Surgidas na Índia e Indonésia, séculos antes da era comum, as estampas foram empregadas também pelos egípcios, que fizeram uso da técnica de estampagem com blocos de madeira. Para obtenção dos primeiros tecidos estampados os fenícios recorreram aos blocos de madeira com gravações combinados à tecelagem em fios de diferentes cores. O stencil em estamparias variadas e os bordados em cores fizeram parte da produção fenícia, enquanto a serigrafia sobre linho, encontrada em tumbas egípcias de oito mil anos, tornou-se uma especialidade na Índia (YAMANE, Laura Ayako. Estamparia têxtil. Dissertação de mestrado. ECA/USP, 2008. Disponível em https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27159/tde-20052009-132356/publico/5281852.pdf ). Conforme Laura Yamane, as mais antigas estampas europeias datam de 543, mas é a partir do ano 1000 que a cidade de Veneza se tornou um porto de propagação de mercadorias entre Oriente e Ocidente, criando o gosto pelos tecidos estampados, com nítida influência oriental nos tecidos e na padronagem. No século XVIII o Novo Mundo é a influência predominante nas padronagens e a importação dos tecidos orientais é corrente. Em Portugal, face às leis suntuárias, as políticas mercantilistas e os interesses locais, chegou-se a proibir o fabrico e o uso de panos de algodão estampados, que acabaram não surtindo efeito. No século XVIII a indústria de estamparia foi um setor em crescente importância, liderando o início da industrialização e o comércio internacional, instalando-se nas grandes capitais europeias. Em Portugal, a despeito do interesse que suscitavam e do conhecimento que havia sobre o produto - "tão importante no comércio oriental e no resgate de escravos" não houve uma corrida a esse gênero de tecidos, como afirma Jorge Miguel Pedreira (Indústria e negócio; a estamparia da região de Lisboa, 1780-1880 Análise Social, vol. xxvi (112-113), 1991 (3.°-4.°), 537-559. https://www.jstor.org/stable/41010872?read-now=1#page_scan_tab_contents ). Assim, a estamparia de algodão em Portugal, surgiu, de fato, em 1755 e, sem qualquer avanço na sua mecanização até o final do XVIII, ou seja, da implantação de uma divisão do trabalho em suas diversas especialidades. Eram muitas as dificuldades na manutenção das fábricas e poucas seguiriam a imposição de possuir teares, continuando a depender dos tecidos de Bengala. Ainda assim a indústria de estamparia foi protegida da concorrência pela interdição às importações e pela proibição do estabelecimento de manufaturas no Brasil. Já ao final do reinado de d. José I, em 1777, as chitas estampadas eram exportadas para o Brasil, produzidas a partir das fazendas brancas que vinham da Ásia. Quanto à produção têxtil colonial, há um debate historiográfico sobre o alcance das medidas restritivas às manufaturas na América portuguesa, com o alvará de 1785. O sufocamento do desenvolvimento da colônia tem sido revisto, considerando-se que a execução do Alvará resultou no confisco de treze teares, concluindo-se como escreveu Douglas Cole Libby, que a produção local era marginal e que a legislação supervalorizava sua competência. Mas, ainda para esse mesmo autor, deve-se questionar as dimensões dessa indústria de âmbito doméstico, que acabaria por representar uma proto-indústria sobretudo em Minas Gerais. (LIBBY, Douglas Cole. Notas sobre a produção têxtil brasileira no final do século XVIII: novas evidências de Minas Gerais. Estudos Econômicos, São Paulo, V.27, N.1, P. 97-125, Janeiro-Abril 1997). Exemplar para o comércio do pano de algodão estampado é a chita, conhecida como "pano do povo" e que para alguns autores teria conhecido a clandestinidade: o seu uso, também na capitania de Minas Gerais, tornou-se um "ato de protesto e rebeldia contra as arbitrariedades da metrópole" (MELLÃO, Renata; IMBROISI, Renato. Que Chita Bacana. São Paulo: A Casa, 2005. Apud ROCHA, Maria Diaz e QUEIROZ, Mônica. O significado da cor na estampa do tecido popular: a chita como estudo de caso. Anais do Colóquio de Moda, 2010. Disponível em https://www.coloquiomoda.com.br/anais/Coloquio%20de%20Moda%20-%202010). Com a presença da Corte no Brasil e a criação da Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação uma série de manufaturas têxteis, muitas originárias da Metrópole, solicitam sua instalação em diversas capitanias e na nova sede do Império, à exemplo das fabricas de estamparia do Andaraí e do Catete.