utilizada por muitas culturas como alimento, foi, no século XVIII, revestida de muitas expectativas pelos europeus, que lhe atribuíram a possibilidade de mitigar a fome dos povos.
[15] CANA-DE-AÇUCAR: Saccharum Officinarum, tipo de gramínea utilizada na fabricação do açúcar e derivados, como melaço e aguardente, é originária da Índia, alcançou a Pérsia e foi levada pelos árabes à costa oriental do Mediterrâneo, sendo introduzida na Sicília e na Península Ibérica. Em 1300, vendia-se em Bruges (Bélgica) o açúcar produzido na Espanha. No século XV, a produção das várzeas irrigadas de Valência e do Algarve (sul de Portugal) era comercializada no sul da Alemanha, nos Países Baixos e na Inglaterra. Portugal já plantava cana na Ilha da Madeira e, dado o alto valor alcançado pelo açúcar nos mercados europeus, ampliou a produção em sua maior colônia, o Brasil, primeiramente nas costas das capitanias de São Vicente e Rio de Janeiro. Logo depois da introdução no sudeste brasileiro, a cultura começou a ser transferida para o nordeste, tendo florescido com maior vigor nas capitanias de Pernambuco e Bahia, onde encontrou clima e solos adequados ao plantio. Outra razão para o sucesso da lavoura canavieira nesta região era sua proximidade com a Europa, que diminuía os custos e os riscos do transporte marítimo do produto, facilitando o escoamento da produção. Cultivada em grandes latifúndios, principalmente com mão de obra escrava, a cultura da cana e do açúcar foi, durante muito tempo, a mais lucrativa da América luso-brasileira, tendo, ao longo do período colonial, perdido o status de principal produto agrícola, mas não a importância para a economia, constituindo o principal modelo da plantation definida por Caio Prado Júnior. Divididas em “partidos”, que equivaliam aos lotes, as terras eram cultivadas por escravos da propriedade ou por trabalhadores livres, que podiam plantar nas terras do engenho ou próprias, utilizando seus instrumentos ou de propriedade do senhor, em um sistema semelhante ao de meiagem. O cultivo da cana no Brasil era bastante rudimentar. A preparação do solo era feita a partir da derrubada da mata e queimadas. Na época das colheitas utilizava-se o fogo novamente na plantação, para diminuir as folhas e facilitar o corte. Um canavial rendia aproximadamente seis boas colheitas, já que o solo se esgotava rapidamente com este método agressivo de plantio. Até hoje a cana-de-açúcar ocupa um espaço importante na economia brasileira. [Ver também Açúcar]
[16] ANIL: as anileiras designam uma grande variedade de espécies, a maior parte delas pertencentes ao gênero botânico Indigofera. Arbusto típico das regiões de clima tropical, de cujas folhas se obtinha uma tintura azul altamente cobiçada pela indústria têxtil até o século XIX, quando foi substituído pelo anil sintético. No Brasil, as primeiras tentativas de cultivo ocorreram entre os séculos XVII e meados do XVIII com pouco sucesso. A intensificação dessa produção se deu a partir da segunda metade do Setecentos, principalmente devido à promoção do cultivo a partir do governo do marquês do Lavradio (1760), no âmbito da política fomentista do marquês de Pombal, quando é promovida a produção do anil na capitania do Rio de Janeiro Além do declínio aurífero e do incentivo à atividade agrícola, a Revolução industrial inglesa gerou um mercado propício à exportação do anil, cujo auge foi alcançado na década de 1790, quando o monopólio real foi relaxado. Devido ao reavivamento promovido pela Inglaterra na indústria indiana e às guerras napoleônicas, o anil produzido no Brasil sofreu forte concorrência e deixou de ser exportado a partir de 1818.
[17] CACAU: fruto do cacaueiro (Theobroma cacao L.), árvore nativa do Brasil e da América Central, encontrada dispersa em florestas tropicais. Na América Central já era usado na alimentação como bebida, no preparo do chocolate, ou de outros alimentos. O primeiro contato dos europeus com o cacau data de 1502, quando Colombo, na quarta viagem à América, encontrou um grande barco nativo transportando, entre outras mercadorias, uma espécie de amêndoas (amêndoas do dinheiro) usadas pelos índios como moeda (“moeda da felicidade”) e com as quais preparavam uma bebida deliciosa. A importância do cacau nas trocas comerciais foi tão grande que se manteve em circulação em muitas regiões americanas até meados do século XIX. Até o século XIX toda a produção de cacau era obtida do continente americano. A exploração do cacau na Amazônia brasileira começou, ainda no século XVII, colhido por índios que desciam o rio Amazonas, coletavam os frutos na mata e os enviavam à metrópole. Essa atividade requeria a autorização da administração colonial, que regulava, por meio de licenças, a quantidade de canoas que poderiam circular, o que limitava a quantidade do produto colhida nos primeiros anos. Entre 1678 e 1681, houve tentativa, por parte da Coroa portuguesa, de introduzir uma variedade de cacau já domesticada na região norte, estimulando a plantação por colonos. Todavia, a empreitada não foi adiante, apesar das vantagens concedidas em isenção de impostos, sobretudo devido à facilidade de se encontrar o cacau nativo disperso na floresta e o baixo custo para obtê-lo. O cacau amazônico tinha grande mercado na Europa e as licenças para o recolhimento do fruto aumentavam expressivamente, chegando a representar quase 90% de todas as exportações da região norte para a metrópole. A Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão deteve o monopólio do comércio e o cacau representou cerca de 80% de seu total de exportações, sendo o principal produto da companhia até sua extinção em 1777. No reinado de d. José I a cultura do cacaueiro se instalou no Brasil, em especial na Bahia, onde a planta encontrou solo e clima bastante adequados para o plantio, sendo até hoje região de notável produção. A partir de meados do XVIII, a produção por livre coleta começou a lentamente declinar. No princípio do século XIX, o cacau ocupava o 6º lugar entre os produtos coloniais mais exportados para a Europa.
[18] CAFÉ: planta de origem etíope da família das rubiáceas, começou a ser utilizada como bebida na Arábia. A expansão do consumo pela Europa deu-se entre os séculos XVII e XVIII, por suas qualidades estimulantes. Consta que sua introdução no Brasil, em 1727, foi feita pelo oficial português Francisco de Melo Palheta, que plantou as primeiras mudas no Pará. Ao longo do século XX, o café tornou-se uma bebida popular e seu consumo e produção se expandiram, principalmente a partir de 1865, quando passou a ser comercializado torrado e empacotado (anteriormente era vendido em grãos). Destacam-se no Brasil duas grandes fases de expansão cafeeira. A primeira, no início do Oitocentos até os anos 1850, teve início nas encostas do morro da Tijuca em plantações caseiras, até a expansão por todo o vale do rio Paraíba do Sul, a leste e oeste, com foco na região da cidade de Vassouras, o maior centro produtor da época. Nestas regiões, o café iniciou seu grande desenvolvimento pela abundância de terras férteis, pelo bom clima e pela mão de obra escrava disponível. Ocupou o lugar das plantações de cana, algodão e alimentos, gerando escassez e carestia dos gêneros de abastecimento, além de ter promovido a derrubada e queimada de grandes extensões da mata atlântica. A segunda fase, que se iniciou a partir de metade do século XIX, após a proibição do tráfico de escravos, foi marcada pela expansão das lavouras para São Paulo, seguindo o vale do Paraíba e avançando pelo oeste paulista, depois de 1870. A grande demanda de mão de obra promoveu um aumento no preço dos cativos e um despovoamento das áreas de produção de açúcar no Nordeste, sobretudo. As lavouras do café no Rio de Janeiro e de São Paulo gerou significativas divisas, e uma nova, poderosa e politicamente forte aristocracia rural, a dos “barões do café”. Embora lucrativo, o plantio do café desgastava muito rapidamente o solo, razão para a constante movimentação nas áreas de cultivo e declínio da produção na região fluminense. Outro problema era a carência do uso de novas técnicas e instrumentos. A adoção de ferramentas como o arado e de máquinas a vapor para o beneficiamento, e mesmo de procedimentos simples como o enfileiramento dos pés, só foram adotados a partir dos anos 1870. Essa era uma das razões para o café brasileiro ser considerado de qualidade inferior, se comparado ao de outros países, o que não impediu, no entanto, que, ao longo do período imperial, o Brasil fosse o responsável por 50% da produção mundial, número que aumentou para 75% nas primeiras décadas da República.
[19] GENGIBRE: Zingiber officinalle, planta herbácea originária da ilha de Java, da Índia e da China, de onde foi distribuída pelas regiões tropicais do mundo. O gengibre foi um condimento bastante valorizado na Época Moderna, dadas as suas propriedades picantes. Foi amplamente utilizado pelos indianos e orientais e, posteriormente, na culinária inglesa, atribuindo-se a ele também propriedades medicinais anti-inflamatórias, hipoglicêmica, antibacteriana entre outras. No Brasil, o gengibre chegou logo após o descobrimento e se adaptou ao solo e clima locais, tanto que naturalistas europeus chegaram a considerá-lo uma planta nativa, pois era comum encontrá-la em estado silvestre.
[20] SALSAPARRILHA: considerada uma especiaria, ou droga do sertão, essa planta (um cipó), originária da América Central e do Sul, era conhecida e apreciada por suas propriedades medicinais e pelo uso como condimento na culinária indígena da Amazônia. No Brasil, várias espécies de salsaparrilha (Smilax Spp.) ocorriam naturalmente em quase todo o território, de norte a sul, e era também chamada de japecanga, pelos índios; raiz da China, pelos portugueses – devido à semelhança com a espécie chinesa – e uma dezena de outros nomes. As folhas e frutos eram usados na alimentação como temperos, mas seu emprego mais popular e importante era como remédio. De propriedades depurativas e diuréticas, extraía-se das raízes um medicamento usado no tratamento contra afecções de pele, reumatismos, febres, mas principalmente contra a sífilis (ou bouba), doença venérea que assolava a população da colônia. Nos séculos XVIII e XIX tornou-se um produto de destaque nas exportações do Estado do Grão-Pará para a metrópole. Sua destacada função medicinal contribuiu para o declínio da salsaparrilha como alimento ao longo do tempo.
[21] BAUNILHA: planta herbácea do gênero Vanilla, é originária do sudeste do México, América central. Derivada das vagens de uma orquídea é considerada um aromatizante e também um conservante. São os cristais brancos desta planta, que se agarram à vagem, que lhe dão o sabor e aroma. As primeiras referências literárias sobre a baunilha estão presentes em relatos sobre os costumes astecas, que já utilizavam a “tlilxochitl” (flor preta) como aromatizante. No entanto, eram os totonacas, ocupantes das regiões costeiras do golfo do México, quem produziam a baunilha e a forneciam aos astecas. Desde muito cedo que a vagem da baunilha, proveniente da América Central, foi comercializada na Europa, como uma especiaria, sendo apreciada por suas qualidades aromáticas. Era produto raro e caro e, durante os séculos XVII e XVIII, o México deteve seu monopólio. Apenas no século XIX, a polinização manual da baunilheira foi realizada com sucesso por Edmond Albius, escravo da ilha da Reunião, colônia francesa no oceano Índico. A partir de tal descoberta, tornou-se possível a venda de mudas e o cultivo da Vanilla fora das Américas. Atualmente, a ilha africana de Madagascar é o maior produtor mundial de baunilha.
Sugestões de uso em sala de aula:
Utilização(ões) possível(is):
- No eixo temático do ensino fundamental do 3º Ciclo “História das relações sociais da cultura e do trabalho”
- Ao trabalhar o tema transversal “meio ambiente”
Ao tratar dos seguintes conteúdos:
- A Sociedade colonial: culturas naturais
- Economia colonial
- Brasil colonial: riquezas naturais e seu comércioCatálogo de Gêneros
Catálogo de gêneros naturais do Brasil, e de outras colônias portuguesas, ainda não comercializados pelo reino. Relaciona gêneros existentes nos três chamados reinos da natureza, indicando plantas medicinais e óleos. O documento avalia a importância destes produtos para o comércio exportador.
Conjunto documental: Secretaria do Estado do Ministério do Reino
Notação: Caixa 731, pct. 02
Datas-limite: 1755-1863
Título do fundo ou coleção: Negócios de Portugal
Código do fundo: 59
Argumento de pesquisa: História natural
Data do documento: s.d.
Local: s.l.
Folhas: documento 27Leia esse documento na íntegra
Catálogo de gêneros do Brasil e demais colônias portuguesas que ainda não estão no ordinário comércio.
Os marcados * são os que não precisam maior que ou nenhuma preparação exterior.
Reino Animal
+ Cochonila[1] – Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais. Climatizada neste real Jardim Botânico[2] defendendo o inseto da chuva e se poderia climatizar no reino de Algarve[3].
Sendo vice-rei do Rio de Janeiro o marquês do Lavradio[4] se descobriu melhor este tão útil inseto, e naquele tempo, e no do senhor Luis de Vasconcellos se introduziram algumas arrobas no comércio.
Reino Vegetal (...)
Para tinturaria (...)
Na coleção de mil amostras de madeiras a maior parte do Brasil, que se conserva neste real museu, além de construção, existem muitas para tinturaria, sem computar o pau-brasil[5] e brazilete[6].
* Casca de arariba que tinge em encarnado
* Gabão - pau que dá tinta encarnada fixa diferente da da Ilha de São Tomé.
* Curujuru – fecula encarnada, ou anil encarnado. Observou no Rio Branco o desembargador Francisco de Sampaio, que os índios o extraem das folhas de uma árvore por meio da fermentação. Pará[7], Rio da Madeira, Branco.
Aromas
* Pimenta[8]- Pará
* Gengibre[9] – Brasil
Óleos, Balsamos, Resinas, Gomas
* Óleo extraído das sementes de algodão[10]
* Óleo extraído das sementes de mamona[11]
* Óleo extraído das sementes do fruto de Dendê[12]
* Goma de caju serve de grude e defende da traça e outros insetos os papéis encadernados com esta
goma e serve para fábricas de xitas.
Reino Mineral
* Argila[13] porcelana – Rio de Janeiro
* Pedra para panelas, e outros utensílios trabalhados ao torno – Minas Gerais
* Salitre, Nitro Nativo em várias partes do Brasil
Aproveitando-se pois do ouro[14], que em abundância há nas terras vedadas diamantinas, e em muitas outras partes do Brasil, que ainda não foram mineradas, nem procuradas as suas betas, ou veios, nem também aqueles dos diamantes no serro do frio, e aproveitando-se da Platina de Minas Gerais[15], Goyases[16], Jacobina[17] e extraindo as ricas minas de ferro, e aquele piriticoso que contém ouro nas Minas Gerais, de cobre, donde se acha a preciosa malaquite18 (que se recolhe em abundância no Reino de Angola[18] de chumbo, bismuto, riquíssima minas de cobalto das Minas Gerais, antimonio, mercúrio. Imensas riquezas somente o Brasil subministrará.
Entre os indicados gêneros huns: (...)
3º As minas de metais precisam de Metalúrgicos alemães práticos para a escavação, fundição e purificação. (...)
2º Para estes gêneros que não necessitam alguma preparação se deveria instruir os colonos, com a obra que publicou dr. José Mariano Velloso[19] chamada fazendeiro do Brasil, da qual saíram cinco tomos, e outras memórias, ou folhetos instrutivos para os lavradores."
[1] COCHONILHA: nome dado aos insetos da família Coccidae, da fêmea é extraído um corante natural, de cor vermelho intenso, utilizada ainda hoje e que foi objeto de muito interesse dos naturalistas e administradores luso-brasileiros. A cochonilha vive em certos gêneros de cactos, chamados de nopal pelos nativos habitantes da região do atual México e o ácido carmínico extraído deste inseto já era usado pelos Astecas e povos da América central, milhares de anos antes da invasão espanhola, para colorir tecidos e outros artesanatos, bem como para cerimônias religiosas. Durante o período de colonização hispânica, a cochonilha foi o segundo produto em valor exportado pelo Vice-Reino da Nova Espanha, superado apenas pela prata. O corante era consumido em larga escala na Europa e seu valor bastante elevado. Em 1780, Frei José Mariano da Conceição Veloso, um dos tomos de O Fazendeiro do Brazil, publicou a tradução do livro Traité de la culture dunopal et de l’éducation de la cochenille, de N. J. Thiéry de Menonville, que tratava da preparação da tão cobiçada tinta vermelha. Frei Veloso propunha, em sua publicação, o desenvolvimento da cultura da cochonilha no Brasil. Destacam-se também, os esforços de d. Rodrigo de Souza Coutinho para enviar Hipólito José da Costa à América do Norte, com instruções de passar pelo México e buscar “conseguir o inseto e a planta da cochonilha e conhecer o método de seu tratamento e preparo e transportá-los para Portugal, procurando iludir a vigilância alfandegária rigorosa dos espanhóis, que proibiam aquela exportação”.
[2] JARDIM BOTÂNICO DO PARÁ: criado por carta régia de d. Maria I, em 4 de novembro de 1796, o Jardim Botânico de Belém do Pará foi instalado em terras doadas à fazenda real por Hilário de Souza, junto ao terreno do extinto convento de São José, numa área de 50 braças em quadro, alguns anos mais tarde expandida. Além dos objetivos determinados no documento de criação para estabelecimento de viveiros e educação de plantas, d. Francisco de Souza Coutinho, governador do Grão-Pará (1790-1803), considerou introduzir também o cultivo de plantas indígenas e de mudas de espécies de “árvores de construção”. A concepção do complexo do Jardim Botânico do Pará, incluindo o Jardim das Caneleiras e o assentamento de colonos em torno do jardim, teve inspiração no jardim La Gabrielle (1778), situado em Caiena, na Guiana Francesa, de onde várias espécies foram transplantadas para aclimatação, a exemplo de pés de abricó, frutas pão, abacateiro, cravos da Índia, jacas, jasmins e maracujás. Além das mudas provenientes da colônia francesa, cujo primeiro envio data do final de 1809, atuaram na fundação e primeiros anos do Jardim do Pará Michel du Grenouillier e Jacques Sahut, que vieram de Caiena. Contudo, a consolidação do jardim paraense se deu com a atuação de Marcelino José Cordeiro, que havia sido um dos auxiliares do governador do Rio Negro, Manuel da Gama Lobo d’Almada e administrador da Serraria Real do rio Acará. A importância do Jardim Botânico do Pará pode ser medida pela influência que exerceu na criação de hortos pelo Brasil, principalmente com a vinda da família real. Esse jardim recebeu, entre 1817 e 1820, a visita dos naturalistas Spix e Martius. Entre 1818 e 1821 o jardim botânico foi dirigido pelo médico e naturalista Antônio Corrêa de Lacerda que realizou experimentos agrícolas, renovou a plantação de caneleiras e a produção de canela e iniciou a catalogação e a classificação botânica das espécies cultivadas que deu origem à Flora Paraensis. A partir da década de 1820, teve início um período de degradação do complexo do jardim botânico, acentuado com as batalhas da Cabanagem. De acordo com o pesquisador Nelson Sanjad, esse período “demarca não só a falência do complexo comercial-científico de Belém, como também o fim de uma política de investimentos na cidade que vinha se mantendo desde meados do século XVIII (...)” (Nos Jardins de São José: uma história do Jardim Botânico do Grão Pará, 1796-1873. Dissertação, Unicamp, 2001. p. 153). Em relatório do ano de 1879, o presidente da Província do Pará, José Coelho da Gama e Abreu admite o fim do Jardim Botânico de Belém do Pará face ao seu estado de destruição.
[3] ALGARVE: província situada ao sul de Portugal. Com o fim do Império Romano, foi invadida por diversos povos bárbaros, como vândalos e suevos, mas primordialmente pelos visigodos. Estes disputaram a região com o Império Bizantino ao longo do século VI, mas foi a partir do VIII que a região esteve sob domínio mouro até 1249, quando foram expulsos por d. Afonso III (1210-1279), dando início ao processo de formação do Estado português. O Tratado de Badajoz, de 1267, estabeleceu definitivamente o pertencimento do Algarve a Portugal, apesar das pretensões do reino de Castela. Entre os séculos XV e XVI, constituiu uma das seis comarcas que dividiam Portugal, até que, após o censo efetuado entre 1527 e 1532, se desse início à criação de novas comarcas por meio da subdivisão das antigas, denominadas a partir de então províncias ou regiões. O Algarve faz parte da história dos Descobrimentos, tendo do porto de Lagos partido as primeiras expedições portuguesas em direção ao Marrocos e à costa oeste africana. Outro elo com a história da expansão marítima europeia estaria no papel desempenhado pela região de Sagres, embora a historiografia contemporânea tenha desfeito o mito da Escola de Sagres, uma aula de navegação criada pelo infante d. Henrique (1394-1460). No final do século XVI, durante a União Ibérica, a região foi atacada por corsários e piratas ingleses, que chegaram a saquear e afundar naus da Carreira da Índia portuguesa. Também nesta época surgiram as ameaças de uma invasão britânica, em decorrência do ataque e da tomada de Cádiz, que obrigaram o Reino a proteger suas fronteiras marítimas, fazendo surgir na região do Algarve fortes e outras construções voltadas para defesa dos portos e cidades, destacando-se Vila Nova de Portimão, Lagos e Tavira. Apesar de referido como Reino Unido a Portugal, essa divisão oficialmente nunca chegou a existir. Provavelmente resultou do fato de a província ter tido uma identidade própria, diferente do restante de Portugal, desde a época da Reconquista devido à variedade de povos que habitaram a região em diferentes momentos.
[4] MASCARENHAS, D. LUÍS DE ALMEIDA PORTUGAL SOARES ALARCÃO D' EÇA E MELO SILVA E (1729-1790) - MARQUÊS DO LAVRADIO: 5º conde de Avintes e 2º marquês do Lavradio era filho do 1.º marquês do mesmo título d. Antônio de Almeida Soares e Portugal e de d. Francisca das Chagas Mascarenhas. Governador da Bahia entre 1768 e 1769, conseguiu neste curto período apaziguar os conflitos entre as autoridades locais e restabelecer a ordem na guarnição de Salvador. Sua forma de governar se pautava pela prudência na utilização dos recursos procurando manter suas contas sob estrito controle. Foi nomeado décimo primeiro vice-rei do Brasil em 1769, e seu governo durou 10 anos. Durante este período, a cidade colonial do Rio de Janeiro, que abrigava a sede do vice-reinado, passou por uma série de melhorias, como o aterro de pântanos e lagoas que prejudicavam a qualidade do ar, calçamento e abertura de ruas na parte central (inclusive a que leva seu nome), além de incentivos à produção local de alguns itens como o café e o vinho. Também foi responsável pela fundação da Academia Científica, em 1772, obedecendo à política pombalina de fomento às atividades científicas, que incluiu a remessa de coleções de História Natural e a criação de um horto botânico na cidade. No entanto, ao longo de seu governo, medidas impopulares, implementadas por ordem direta da metrópole, foram adotadas, como: o cumprimento das leis do Livro da Capa Verde do Distrito Diamantino – regulamentação da exploração de diamantes na colônia, editado por iniciativa do marquês de Pombal – e a extinção da Companhia de Jesus. Foi também durante sua administração que a situação de crescente instabilidade na região do Rio da Prata, com ocasionais conflitos armados entre forças espanholas e lusas, demandou providências para contornar a situação, como iniciativas de povoamento da região sul do Brasil e a construção de fortalezas na região, com o envio de guarnições. Em 1779, dois anos depois do falecimento do rei d. José I, o marquês do Lavradio deixou o governo do Brasil, sendo substituído por Luís de Vasconcelos e Sousa. De volta a Portugal, tornou-se conselheiro da Guerra, presidente do Desembargo do Paço, inspetor-geral das tropas do Alentejo e Algarve, veador da rainha e recebeu a Grã Cruz da Ordem de Cristo. A correspondência trocada por ele com outras autoridades e membros da nobreza em Portugal gerou as Cartas da Bahia (1768 a 1769), e as Cartas do Rio de Janeiro (1769-1770) publicadas pelo Arquivo Nacional. A instituição conserva ainda o fundo privado Marquês do Lavradio em seu acervo.
[5]PAU-BRASIL (CAESALPINIA ECHINATA): madeira de excelentes propriedades como corante e matéria-prima para fabricação de instrumento musicais, estendia-se no litoral brasileiro, desde o Rio de Janeiro até o Rio Grande do Norte. Referido por cronistas como pau de tinta, a exemplo de Gabriel Soares de Souza, o pau-brasil recebeu diferentes denominações. Ibirapitanga, pelos povos tupi, arabuton por Jean de Lery ou verzino por Américo Vespucio, essa espécie foi descrita pela primeira vez em 1648 por Piso e Marcgrav – Historia Naturalis Brasilae. seguida pelas descrições elaboradas por Lamarck (1789) e por Martius (1876). Recentemente, a denominação Caesalpinia echinata de Lamarck foi modificada para Paubrasilia echinata (https://revistapesquisa.fapesp.br/pau-brasil-vira-genero-de-arvore/). Objeto de exploração exclusiva da Coroa portuguesa [estanco], a importância do pau-brasil foi tão expressiva e lucrativa, durante os séculos XVI e XVII, que era corrente o uso da expressão “fazer Brasil” para designar o complexo de operação para a extração da madeira: derrubada, corte, transporte até os portos. Assim, era incumbência da Coroa portuguesa disciplinar a exploração desordenada da madeira e evitar o descaminho uma vez que a saída da madeira, sem controle, causava danos à Fazenda Real e ao comércio. A exploração sem critérios, o corte aleatório da madeira e o comércio ilícito, realizados tanto por corsários quanto pelos súditos da metrópole, deixaram rastros de destruição das florestas, o que levava a uma interiorização dessa exploração na busca das árvores mais afastadas do litoral. Os instrumentos jurídicos que respaldavam a ocupação da terra pelos portugueses – Carta de Doação da capitania de Pernambuco e Foral (1534) e depois, os Regimentos dos governadores-gerais Tomé de Souza (1548), Francisco Giraldes (1588) e Gaspar de Souza (1612) faziam menção à exploração da madeira, mas não expunham uma preocupação efetiva em sistematizar a exploração. De acordo com Maria Isabel de Siqueira, a Coroa luso-espanhola, por intermédio de Filipe III (1598-1621), preocupada com os interesses da Fazenda Real e com os prejuízos decorrentes não só do descaminho do pau-brasil, mas também da má utilização do solo, acarretando baixa nos lucros do reino, elaborou uma legislação específica para o trato da madeira: o Regimento do Pau-brasil de 1605. Tratava-se de um conjunto de ações normativas e coercitivas para viabilizar a exploração colonial, que autorizavam a extração da madeira com a licença por escrito do Provedor-mor da Fazenda de cada uma das capitanias (artigo 1), concedia a licença para explorar a madeira somente às pessoas de qualidade (artigo 2) e exigia o registro das licenças com a declaração da quantidade de árvores a ser cortada (artigo 3). (Considerações sobre a ordem em colônias: as legislações na exploração do pau-brasil. Clio – Revista de Pesquisa Histórica, v. 29, n. 1, 2011. Disponível em https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaclio/article/view/24300)
[6] BRAZILETE: espécie de pau-brasil de que se pode extrair corante vermelho, mas de cor pálida e de textura fina.
[7] PARÁ, CAPITANIA DO: a etimologia do nome da antiga unidade administrativa decorre do rio Pará, derivado do tupi-guarani pa'ra que significa rio do tamanho do mar ou grande rio devido sua grande extensão. No ano de 1621, a colônia americana portuguesa foi dividida em dois territórios administrativamente separados que respondiam ambos diretamente a Lisboa: o Estado do Brasil, com sede em Salvador, e o Estado do Maranhão, com centro administrativo em São Luís. O Estado do Maranhão e Grão-Pará permaneceu com essa designação até o ano de 1751, quando no reinado de d. José I e do gabinete de Sebastião José de Carvalho e Melo, transfere a capital administrativa de São Luiz para Belém (fundada em 1616) e passa a se chamar Estado do Grão-Pará e Maranhão. O Estado do Grão-Pará e Maranhão era composto pelas capitanias do Pará, Maranhão, Piauí e Rio Negro, mantida essa estrutura até o ano de 1772/1774, quando o governo português resolve dividir o Estado do Grão-Pará e Maranhão em duas unidades administrativas distintas: o Estado do Grão-Pará e Rio Negro (1772/1774 -1850), ficando a capitania do Rio Negro Subordinada ao Pará, e o Estado do Maranhão e Piauí (1772/1774-1811), ficado a capitania do Piauí subordinada ao Maranhão. Ambas, as unidades administrativas criadas ficaram subordinadas diretamente a Lisboa (SANTOS, Fabiano Vilaça dos. O governo das conquistas do norte: trajetórias administrativas no Estado do Grão-Pará e Maranhão (1751-1780). Tese de doutorado em História. USP, 2008). As conquistas do norte eram inicialmente subordinadas ao Estado do Maranhão, que não conseguia defender toda a vasta região amazônica, além de expandir as fronteiras para o oeste. Para tentar efetivar a apropriação do território e conter o alcance da influência dos religiosos nas missões e aldeamentos, a Coroa criou e distribuiu sistematicamente, entre 1615 e 1645, capitanias e sesmarias ao longo do rio Amazonas. As capitanias que compunham o Estado do Maranhão no século XVII eram Pará, Maranhão e Piauí – reais – e Cumá, Caeté, Cametá e Marajó (ou Ilha Grande de Joanes), estas particulares e subordinadas às da Coroa. O regime das capitanias permaneceu em vigor desde 1615 até 1759, quando o marquês de Pombal, primeiro-ministro de d. José I, reformulou o sistema, incorporando todas à Coroa e dando uma nova configuração ao Estado do Grão-Pará e Maranhão. O Grão-Pará representou grande possibilidade de riqueza para colonos e colonizadores, interessados nas drogas do sertão e nas terras indígenas. O setecentos, sobretudo na segunda metade, foi um período profícuo para a região, devido à intensificação do comércio das drogas e ao incentivo às culturas agrícolas, como o cacau, tabaco, café, algodão, entre outros, promovidos pela Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão e resultante da expulsão dos jesuítas, que controlavam o comércio com os índios.
[8] PIMENTA: nome comum dado aos frutos ou condimentos extraídos de uma gama de plantas que tem sabor geralmente picante. Na Europa medieval, a pimenta, usada como condimento – para realçar o sabor e conservar os alimentos – e para fins medicinais, era um produto raro e caro, vindo do Oriente, e seu comércio era monopolizado por árabes e venezianos. Considerada uma especiaria, a pimenta-do-reino é uma espécie proveniente da Índia e a grande demanda pelo gênero foi fator impulsionador das grandes navegações do século XV. Após a descoberta de uma rota atlântica para o Oriente, em 1498, e a posterior conquista de Calicute, os portugueses alcançaram o controle desse comércio. Quando da chegada dos europeus na América, os índios do continente já cultivavam e empregavam as várias espécies nativas em sua alimentação, que logo seriam levadas para a Europa, ativando o negócio das trocas na primeira metade do século XVI, centrado nas especiarias.
[9] GENGIBRE: Zingiber officinalle, planta herbácea originária da ilha de Java, da Índia e da China, de onde foi distribuída pelas regiões tropicais do mundo. O gengibre foi um condimento bastante valorizado na Época Moderna, dadas as suas propriedades picantes. Foi amplamente utilizado pelos indianos e orientais e, posteriormente, na culinária inglesa, atribuindo-se a ele também propriedades medicinais anti-inflamatórias, hipoglicêmica, antibacteriana entre outras. No Brasil, o gengibre chegou logo após o descobrimento e se adaptou ao solo e clima locais, tanto que naturalistas europeus chegaram a considerá-lo uma planta nativa, pois era comum encontrá-la em estado silvestre.
[10] ALGODÃO: diversas espécies nativas de algodão podiam ser encontradas no Brasil desde os primeiros anos de colonização. A chegada das primeiras técnicas de fiação e tecelagem com a fibra algodoeira, no entanto, datam do século XVII, quando as roupas de algodão passaram a ser utilizadas para a vestimenta dos escravos nos meses mais quentes. A partir da segunda metade do século XVIII, a crescente demanda pelo consumo de algodão pelo Império britânico forçou a expansão do cultivo e a fabricação de fios no Brasil. Esse processo provocou uma segunda onda de interiorização da produção mercantil para exportação, isso porque o plantio do algodão é mais propício em clima seco, com chuvas regulares, ou seja, em áreas afastadas do litoral. Foi no Maranhão, através dos incentivos criados pela Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, que a produção algodoeira obteve crescimento mais intenso e longevo, perdurando até meados do século XIX. No Estado do Grão-Pará e Maranhão, serviu ainda ao pagamento dos funcionários régios e às transações comerciais (na forma de novelos ou de peças de pano) até 1749, quando foi introduzida a moeda metálica naquela região. No Oitocentos, apesar da onda de produção crescente, o baixo preço e a qualidade superior do algodão norte-americano terminaram por suplantar o produto brasileiro nos mercados internacionais.
[11] MAMONA: gênero de planta da família das euforbiáceas, com o qual se fabrica um óleo purgativo, vulgarmente conhecido como óleo de rícino. Originária da África, a mamona foi trazida pelos portugueses com a finalidade de usar seu óleo para iluminação e lubrificação dos eixos das carroças e mancais dos engenhos de cana-de-açúcar. O clima tropical facilitou o seu alastramento, podendo, atualmente, ser encontrada em quase toda extensão territorial, como se fosse uma planta nativa.
[12] DENDÊ: fruto extraído do dendezeiro (Elaeis guineenses), palmeira originária da parte ocidental e central da África, também conhecida como palma-de-guiné, que pode atingir até 15 metros de altura. Dendê é oriundo do termo quimbundo ndénde, que significa palmeira. Sua introdução no continente americano data do século XVI, coincidindo com o início do tráfico de escravos africanos para o Brasil. Esse fruto, de cor alaranjada e que cresce em cachos dá origem ao azeite de dendê (azeite de palma), foi amplamente comercializado para fins culinários e religiosos. O alvará régio de 10 de setembro de 1813 isenta de pagamento de taxas alfandegárias o sabão e o azeite de palma vindos do arquipélago de São Tomé e Príncipe “para que dali possam livremente ser exportadas para qualquer parte que fôr, e quando importadas em alguma parte dos meus Estados, não tendo de satisfazer ônus ou encargo algum á sua entrada”. Além do óleo, extraído do fruto, as fibras são utilizadas para abastecimento de fornos e fogões e para o artesanato. Sua madeira é empregada na construção de casas e suas folhas em substituição às telhas, em locais mais rústicos. O dendezeiro está ligado ao culto de Ogum, sendo a árvore totêmica deste orixá. Seu emprego na indústria alimentícia é importante, principalmente na fabricação de pães, bolos, tortas, biscoitos, cremes etc. O maior uso de óleo de dendê é como matéria-prima na fabricação de sabões, sabonete, sabão em pó, detergentes e amaciantes de roupa, podendo, ainda, ser utilizado como combustível em motores a diesel. O Brasil dispõe atualmente de vastas áreas de dendezeiros, com destaque para os estados do Pará, Bahia e Amapá, principais produtores de dendê no país.
[13] ARGILA: substância formada, principalmente, de sílica, alumina e água, fácil de modelar. Foi muito empregada na feitura de potes e outros utensílios doméstico, como também na construção de casas, a partir de tijolos e telhas desse material.
[14] OURO: por ser um mineral ao mesmo tempo maleável e de incrível resistência às alterações químicas causadas por outros elementos, há milênios é utilizado na fabricação de ornamentos e na cunhagem de moedas. É frequente que seja trabalhado sob forma de liga com outros metais, que lhe dão mais rigidez. É encontrado geralmente em rios, em forma de pepitas ou incrustado em outros depósitos minerais. Durante muito tempo um dos atributos do ouro foi o lastro de moedas correntes ou, de modo geral, seu uso como padrão de valor. O ouro no Brasil foi descoberto na região que corresponde atualmente a Minas Gerais, em fins do século XVII, por bandeirantes [bandeiras] de São Paulo, após décadas de buscas infrutíferas por diversas expedições. Responsável pela prosperidade da região, embora tenha que se considerar o papel desempenhado pelas atividades de pecuária e agricultura na capitania de Minas Gerais, teve um lugar preponderante na economia da metrópole e de sua maior credora, a Inglaterra. As cargas de ouro, segundo alguns historiadores, são um importante vetor de avaliação da economia portuguesa e das políticas adotadas, como de incentivo às manufaturas nacionais em momentos de crise, por exemplo. Durante o período em que sua extração se manteve no auge, a corrida ao ouro originou tal afluxo de imigrantes (do Reino e de outras partes da colônia), que uma lei foi decretada para tentar conter a evasão da população de Portugal. Atraindo indivíduos de todos os tipos e “cabedais”, a atividade mineradora desencadeou o desenvolvimento de uma sociedade diferente da predominante nas regiões de plantio extensivo: mais urbana e, a princípio, com maior diversidade social. Com um crescimento da produção entre 1730 e 1759, verificam-se nesse processo diferenças importantes entre as regiões: Minas Gerais inicia seu declínio na década de quarenta, quando Goiás e Mato Grosso adquirem visibilidade (COSTA, Leonor Freire et al. O ouro do Brasil: transporte e fiscalidade (1720-1764). Anais do V Congresso Brasileiro de História Econômica e 6ª Conferência Internacional de História de Empresas, 2003. https://ideas.repec.org/p/abp/he2003/083.html). Em consequência, cidades da região que haviam florescido no período, em especial Vila Rica (Ouro Preto), conheceriam a decadência no final do Setecentos. O ouro, principal meio de troca e a principal reserva de valor da capitania, deixou de circular livremente como moeda em 1807 e, como assinala Ângelo Carrara, um alvará de 1.° de setembro de 1808 proibiu sua circulação, com posterior regulamentação em 12 de outubro do mesmo ano que obrigou a confecção de bilhetes impressos para o troco do ouro em pó nas casas de permuta (A capitania de Minas Gerais (1674-1835): modelo de interpretação de uma sociedade agrária. História Econômica & História de Empresas. v.3 n. 2 (2000). http://www.abphe.org.br/revista/index.php/rabphe/article/view/138)
[15] MINAS GERAIS, CAPITANIA DE: nascida a partir do desmembramento da capitania de São Paulo e Minas do Ouro, ocorrido em 1720, Minas Gerais foi o foco da exploração de ouro e pedras preciosas – inclusive diamantes – ao longo do século XVIII. O início da exploração do ouro em fins do século XVII faria com que a metrópole implementasse reformas administrativas e legislativas com o intuito de estabelecer um maior controle sobre o território e sobre a exploração das suas riquezas, processo acentuado com a descoberta de diamantes na década de 1720. Em 1709, a crise causada pelo confronto entre os primeiros exploradores da região das minas e os “aventureiros” que chegaram posteriormente resultou no conflito conhecido por Guerra dos Emboabas e foi uma das causas para a criação da capitania de São Paulo e Minas do Ouro. Em 1720, a revolta de Felipe dos Santos (ou de Vila Rica), que questionava a forma de tributação sobre o ouro e a intensificação do controle da coroa sobre as atividades locais sob a forma da criação das casas de fundição oficiais contribuiu para novo desmembramento, e a criação da capitania de Minas Gerais. O levante de 1720 não seria o último a opor a coroa aos colonos em torno da exploração e taxação das riquezas da região; em 1789 – no período de decadência da exploração colonial do ouro, diametralmente oposto ao do movimento de Felipe dos Santos – ocorreu a Conjuração Mineira, já sob a influência das ideias liberais e da revolução americana. Tornada polo dinamizador da economia colonial, a capitania das Minas (agora, Gerais, e não apenas do ouro) desenvolve, na sua rede de povoados, vilas e cidades uma sociedade mais urbana e dinâmica do que a que caracterizava a economia agrícola, cuja exclusividade marcou os primeiros dois séculos da colonização. À medida que ouro e diamantes jorravam, as cidades se desenvolviam e sofisticavam, a sociedade se diversificava, assim como as atividades econômicas, a despeito da repressão da metrópole que não via com bons olhos a produção local de bens necessários ao dia a dia dos colonos e à própria atividade mineradora. Neste painel variado, a massa de escravos e o pequeno grupo de senhores – molas mestras da produção de riquezas – dividiam espaço com artistas, intelectuais, comerciantes de víveres, e um sem número de “sem destinos”, indivíduos que vagavam à margem da sociedade e da riqueza da qual se apossavam poucos privilegiados. De forma não muito diferente do que ocorre nos dias de hoje, em regiões em que uma fonte potencial de riqueza é subitamente descoberta e explorada, os lucros e benefícios da nova atividade tendem a se concentrar de forma intensa, deixando à margem uma quase horda de excluídos, muitos deles vivendo a vã esperança de partilhar as sobras possíveis. Não é à toa que a paisagem arquitetônica desenvolvida ao longo do século XVIII impressiona até os dias de hoje, e lançou para a história nomes como Manuel Francisco Lisboa, que planejou a igreja do Carmo, em Ouro Preto (antiga Vila Rica). Artistas locais, como Aleijadinho e Mestre Ataíde, desenvolveram uma versão nativa de barroco/ rococó e beneficiavam-se do grande afluxo de riquezas. Patrocinadas pelas irmandades e ordens terceiras – organizações religiosas de indivíduos sem vínculo com a Igreja, mas que se dedicam a um culto específico –, que tiveram um papel crucial na vida social da região das minas, as opulentas igrejas se multiplicaram, exibindo o esplendor de uma era que chegaria ao fim com o século XVIII. Após a década de 1760 percebe-se que a comarca do Rio das Mortes passou a apresentar um crescimento demográfico substancial, em oposição à comarca de Vila Rica, que começava a perder população. Isso se deveu ao declínio da produção de ouro – estreitamente relacionada à Vila Rica – e a diversificação e florescimento da agricultura, da pecuária e até mesmo, em certa medida, da nascente produção manufatureira em Rio das Mortes. Esta transformação marca o início da queda da produção de ouro na região e indica a diversificação de atividades para além da mineração.
[16] GOIÁS, CAPITANIA DE: região localizada no centro-oeste brasileiro, já era conhecida pelos portugueses desde o século XVI. No entanto, seu processo de colonização iniciou-se apenas no final do século XVII, a partir das descobertas de minas de ouro por bandeirantes paulistas – com destaque para Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, considerado o descobridor de Goiás. Entre 1590 e 1670, diversas bandeiras percorreram a região, vindas de São Paulo e, a partir de 1653, outras partiram de Belém pelo Amazonas e alcançaram a região dos rios Tocantins e Araguaia. Além de bandeirantes em busca de ouro e escravos, também jesuítas chegaram para catequizar, principalmente, os povos indígenas. Assim, em 1727 é fundado o arraial de Santana, que viria a se transformar na vila Boa de Goiás, próximo da fronteira com o atual estado do Mato Grosso. A exploração do cobiçado mineral na região ampliou as fronteiras ocupadas da América portuguesa, inicialmente com a chegada dos colonos de São Vicente, tradicionalmente berço de desbravadores e caçadores de riquezas, aos quais logo se seguiram reinóis e aventureiros de diversas capitanias. Índios chamados Goyazes habitavam a Serra Dourada e deram origem ao nome da capitania. Aparentemente, haviam migrado da região amazônica em tempos não muito remotos e juntaram-se a outros grupos em resistência às seguidas tentativas de extermínio e escravização pelos brancos que chegavam atrás do ouro. As “minas dos Goyazes” estiveram inicialmente subjugadas à jurisdição da capitania de São Paulo. No entanto, sua criação data de 9 de maio de 1748, quando a capitania de São Paulo foi desmembrada dando origem a três capitanias distintas: São Paulo, Mato Grosso e Goiás. Foi o segundo maior produtor de ouro durante o período colonial, depois de Minas Gerais. Mas observa-se também a existência de uma economia de subsistência para alimentar os mineiros e escravos que trabalhavam nas minas. Com o declínio da mineração, em fins do século XVIII, os goianos passariam a se dedicar a atividades agropastoris, exportando gado e seus subprodutos, além de algodão e açúcar, para as capitanias vizinhas do Norte e Nordeste.
[17] JACOBINA: localizadas no nordeste baiano, no chamado Polígono das Secas, as terras que vieram a formar o território de Jacobina foram doadas em sistema de sesmarias àqueles próximos aos administradores coloniais em Salvador, a exemplo dos donatários do Morgado dos Garcia D’Ávila (Casa da Torre) e Guedes de Brito (Casa da Ponte). A região foi intensamente explorada em função das minas de ouro, prata, pedras preciosas e salitre descobertas por bandeirantes paulistas e portugueses no século XVII, como Belchior Dias Moréya – o “Muribeca”, neto de Caramuru. Também de grande importância econômica foi a atividade da pecuária e, em paralelo, a cultura de subsistência, na medida em que crescentes levas de garimpeiros se dirigiam para a região. O distrito de Jacobina foi criado em 1677 e sua elevação à vila com o nome de Santo Antonio de Jacobina, em 1722. A vila, com uma extensão de 300 léguas, teve como sede, inicialmente, um aldeamento de índios de padres franciscanos, missão Nossa Senhora das Neves do Sahy. Dois anos depois, um outro aldeamento, missão Bom Jesus da Glória, passou a ser a sede da vila. Para controle da exploração aurífera crescente, a Coroa, por meio de provisão do Conselho Ultramarino de 13 de maio de 1726, determinou a criação de uma casa de fundição que resultou, em apenas dois anos, a arrecadação de cerca de 3.841 libras de ouro.
[18] ANGOLA: Localiza-se na região sudoeste da África. Como colônia portuguesa tem seu início em 1575, a partir do contrato de conquista e de colonização recebido da Coroa pelo explorador Paulo Dias de Novaes, face ao sucesso obtido na corte do Ndongo, conforme J. Vansina no capítulo “O reino do Congo e seus vizinhos” (História Geral da África, vol. V, Unesco, 2010). A colônia viria a se chamar Angola, nome atribuído pelos portugueses, inspirado no título ngola dado ao rei do Ndongo, região constituída mais pela submissão de grupos a uma autoridade maior, por alianças ou guerra, do que por uma delimitação territorial como explica Marina de Mello e Souza (Além do visível: poder, catolicismo e comércio no Congo e em Angola. São Paulo: Edusp, 2018). No ano seguinte é criada a vila de São Paulo de Luanda, da qual Dias de Novaes foi o primeiro governador e capitão geral, conforme o modelo implantado no Brasil, instalando-se com famílias de colonos e soldados portugueses. As pressões metropolitanas para se impor na região e as suspeitas surgidas entre os líderes locais de que os portugueses vinham para ficar levaram à eclosão de uma guerra iniciada em 1579 que durou até 1671. Entre 1641 e 1648, Angola esteve sob domínio holandês, em um movimento que não pode ser dissociado da ocupação da região nordeste da América portuguesa. Se desde o início de sua presença, os portugueses dedicaram-se ao comércio de escravos, primeiro para São Tomé e depois para o Brasil, esse negócio tornar-se-ia a principal atividade econômica da região, fazendo de Angola a grande exportadora de mão de obra compulsória para a América. Segundo a base de dados americana Atlantic Slave Trade, calcula-se que tenham saído de Angola, entre 1501 e 1866, quase 5,7 milhões de escravos. Criaram-se relações bilaterais entre Brasil e Angola, onde o primeiro produzia matérias-primas e alimentos – quer para a agro exportação, quer para o mercado interno, e Angola forneceria a força de trabalho cativo. Este eixo é, para parte da historiografia, constitutivo do sistema atlântico luso e sustenta a concepção de uma monarquia pluricontinental, na qual Angola, destacando-se a cidade de Luanda, já no século XVII era um dos seus polos. A independência de Angola só foi declarada em 1975, marcando também o fim do colonialismo português.
[19] VELOSO, JOSÉ MARIANO DA CONCEIÇÃO (1742-1811): frade franciscano e naturalista brasileiro, nasceu em 1741, na vila de São José da comarca do Rio das Mortes, distrito de Mariana, Minas Gerais. Entrou para o convento franciscano de São Boaventura, na antiga Vila de Santo Antônio de Sá, aos 19 anos de idade. Estudou filosofia e teologia no convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro, onde se tornou frei. Lecionou geometria no convento de São Francisco de São Paulo (que depois tornou-se Faculdade de Direito), além de retórica e história natural, disciplina pela qual nutriu crescente interesse. Atuou, também, como pregador de alta nomeação e catequista de índios do Arary, os antigos Tamoios. Embora não tenha cursado a Universidade de Coimbra, tornou-se um dos mais destacados botânicos e naturalistas luso-brasileiros. Contando com o apoio do vice-rei Luís de Vasconcelos e Sousa, realizou inúmeras viagens filosóficas e científicas, coletando espécies para o Real Museu de História Natural da Ajuda (Portugal) e para seus estudos particulares. Membro da Academia Real das Ciências de Lisboa foi autor do importante trabalho Florae Fluminensis, fruto de oito anos de expedição pela capitania do Rio de Janeiro (1783-1790), no qual classificou numerosas espécies vegetais cujas definições científicas foram escritas pelo frei Anastácio de Santa Inês, e a maioria dos desenhos de autoria do Frei Francisco Solano. Em 1790, encerrados os trabalhos da Flora, Velloso vai a Lisboa acompanhar a impressão da obra e torna-se diretor e editor da Tipografia do Arco do Cego. Ativa entre 1799 e 1801, em Lisboa, a tipografia, além de ter publicado um número expressivo de livros, funcionou como uma oficina para o aprendizado das artes tipográficas e da gravura. O uso intensivo e didático de imagens era uma das marcas da editora. Com sua extinção em 1801, a Imprensa Régia herda suas funções, equipamentos e acervo bibliográfico e Frei Mariano é nomeado membro da Junta Administrativa, Econômica e Literária, encarregada da gerência da tipografia régia. Nesse período à frente da tipografia, coordenou, compilou e traduziu diversas obras, com destaque para as especializadas na modernização da produção agrícola, visando uma reforma científica dos campos. Publicou também diversos tratados, compêndios, memórias e livros relacionados à história natural, cultura de gêneros e especiarias, doutrina cristã, agricultura, zoologia, farmacologia, mineração e aplicações econômicas dos produtos naturais, além de um dicionário de português e línguas indígenas destinado à catequese dos índios. Em 1808, retornou ao Rio de Janeiro junto da comitiva da família real, vindo a falecer no Convento de Santo Antônio em 13 de junho de 1811. Curiosamente, a Florae fluminenses, sua maior obra, só seria publicada após sua morte (parte das descrições em latim foi editada em 1825 na Tipografia Nacional; as ilustrações começaram a chegar ao Rio de Janeiro em 1827 e o último volume em 1831, a impressão do texto completo ocorreu apenas em 1881). Em 1961 o Arquivo Nacional lançou em sua série Publicações Históricas, o título “Flora Fluminensis de frei José Mariano da Conceição Velloso – Documentos”, reeditado em 2018 em conjunto com a Eduff.
Sugestões de uso em sala de aula:
Utilização(ões) possível(is):
- No eixo temático do ensino fundamental do 3º Ciclo “História das relações sociais da cultura e do trabalho”
- Ao trabalhar o tema transversal “meio ambiente”Ao tratar dos seguintes conteúdos:
- A sociedade colonial: culturas naturais
- Economia colonial
- Brasil colonial: riquezas naturais
- Negócios ultramarinos -
CALAFATE, P. A idéia de natureza no século XVIII em Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1994.
CARVALHO, R. A história natural em Portugal no século XVIII. Lisboa: Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1987
DEAN, W. A ferro e fogo: a história e a devastação da mata atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
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DOMINGUES, Â. As remessas das expedições científicas no norte brasileiro na segunda metade do século XVIII. In: Brasil, nas vésperas do mundo moderno. Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.
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MUNTEAL FILHO, O. Política e natureza no reformismo ilustrado de d. Rodrigo de Souza Coutinho. In: PRADO, Maria Emília (org.). O Estado como vocação: idéias e práticas políticas no Brasil oitocentista. Rio de Janeiro, Access, 1999.
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